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Peter Thiel contra a educação

Cofundador do PayPal criou uma bolsa para incentivar jovens a abandonar a universidade

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Por Renato Cruz
Atualização:

 Foto: Estadão

Peter Thiel é polêmico. Cofundador do serviço eletrônico de pagamentos PayPal, está atualmente à frente do fundo de hedge Clarium Capital, e é um dos sócios do Founders Fund, que investe em empresas iniciantes. Ele foi um dos primeiros investidores externos do Facebook. Na noite da segunda-feira, participou de um debate com Eric Schmidt, presidente do conselho do Google, durante o evento Fortune Brainstorm Tech 2012, em Aspen, nos Estados Unidos.

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"Vivemos uma bolha de educação", disse o investidor. Ele argumentou que o estudo superior, pelo menos nos EUA, não representa mais um investimento interessante. Segundo Thiel, a diferença de renda para quem tem nível universitário caiu, quando comparada com aqueles de nível médio. Os jovens americanos contraem dívidas que os prejudicam por muito tempo, para financiar a universidade.

Em 2010, ele criou uma bolsa, chamada Thiel Fellowship, para incentivar esses jovens a abandonar a universidade. Thiel escolhe 20 pessoas com menos de 20 anos e oferece US$ 100 mil para cada uma deixar o ensino superior e criar a própria empresa.

Durante o debate, Thiel afirmou que a tecnologia fracassou, pois não resolveu grandes problemas mundiais, em áreas como energia e alimentação, nos últimos 40 anos. Na sua visão, mercados em desenvolvimento, como a América Latina, China, Índia e África, precisam de "zero inovação", pois podem se dar ao luxo de simplesmente copiar o que dá certo nos Estados Unidos, Europa e Japão.

Para exemplificar o fracasso da tecnologia no setor de energia, Thiel apontou que, desde 1973, o preço do barril de petróleo subiu de US$ 2 para mais de US$ 100. Na visão dele, "os governos tornaram a tecnologia fora da lei", com restrições ao uso de energia nuclear e de voos supersônicos, por exemplo.

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"Como quase tudo no mundo das coisas se tornou ilegal, o que podemos fazer está no mundo dos bits", disse Thiel. O lema de seu Founders Fund é: "Queríamos carros voadores, mas no lugar disso tivemos 140 caracteres."

O presidente do conselho do Google, por outro lado, destacou efeitos positivos da tecnologia nas últimas décadas. Sem poupar críticas, Thiel chamou Schmidt de "ministro da propaganda do Google".

Thiel acusou a empresa de falta de inovação: ela estaria sentada num caixa de US$ 50 bilhões, sem saber o que fazer com esses recursos. "Por que vocês não gastam esse dinheiro em tecnologia? Porque estão sem ideia", perguntou, e respondeu, o investidor.

Diante do discurso inflamado de Thiel, Schmidt procurou manter uma posição serena. Ele defendeu o valor da educação, destacou projetos pioneiros do Google (como o carro que não precisa de motorista) e falou da presença da empresa além das buscas (com o sistema Android, para celulares, por exemplo). Na visão de Schmidt, os argumentos de Thiel não se baseiam em fatos.

* O repórter viajou a convite da Brasscom

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No Estado de hoje ("Criador do PayPal vê 'falência' de universidades dos EUA", p. B12).

Foto: Kevin Moloney / Fortune Brainstorm Tech

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