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O software e a política industrial

Por Renato Cruz
Atualização:

O setor de tecnologia de informação (TI) recebeu bem as medidas anunciadas ontem (12/5) pelo governo. Mas muitos empresários acreditam que terão um impacto muito limitado no mercado por duas razões: a política busca desonerar a exportação, que corresponde a uma fatia muito pequena do mercado, e, mesmo com ela, os encargos trabalhistas continuam maiores do que em outros países exportadores.

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"É um passo importante", disse Paulo Caputo, diretor de Novos Negócios da Datasul, que vende licenças de software de gestão empresarial. O software da empresa é traduzido para o mercado externo, mas a maior parte do código permanece a mesma. "Nosso produto é um só", explicou o executivo. "Nesse caso, como separar o quanto de trabalho corresponde ao mercado interno e quanto para as versões nas línguas inglesa e espanhola?"

A indústria de microcomputadores recebeu incentivo tributário para atender ao mercado interno, o que resultou num crescimento das vendas de 42% no ano passado. No caso dos serviços de TI, as medidas se concentram na exportação, que somou cerca de US$ 800 milhões em 2007, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).

O mercado interno é muito maior. Um estudo da E-Consulting apontou que movimentou, no ano passado, R$ 38,9 bilhões. A terceirização de serviços ficou com uma fatia de R$ 12,5 bilhões do total, com expectativa de crescimento de 21,6% este ano. "Como começo, as medidas são ok", afirmou Daniel Domeneghetti, sócio-fundador da E-Consulting. "Como política estruturada, ainda deixam muito a desejar."

"Mais uma vez, o governo propõe uma solução que não resolve", disse Luiz Carlos Felippe, presidente da Sonda Procwork, empresa de serviços de TI com 6,5 mil funcionários. "Noventa e nove por cento das receitas do setor vêm do mercado interno. E eu pago 70% do meu faturamento bruto em salários e encargos." Para ele, mesmo com a redução de 20% para 10%, o INSS continua "uma paulada". O Grupo Sonda, controlador da empresa brasileira, com sede no Chile, não paga previdência e o total dos encargos está em somente 9%.

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Mais informações no Estado de hoje ("Setor de tecnologia espera impacto limitado", p. B5).

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