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Por dentro das inovações em serviços financeiros

Comprando ações com taxa ZERO

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

Quando a crise de 2008 explodiu nos EUA, Vladimir Tenev e Baidu Bhatt estudavam Matemática na Universidade de Stanford. Após terminarem a graduação, Vladimir seguiu para o Doutorado em Matemática, na Universidade da California, enquanto Baidu foi para Nova York trabalhar no mercado financeiro, especializando-se em algoritmos de alta frequência para compra e venda de ações. Em setembro de 2011, um protesto no Zuccotti Park, em Nova York, recebeu o nome de Occupy Wall Street e, aos poucos, repercutiu em todo o mundo e ganhou as ruas de várias cidades. Os manifestantes queriam chamar a atenção para as desigualdades na distribuição da riqueza e diziam que representavam os 99% da população, lutando contra os 1% mais ricos.

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Este protesto serviu de inspiração para Vladimir e Baidu deixarem seus trabalhos para criar a Robinhood, a primeira corretora de valores do mundo a não cobrar nenhuma taxa do cliente. Eles haviam constatado que os bancos conseguiam operar altos volumes de transações com custo de tecnologia quase zero, concluindo que as taxas vinham de suas outras estruturas, como as lojas físicas, escritórios, pessoal para atendimento, etc.

Eles alugaram uma casa no Vale do Silício e começaram a desenvolver o aplicativo. Levaram pouco mais de um ano para receber a autorização dos órgãos reguladores dos EUA e, enquanto isso, resolveram colocar no ar um site onde pediam o email de quem estivesse interessado em ser avisado quando o produto estivesse no ar. Em 30 dias, sem gastar nada em marketing, já tinham 100 mil interessados. Alguns meses depois, este número chegava a 500 mil pessoas. E, finalmente, quando o produto foi pro ar, já passava de 1 milhão de possíveis clientes.

A empresa, neste curto período de existência, já recebeu mais de 60 milhões de dólares em investimentos, de experientes fundos de investimento norte-americanos, e está promovendo uma revolução neste mercado, por não cobrar um centavo para que o cliente execute suas ordens de compra e venda de ações. Mas a esta altura você deve estar se perguntando como afinal de contas ela ganha dinheiro? Simples, ela aplica o dinheiro que fica parado na conta e não repassa isso ao cliente; ela cobra uma taxa dos clientes que querem se alavancar, financiando operações com valores acima do seu saldo financeiro; além de outros serviços que ela está desenvolvendo. A ideia é dar de graça os serviços básicos e cobrar pelos mais sofisticados, o que ficou conhecido no mundo digital como modelo freemium (free + premium).

Recentemente, a Robinhood iniciou sua expansão internacional. O impacto que ela pode causar no mercado global de ações pode ser muito maior do que se imagina. Não é a toa que o editor do TechCrunch, Josh Constine, afirmou: "dentro de dez anos, é possível que as pessoas pensem: como podíamos antigamente pagar uma taxa para comprar e vender ações, algo tão simples e rápido, que se faz com apenas dois ou três cliques!".

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