
O lançamento da criptomoeda do Facebook, a Libra, e da sua carteira digital, a Calibra, não foi surpresa para o mercado, que já esperava pela notícia. Mas o que os especialistas no assunto não esperavam era por uma estratégia tão bem desenhada, que praticamente blindou o Facebook de possíveis críticas e criou a expectativa de que a Libra possa se tornar o novo dólar. Vejamos os principais pontos desta estratégia:
1- Associação: a empresa que vai administrar a moeda é uma Associação sem fins lucrativos. Isto reforça a mensagem do Facebook de que ele não quer gerar uma nova fonte de receita, mas apenas aumentar o engajamento em seus aplicativos, criando cada vez mais condições para que os usuários fiquem mais tempo conectados;
2- Membros: os membros desta associação foram cuidadosamente selecionados, da mesma forma que um shopping center, antes de lançar um novo empreendimento, busca preenchê-lo com um mix ideal de lojas, dentre os diferentes tipos de negócios. No consórcio da Libra, estão presentes:
a) players tradicionais de Pagamentos, como Visa e Mastercard; e novos participantes deste segmento, como Paypal e Stripe;
b) ícones do ecommerce, como eBay, Farftech e Mercado Livre;
c) aplicativos usados com muita frequência, como Uber, Lyft e Spotify;
d) infra de telecom: Vodafone;
e) empresas sem fins lucrativos, como a Kiva;
f) conhecedores de Blockchain/Crypto: Coinbase e Xapo;
g) investidores de peso no mundo de Venture Capital: Andreessen Horowitz e Ribbit Capital.
Este grupo confere CREDIBILIDADE ao projeto, agrega CONHECIMENTO para o seu desenvolvimento e traz USUÁRIOS engajados em suas plataformas.
3- Lastro: a Libra será lastreada numa cesta de moedas tradicionais, o que reforça a sua estabilidade, evita uma as maiores críticas ao bitcoin e todas as outras criptomoedas que não são stablecoins (criptomoedas com lastro em moedas tradicionais) e ajuda na interlocução com os Bancos Centrais, que precisarão regulamentar o seu uso.
Esta estratégia surpreendeu o mercado e muitos artigos já citaram a Libra como um divisor de águas na história da indústria financeira global. O que ainda poucos arriscam dizer é como será a reação dos grupos abaixo:
a) players digitais: Google, Amazon, Apple;
b) chineses: AliPay e WeChat;
c) grandes bancos;
d) Bancos Centrais e demais reguladores.
Os próximos capítulos desta novela certamente prometem muita emoção!