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Rodrigo Martins

Mark Zuckerberg, um Justin Bieber nerd

29/09/2010 | 10h19

  •      

 Por Estadão

Criador do Facebook é filmado beijando namorada em casa. Imagem: Reprodução

Fala sério, você se interessaria em saber da vida íntima de um executivo de tecnologia? Pode até ser que queira saber das últimas de Steve Jobs na Apple. Ou como Bill Gates está doando sua fortuna. Mas te interessa saber com quem Jobs ou Gates estão namorando ou como é a decoração da sala de estar deles?

Pois com o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, a coisa está ficando nesse nível. Sério, parecia um presságio: por brincadeira, o blog Gawker colocou em julho um paparazzi na cola do jovem executivo de 26 anos durante um final de semana inteiro. A ideia era fazê-lo sentir-se vigiado, exatamente como a empresa tenta fazer sempre que propõe mudanças nas regras de acesso a dados na rede – as quais, invariavelmente, irritam os usuários.

Zuckerberg é seguido por paparazzi do Gawker em julho. Imagem: Reprodução

Só que depois disso o Facebook completou 500 milhões de usuários. A Forbes apontou Zuckerberg como um dos bilionários mais ricos do mundo – acima de Steve Jobs! O executivo virou personagem de histórias em quadrinhos. E, o mais pop de tudo, sua história será contada no cinema, em filme hollywoodiano que estreia nesta sexta-feira (a produção, The Social Network, já nasce polêmica: quer contar as trapaças de um jovem universitário para montar uma rede social).

Agora chego no ponto: o que fazem celebridades que usam suas imagens para faturar mais alto com seus trabalhos? Sim, estou falando dos famosos que não saem das capas de ‘Caras’ e são figurinhas fáceis na frente do microfone do Amaury Jr. Eles dão entrevistas falando de seus relacionamentos e planos pessoais futuros, vão a programas populares na TV, falam um tanto de trabalho (embora uma foto com um namorado(a) ganhe muito mais espaço) e… abrem suas casas.

Sem juízo de valor, mas Mark Zuckerberg, na semana passada, abriu sua casa, deixou-se filmar beijando a namorada, contou seus planos pessoais de viagem e, lógico, foi a um programa popular na TV. Sentado no sofá da Oprah Winfrey – a Hebe Camargo dos EUA -, o executivo falou sobre amenidades e um tanto sobre o Facebook. Mas mais sobre amenidades. O ponto alto da entrevista foi o material “exclusivo” que o programa traria: um vídeo mostrando a casa “modesta” e alugada na qual Mark mora com a namorada, Priscila. “Câmeras nunca foram permitidas aqui”, avisava uma locutora digna de trabalhar no ‘TV Fama’, da Rede TV!

Mark filmado em sua cozinha 'modesta' pela Oprah. Imagem: Reprodução

No vídeo, o jovem conta que está estudando chinês para viajar com a namorada. Logo depois, a locutora avisa: “Mark conheceu Priscila na universidade, muito antes de o Facebook estourar. Eles estavam em uma festa em Harvard”. Na reportagem, que também visita o escritório do Facebook em San Francisco, o criador do Facebook é apresentado como  o executivo da “empresa, provavelmente, de maior crescimento em toda a história.”

Quando entrevistei Mark Zuckerberg no ano passado, uma das coisas que percebi era que, para vender sua rede social, ele vendia a si próprio. Seu discurso era de que ele era uma figura de sucesso e que queria ajudar outras pessoas a serem também – e, lógico, conquistar o maior número possível de usuários para a sua rede social. Só que essas coisas Mark dizia entre nerds – programadores, blogueiros e imprensa especializada.

É curioso ver o discurso “de jovem universitário que construiu a maior rede social do mundo e virou bilionário” encantar agora a massa. Sim, quem imaginaria um programa de TV sobre amenidades e com audiência estratosférica se interessando pela casa bagunçada de um programador nerd? Mark não dá muitas entrevistas. Ele é tímido. Imagina se expor dessa forma?

Resposta: talvez se pensarmos em Michael Jackson, Beatles, Madonna tenhamos a resposta. Todos esses ícones pops produziram obras que encantaram as pessoas, tornando-as fanáticas e as uniram em shows, na frente da TV, no cinema. Mark produziu uma rede social que encantou as pessoas, tornando-as fanáticas e as uniu na frente do PC e, agora, na TV e no cinema. Coincidência?

Guardadas as devidas proporções, o executivo é, sem dúvida, um dos maiores ícones pops da atualidade. (Ainda) não foi capa da Rolling Stone, mas já ganhou sete páginas na prestigiada ‘New Yorker’.  Um em cada quatro internautas do mundo está no site que ele criou. Pelo barulho e interesse que gera, Mark só é comparável a outras duas estrelas atuais em popularidade: Lady Gaga e Justin Bieber. Ele e ela, inclusive, também devem virar filmes. A diferença é que nossos pais e avós provavelmente nunca tenham ouvido falar nos dois artistas. Já do Facebook, a coisa muda de figura. O público entre todas as idades é cada vez maior.

Tudo o que Mark Zuckerberg faz vira notícia. Se Lady Gaga gera burburinho ao vestir-se de carne e Justin Bieber traz comentários jocosos ou decepcionados ao afirmar que “não quer uma namorada”, Mark cai nas conversas da internet – além da imprensa em geral – quando se descobre que ele criou um truque para ninguém bloqueá-lo no Facebook. Fatos polêmicos em diferentes níveis, mas que todo mundo se interessa.

E como ficar pop? Mark Zuckerberg, Lady Gaga e Justin Bieber não inventaram a roda. Goste ou não do trabalho deles, os três souberam transformar o que existia antes em algo que agradasse a um público cativo. Já existiam redes sociais antes do Facebook. Já existia a Madonna antes da Lady Gaga. E já existiam boy bands antes do Justin Bieber. Mas Mark criou um ambiente universal. Lady Gaga trouxe de volta videoclipes ousados. Justin Bieber popularizou a (blerg) franginha.

Executivo se tranformou em personagem de quadrinhos. Imagem: Reprodução

A comparação entre músicos e nerds não é exagero. O papo aqui não é tecnologia. Falar que Facebook é simplesmente tecnologia é dizer que Michael Jackson é só um disco redondo que se coloca numa vitrola. Tal qual artistas gravam conceitos musicais e as colocam numa tecnologia – no caso, um CD -, o Facebook pegou conceitos de interação e compartilhamento e os colocou na tecnologia – no caso, códigos de programação. E, com isso, popularizou novos conceitos e comportamentos.

Se Michael Jackson produzia cultura, no caso analógica, Mark também produz cultura, mas digital. Num mundo cada vez mais conectado, não faz mais sentido separações. No fundo, tudo é cultura. No fim, o Link está mais próximo do Caderno 2 do que se imagina. Isso explica em muito a ascenção que Mark Zuckerberg está recebendo. Não como executivo de sucesso. Mas como ídolo. Se vai durar? Só a história vai dizer. Também não dá para saber se Lady Gaga ou Justin Bieber serão lembrados daqui a dois anos.

Por enquanto, não se assuste se um dia você comprar a ‘Caras’ e vir na capa o criador do Facebook clicado na banheira, rodeado de espumas e segurando uma taça de champanhe.

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