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Por dentro das inovações em serviços financeiros

O que não é um banco digital

Por Guilherme Horn
Atualização:

 

Temos visto muitos bancos anunciarem na mídia seus supostos bancos digitais e é interessante explicar primeiro o que não é um banco digital.

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Quando uma rede de varejo decide vender também pela Internet e cria um canal para isso, isto não significa que ela se tornou uma empresa digital. Significa apenas que agora ela tem um canal digital. Tornar-se digital significa captar clientes pelo meio digital e relacionar-se com eles por meio do mundo digital, oferecendo uma experiência comparável a empresas digitais de outros segmentos.

Da mesma forma, quando um banco cria uma agência digital não significa que se tornou digital. Mesmo porque sabemos que, em vários momentos, o cliente precisará ir na agência para assinar um documento ou passar num caixa automático para autorizar uma operação. Estes processos não contínuos não fazem parte do mundo digital.

Acredito que não vai demorar muito para termos no Brasil experiências parecidas com a do Moven (EUA), Fidor (Alemanha), mBank (Polônia) ou iGaranti (Turquia). Estes são exemplos de bancos digitais, que não têm papel nem assinatura em seus processos, e que entenderam que ser digital não é apenas suprir uma necessidade, oferecer conveniência para o cliente ou mesmo colocá-lo no controle da operação. O banco digital de verdade vai mais além, está presente na vida do cliente, no seu dia-a-dia, entende seu contexto, antecipa suas necessidades. Vou dar alguns exemplos.

Suponhamos que você esteja noivo (algo que pode ser identificado por um banco digital através de poderosas ferramentas de análises de dados, que incluem redes sociais e comportamento de compras) e, num determinado domingo, selecione vários anúncios de imóveis (informação que pode ser obtida por meio de parcerias com sites de buscas de imóveis, como Zap, Quinto Andar, Viva Real e tantos outros). Este é um bom momento para se oferecer um financiamento imobiliário personalizado. 

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Agora imaginemos uma jovem que entre numa grande loja de departamentos (rapidamente identificado pela funcionalidade de geo-localização) e, neste mês, ela já gastou em vestuário mais do que a média dos últimos 6 meses. O aplicativo do banco imediatamente envia-lhe uma notificação lembrando-a que este mês ela já estourou sua cota de gastos em vestuário e isto pode ajudá-la a decidir não comprar nada, evitando que entre no cheque especial no final do mês. Aqui você pode perceber também uma outra diferença, na postura do banco, ajudando verdadeiramente o cliente a tomar as melhores decisões.

Poderia continuar dando exemplos super interessantes como estes, mas, a esta altura, você já percebeu que estou falando de algo muito diferente do que vemos hoje em dia no Brasil. Isto sim é um banco digital de verdade.

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