Link Estadão

 
  •  inovação
  •  cultura digital
  •  gadgets
  •  empresas
  •  games
formulário de busca
Imagem Seu bolso na era digital

Seu bolso na era digital

Por dentro das inovações em serviços financeiros

Os empréstimos na era digital

11/04/2016 | 09h00

  •      

 Por Guilherme Horn

 

No século XVIII, o autor irlandês Johnathan Swift escreveu As Viagens de Gulliver, uma ácida crítica à sociedade inglesa da época. Nas quatro viagens que Gulliver faz no livro, o autor satiriza as futilidades da alta sociedade, o pensamento científico alienado da vida real, a mediocridade da aristocracia e a pobreza da natureza humana. Swift não era apenas um escritor, era um ativista em defesa de seus ideais. Assim, um de seus importantes feitos, foi criar um fundo de 500 libras, que emprestava valores pequenos, de 5 a 10 libras, para pessoas que se comprometessem a pagar o empréstimo em parcelas semanais, que poderiam durar meses, tudo sem juros. O autor irlandês estava criando ali o que hoje conhecemos como Empréstimos P2P (peer to peer – ou pessoa a pessoa).

Os empréstimos P2P são uma forma de desintermediação do sistema bancário. Emprestar dinheiro é uma das atividades mais fundamentais dos bancos, em séculos de existência. Mas como a era digital, para muitos, é também a era da desintermediação, assim como aconteceu na indústria da música, viagens, transporte, hotéis, etc, não poderia ser diferente com esta atividade. Através destas plataformas, quem tem dinheiro sobrando pode investir suas reservas, que se tornarão empréstimos para aqueles que precisam de dinheiro para seus negócios, reformas, compra de um bem ou pagamento de dívidas. As grandes vantagens desta nova forma de tomar um empréstimo são a taxa de juros (normalmente muito menor do que a de um banco) e a rapidez/falta de burocracia no processo, desde a solicitação do empréstimo até o recebimento do dinheiro na conta.

Assim, em meados dos anos 2000, começaram a surgir as primeiras plataformas de empréstimos P2P. A primeira foi a Zopa, na Inglaterra, em 2005, logo seguida pela Funding Circle, e, posteriormente, por dezenas de outras. Em 2015, as principais plataformas de empréstimos P2P na Inglaterra emprestaram mais de 1 bilhão de libras a cerca de 1 milhão de clientes.

Nos EUA, a primeira plataforma nasceu em 2006, a Prosper. Pouco depois, era criada a Lending Club, hoje a líder do mercado mundial, tendo aberto seu capital na Nasdaq em 2015.

Em vários outros países, estas plataformas têm se popularizado, demonstrando ser uma tendência mundial. No Brasil, elas estão começando a ganhar terreno, no entanto, a regulamentação não permite que seus investidores emprestem diretamente aos seus clientes finais, há a necessidade de se ter um banco no meio do processo. Não é, portanto, uma desintermediação pura, como no exterior. A forma que plataformas como Biva, Geru e Intoo encontraram foi atuar como correspondentes bancários de uma instituição financeira, algumas vezes revelada, outras não. O mercado comenta que há pelo menos dez novos projetos de plataformas de empréstimo online em andamento, algumas vindo de fora do país. Será interessante assistir a este movimento e como ele impactará este segmento no Brasil, especialmente neste cenário de crédito apertado e altas taxas de juros.

 

    Tags:

  • digital
  • empréstimos
  • fintech
  • lending
  • p2p

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.

Assine o Estadão Já sou Assinante

Tendências

  • Clubhouse: conheça a rede social de áudios que caiu na boca do povo
  • Bateria, sensores e potência: saiba como escolher um robô-aspirador de pó
  • Vazamento de dados: veja tudo o que já sabemos sobre o caso
  • Megavazamento de janeiro fez meio milhão de celulares corporativos circularem na internet
  • Pequeno mas potente, iPhone 12 mini é prova de que tamanho não é documento

Sobre o Blog

Guilherme Horn, PhD, é um dos maiores especialistas do Brasil em serviços financeiros digitais, segmento conhecido como Fintech. Com experiência de mais de 20 anos no segmento, ele foi um dos fundadores da corretora de valores digital Ágora, vendida em 2008 para o Bradesco, e CEO e fundador da Órama, eleita pela Amazon a fintech mais inovadora do mundo em 2012. Atualmente, é Diretor de Estratégia Digital e Inovação do Banco Votorantim, Conselheiro da ABFintechs e da Anjos do Brasil, e mentor da Endeavor. Horn é também Editor do blog Finnovation e colunista da ÉPOCA Negócios. Neste blog, Guilherme vai contar os bastidores das inovações das fintechs no Brasil e no mundo.

Mais lidas

  • 1.O Terça Livre é só o começo
  • 2.Vazamento de dados: veja tudo o que já sabemos sobre o caso
  • 3.Neuralink, de Elon Musk, fez macaco jogar videogame com chip no cérebro
  • 4.De olho no setor industrial, Peerdustry recebe aporte de R$ 3 milhões
  • 5.LG anuncia estilo de vida mais inteligente

Blogs e colunas

  • Pedro Doria 

    Pedro Doria

    Direitos trabalhistas podem indicar relação de Biden com a indústria da tecnologia

  • Camila Farani 

    Camila Farani

    África vira o novo hub global de fintechs

  • Demi Getschko 

    Demi Getschko

    Os riscos à internet na briga entre gigantes de tecnologia e empresas de jornalismo

  • Mauricio Benvenutti 

    Maurício Benvenutti

    Clubhouse repete a história de outros serviços digitais

Mais em Blogs e Colunas
  • Meu Estadão
  • Fale conosco
  • assine o estadão
  • anuncie no estadão
  • classificados
  •  
  •  
  •  
  •  
  • grupo estado |
  • copyright © 2007-2021|
  • todos os direitos reservados. Termos de uso

compartilhe

  • Facebook
  • Twitter
  • Linkedin
  • WhatsApp
  • E-mail

Link permanente

{{ $dfp_banner['x44'] or '' }}