Nem faz tanto tempo assim. O primeiro computador pessoal, chamado Altair 8800, chegou ao mercado americano, na forma de um kit para montar, em 1975. Aquela máquina de US$ 400, pouco mais que um brinquedo na mão de aficionados por eletrônica, detonou uma revolução.
Antes do surgimento dos PCs, computadores eram caros e restritos a grandes empresas e a laboratórios de pesquisa. Depois do Altair, vieram outros marcos importantes, como o Apple II, que transformou os microcomputadores num produto de massa, e o IBM PC, que se tornou, pelas forças de mercado, o padrão de fato em computadores.
Mas tudo isso está se transformando em história. No lançamento do tablet iPad 2, Steve Jobs, fundador da Apple, falou em "mundo pós-PC". Exagero? Provavelmente. Existem sinais, no entanto, de que o mercado começa a mudar, e que o PC está perdendo a posição central que ocupa no mundo da tecnologia.
Os motores da mudança são as tabuletas eletrônicas, como o iPad, e os celulares inteligentes, chamados popularmente de smartphones, como o iPhone, o BlackBerry e os aparelhos com o software Android, do Google. No quarto trimestre do ano passado, pela primeira vez na história, a venda de smartphones ultrapassou a de PCs, segundo a consultoria IDC. Foram 100,9 milhões de celulares inteligentes e 92,1 milhões de PCs.
Na prática, o smartphone é um computador de bolso. "Sempre que o celular incorpora outro aparelho, ele vende mais que o aparelho original", disse Gustavo Jaramillo, que foi diretor da Nokia do Brasil e hoje é sócio de uma empresa de marketing móvel, chamada Mobiú. "Isso aconteceu com o tocador de música digital, com a câmera fotográfica e agora acontece com o PC."
A Gartner, outra consultoria, diminuiu suas estimativas mundiais de vendas de PCs para 2011 e 2012. A perspectiva de crescimento do mercado de microcomputadores neste ano passou de 15,9% para 10,5% e, no próximo, de 14,8% para 13,6%.
Em seu relatório, George Shiffer, diretor de pesquisas da Gartner, escreveu: "Esperamos que o entusiasmo crescente do consumidor por alternativas ao PC portátil, como o iPad e outros tablets, desacelere dramaticamente a venda de PCs portáteis de uso doméstico, especialmente em mercados maduros".
Tanto a Gartner quanto a IDC não consideram os tablets uma forma de PC. Mas uma terceira consultoria, a Canalys, vê as tabuletas como uma espécie de microcomputador. Segundo a Canalys, as vendas mundiais de tablets vão triplicar este ano, passando de 16,9 milhões em 2010 para 50,6 milhões.
Mais informações no Estado de hoje ("A era dos PCs está chegando ao fim", p. N5).
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