Líder mundial de sistemas operacionais para computadores, a Microsoft é pequena em telecomunicações. Em smartphones, a participação da empresa ficou em somente 4,2% no ano passado, segundo a empresa de pesquisa Gartner. Os gigantes desse mercado são a Apple, com o iPhone, e o Google, com o Android.
A compra do Skype reforça a estratégia da empresa em telecomunicações. Além disso, cria uma alternativa poderosa aos comunicadores do Google e do Facebook, com a possibilidade de integrar o Skype ao Windows Live Messenger, aos seus sistemas de comunicação corporativa e ao videogame Xbox 360.
Em smartphones, a Microsoft fez dois movimentos anteriores importantes: fechou um acordo com a Nokia, que, a partir do ano que vem, adotará o Windows Phone 7 em seus celulares inteligentes e, na semana passada, outro com a RIM, fabricante do BlackBerry, para transformar o Bing no buscador padrão dos aparelhos da fabricante canadense.
Resta saber como as empresas de celulares vão receber os aparelhos Windows Phone 7 com Skype nativo.
O grande temor das operadoras é se transformar, nesse cenário de smartphones e tablets, em "dumb pipes" (tubos burros), oferecendo somente conectividade de dados, enquanto toda a receita de serviços adicionais fica nas mãos de outras companhias, como a Apple, o Google, o Facebook ou a própria Microsoft.
Apesar de os investidores não terem gostado da compra do Skype, vários analistas receberam bem a aquisição. "Essa é uma clara tentativa da Microsoft de aumentar fortemente sua presença nos mercados de soluções colaborativas", disse, em comunicado, Fernando Belfort, analista sênior da Frost & Sullivan.
"O nome Skype é muito forte entre os consumidores e a Microsoft espera, com isso, alavancar as vendas de seus outros produtos", afirmou, também em comunicado, Fernando Lima, analista da IDC.
O professor Silvio Meira, da Universidade Federal de Pernambuco, chegou a escrever ontem em seu blog: "É bem capaz de Steve Ballmer ter feito a operação que vai garantir seu nome na história dos negócios da era da informação".
Ao integrar o serviço de chamadas via internet a outros produtos, fica mais fácil para a Microsoft resolver o chamado "paradoxo do Skype".
O paradoxo é o seguinte: como falar de Skype para Skype é grátis, quanto mais pessoas usam o serviço, menos receita tem a empresa. Num mundo em que todos usam o Skype, as receitas do Skype cairiam para zero.
Foto: Divulgação
No Estado de hoje ("Gigante do software fortalece estratégia em comunicações", p. B16).
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