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Obstáculos à inovação

Apesar das políticas de apoio, indicadores de inovação não têm evoluído no Brasil

Por Renato Cruz
Atualização:

Fábrica de chips no Rio Grande do Sul Foto: Estadão

Não é fácil inovar no Brasil. Apesar do aumento das fontes de financiamento, as atividades inovadoras das empresas enfrentam obstáculos, o que fez com que não se desenvolvessem como deveriam nos últimos anos. Para Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, existem fatores - como a ausência de uma concorrência maior no País, carência de capital humano, distância entre academia e setor privado e práticas gerenciais atrasadas nas empresas brasileiras - que acabam levando a isso.

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"A produtividade do Brasil é muito baixa, e cresce mais lentamente que em outros países", explicou o professor. "Existe um problema de inovação. Indicadores como registro de patentes e gastos em pesquisa e desenvolvimento não têm aumentado, apesar de existirem várias políticas públicas de apoio à inovação." Menezes é convidado de um dos painéis do Fórum Estadão - Inovação, Infraestrutura e Produtividade, que acontecerá na próxima quarta-feira, em São Paulo.

Divulgada no ano passado, a edição mais recente da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o porcentual de empresas que registrou alguma atividade de inovação no triênio encerrado em 2011 caiu para 35,6%. O estudo anterior havia apontado um total de 38,1%.

Os investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento se mantiveram estagnados em 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 2005 e 2011. No mesmo período, os gastos chineses passaram de 0,91% para 1,39%.

A falta de concorrência no mercado brasileiro, causada por barreiras a produtos externos e pela dificuldade de se abrir e se manter empresas, acaba tendo dois efeitos bastante ruins. Segundo Menezes, surgem menos empresas, e as startups são uma fonte importante de inovação, no mundo todo.

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"Além disso, as firmas maiores têm muitas facilidades e acabam se acomodando", disse o professor. Ele acrescentou que, provavelmente, essas empresas têm substituído investimento próprio por linhas de crédito subsidiadas e que, por isso, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento não têm aumentado.

Etanol

A Granbio, empresa de biotecnologia controlada pela família Gradin, planeja começar a produzir em breve etanol de segunda geração (a partir do bagaço e da palha da cana) em Alagoas. "Temos um modelo de negócios inovador, que une capital, matéria-prima e tecnologia numa única empresa", disse Alan Hiltner, vice-presidente executivo da Granbio. "É um modelo diferente até do que existe em biotecnologia em outros países."

Hiltner citou alguns pontos que ainda precisam ser melhorados no ambiente de inovação. O primeiro deles é a proteção da propriedade intelectual. "Precisamos de um registro mais rápido de patentes", disse o executivo. Segundo ele, a situação já tem melhorado. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) criou recentemente uma "via rápida" para registro de patentes em três anos.

Outro ponto importante é necessidade de se atualizar o marco regulatório do setor. "A legislação atual foi desenhada para proteger a biodiversidade brasileira da pirataria", afirmou Hiltner. Isso acabou complicando as atividades de pesquisa em biotecnologia. "É preciso combinar segurança e celeridade."

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Energia

Ben Herd, líder do Centro de Pesquisas da GE, elogiou as políticas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os contratos de concessão da ANP, por exemplo, exigem que 1% da receita bruta gerada em campos de grande produção sejam aplicados em projetos de pesquisa e desenvolvimento.

"Eu não vi um modelo como esses em outros países", disse Herd. Na sua opinião, poderia haver mais flexibilidade para as empresas decidirem aplicar esses recursos em projetos acadêmicos e não acadêmicos.

Foto: Renato Cruz

No Estado de hoje ("Obstáculos à inovação vão além das fontes de financiamento", p. B17).

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