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Um método perigoso

David Cronenberg não mostra os monstros e as entranhas sangrentas, mas eles continuam lá

Por Renato Cruz
Atualização:

 Foto: Estadão

Mês passado, a Criterion Collection publicou fichas de avaliação de Videodrome, filme de David Cronenberg lançado em 1983. À pergunta "O que você especialmente gostou neste filme?", espectadores responderam: "Nada" e "Absolutamente nada. É bem repulsivo". A "O que você especialmente não gostou ou gostaria de mudar no filme?", algumas respostas foram: "É muito vugar. Muito sexo, eles fazem isso demais. Mais história, menos sexo" e "Muito sangue e entranhas por todo o lado".

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Existe uma distância grande entre Videodrome e Um método perigoso, que estreou sexta-feira (apesar de ambos tratarem de sadomasoquismo). Pelo menos superficialmente. Os monstros e as entranhas sangrentas continuam lá, mas dessa vez você não vê. Tudo embalado num longa-metragem de época ao estilo Merchant Ivory.

Como você já deve ter lido por aí, o filme mostra a relação de Carl Jung (Michael Fassbender) com o mestre Sigmund Freud (Viggo Mortensen) eSabina Spielrein (Keira Knightley), paciente e amante.

Um método perigoso conta a história de um parricídio, ainda que simbólico (em contraponto a Spider, filme de Cronenberg sobre matricídio). Jung é retratado como um canalha, mas com ele é possível se identificar. Freud é um gênio maior que a vida, posição inalcançável ao homem comum.

Jung erra, erra de novo e erra mais uma vez, mas essa é a única maneira de conseguir ver além da barreira de conforto de sua vida de médico bem-sucedido casado com mulher rica, e entender o mundo. Ele é mentiroso, fraco, covarde, egoísta. Trai a esposa, renega a amante, rompe com o mestre, mas, no final, o imperdoável é ter levado a psicanálise na direção do misticismo e da auto-ajuda. "Devemos mostrar a realidade ao paciente, e não trocar uma ilusão por outra", diz o Freud do filme.

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 Foto: Estadão

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