PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Informações sobre tecnologia

Para manipular emoções

Uma máquina pode mudar o que você sente? Big data e internet das coisas criam ferramentas para manipular emoções

Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

Uma máquina pode mudar o que você sente? E, veja bem, não estou falando de vídeos de filhotes na internet. Uma empresa iniciante sediada em Boston, nos Estados Unidos, acha que consegue. Segundo reportagem da Technology Review, a Thync criou um dispositivo com eletrodos que produzem pulsos de eletricidade, para serem ligados à cabeça das pessoas. Por meio de um aplicativo no celular, é possível escolher programas de cinco a 20 minutos, que servem, por exemplo, para acalmar quem está agitado ou para dar energia para quem precisa.

PUBLICIDADE

Os repórteres da Technology Review testaram o aparelho, e chegaram à conclusão de que ele não funciona com todo mundo, o que poderia indicar um efeito placebo (quem está sugestionado mudaria de humor sem que isso fosse resultado do aparelho). A programação para dar energia, segundo a Thync, teria o mesmo resultado de ingerir uma bebida energética. O produto ainda não está no mercado, seu preço não foi divulgado e sua eficácia precisa ser provada cientificamente.

Mas existem formas mais sutis de se manipular emoções eletronicamente, sem dispositivos ou choques elétricos. No ano passado, causou polêmica um estudo divulgado pelo Facebook, em que 689 mil usuários participaram, sem saber, de um teste sobre "contágio emocional". A rede social reduziu a exposição de um grupo a publicações "emocionalmente positivas" em seu "feed" de notícias, e isso fez com que esse grupo fizesse publicasse menos conteúdo positivo. O mesmo aconteceu com outro grupo que foi menos exposto a publicações negativas, e passou a compartilhar menos conteúdo "emocionalmente negativo".

Apesar de criticado, o experimento provou que a manipulação emocional funciona. Com o crescimento da internet das coisas (em que os mais diversos objetos passam a estar conectados) e do Big Data (em que sistemas conseguem cruzar um volume considerável de informações e analisá-lo), a situação se torna ainda mais complicada.

Um aplicativo de trânsito como o Waze armazena informações sobre os locais que cada um visita, em que horário e com que frequência. Além dos sensores de localização, um relógio inteligente como o Apple Watch vem equipado com um monitor cardíaco. As cidades estão cheias de câmeras, que podem abastecer sistemas de reconhecimento de face. Em lugares fechados, a triangulação de Wi-Fi permite identificar nossos celulares mesmo sem conectá-los a alguma rede.

Publicidade

Imagine essas informações combinadas aos rastros que deixamos online, como os links em que clicamos, as palavras que buscamos, as publicações que curtimos, os e-mails e as mensagens que trocamos e as compras que fazemos. Sem regulação adequada, tudo isso pode ser usado para nos convencer a comprar coisas, ou até a tomar decisões mais importantes.

Inclusão

No próximo dia 26, a partir das 18 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, será lançado o livro Empreendedorismo sem fronteiras: um excelente caminho para pessoas com deficiência (Alta Books), de Fernando Dolabela e Cid Torquato. As estatísticas mais recentes mostram que existem 45,6 milhões de pessoas com deficiência no País, e somente 357,8 mil têm emprego formal, apesar de mais de 20 milhões exercerem alguma atividade.

Empreendedorismo

No livro, os autores defendem a necessidade de políticas públicas para incentivar pessoas com deficiência a empreender. Torquato é especialista em economia digital e em políticas públicas, ocupando o cargo de secretário estadual adjunto dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Ele ficou tetraplégico em 2007, num acidente na Croácia.

Publicidade

No Estado de hoje ("Para manipular emoções", p. B11).

Siga este blog no Twitter e no Facebook.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.