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TVs vs. teles no Observatório da Imprensa

Por Renato Cruz
Atualização:

Falei com o Mauro Malin do Observatório da Imprensa sobre domínio de mercado nas telecomunicações e sobre a disputa entre as operadoras e as emissoras de TV. A conversa -- que foi ao ar hoje (23/11) às 9h, pela Rádio Cultura FM em São Paulo -- segue transcrita abaixo:

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"O jornalista Michael Reid fez para a The Economist desta semana um especial sobre o México. É altamente esclarecedor. Mas, num dos textos, Reid contrapõe o mercado brasileiro de telecomunicações, onde haveria competição, ao monopólio exercido pela Telmex, de Carlos Slim, o terceiro homem mais rico do mundo, que no Brasil controla a Embratel, a Net e a Claro. O repórter Renato Cruz, que cobre o assunto para o caderno de Economia do Estado de S. Paulo e tem um blog no portal do Estadão, explica por que a comparação não funciona. Renato: - Não é bem assim porque, diferentemente do México, onde a empresa foi privatizada como uma operadora nacional, no Brasil a telefonia fixa foi dividida em quatro, Embratel mais três operadoras locais. E cada uma dessas operadoras locais, a Telemar, a Telefônica e a Brasil Telecom, continuou dominando o mercado em cada uma das suas regiões. Se a gente somar a participação das três, elas têm mais ou menos 95% das linhas fixas e 77% da banda larga. A competição acabou acontecendo mesmo na telefonia móvel. A Vivo, que é a maior operadora de telefonia celular do Brasil, tem 30% do mercado.

Mauro: - A pretensão da Telefônica de operar uma TV a cabo desencadeou uma briga aberta, que está nas páginas dos jornais. Segundo Renato Cruz, existe de fato uma ameaça à hegemonia da Rede Globo, e no meio desse conflito está o governo. Renato: - A ameaça é real porque existe uma diferença muito grande de tamanho entre as empresas que estão brigando por esse mercado, que está se transformando em um só. As Organizações Globo, no ano passado, faturaram 2,5 bilhões de dólares. Isso, comparado com 48,5 bilhões de dólares que faturou a Telefônica em todo o mundo, ou 38,2 bilhões que faturou a Telecom Itália. Existe aqui no Brasil uma briga entre o poder político das redes de televisão e o poder econômico das redes de operadoras de telecomunicações. Isso se refletiu na briga pela TV digital, e agora também nesse caso da TV por assinatura que a Telefônica está querendo lançar. Mauro: - O repórter do Estadão diz que ainda não se sabe como será de fato a TV digital brasileira. Renato: - Até o final do mês o governo precisa anunciar quais são as especificações técnicas dos equipamentos que vão ser usados na TV digital. Na verdade, foi escolhido o padrão japonês como base de um sistema brasileiro mas ninguém sabe direito, não está escrito em nenhum lugar, o que vai ser esse sistema brasileiro. A gente não sabe, por exemplo, até que ponto o trabalho que foi desenvolvido por pesquisadores locais vai ser incorporado aos equipamentos que vão chegar ao mercado."

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