
Renato Cruz
O chip chinês
30/12/2009 | 16h44
Por Renato Cruz

Christopher Mims escreve na Wired (em inglês) sobre a linha de processadores desenvolvida na China, chamada Loongson (foto), para concorrer com a Intel e a AMD. É interessante comparar o projeto chinês, que deu origem a chips que já estão no mercado, com o brasileiro de atrair uma fábrica de semicondutores.
O Brasil já teve sete fábricas de semicondutores, instaladas por aqui na década de 1970 pelas multinacionais Philips, Motorola, Siemens, NEC, Fairchild, Texas Instruments e National Semiconductors. Todas elas deixaram o País, por causa das restrições impostas pela reserva de mercado de informática. Em 2009, o Brasil importou cerca de US$ 3,2 bilhões em semicondutores, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
O governo brasileiro tentou atrair uma fábrica de semicondutores na época da decisão sobre o sistema de TV digital a ser implantado aqui, sem sucesso. Ao contrário do que chegou a ser anunciado, os japoneses, donos do padrão, nunca se comprometeram a instalar uma fábrica no Brasil.
Enquanto o Brasil tenta atrair uma fábrica sem sucesso, os chineses decidiram desenvolver seus próprios chips. O projeto Loongson começou em 2001, no Instituto de Tecnologia Computacional de Pequim, com o objetivo, segundo Mims, de criar “um chip que fosse suficientemente versátil para equipar qualquer coisa, de um robô industrial a um supercomputador”. O primeiro PC com o processador, chamado Fuloong, foi lançado em 2006.
O texto publicado pela Wired cita o tamanho do mercado chinês de PCs, que somou 39,6 milhões de unidades em 2008, como uma das justificativas para o projeto. No mesmo ano, foram vendidos 12 milhões de computadores no Brasil. Por não serem compatíveis com a plataforma Intel, as máquinas com o Loongson rodam software livre, como o sistema operacional Linux.
Foto: Konstantin Lanzet/Creative Commons