Foto do(a) blog

Por dentro das inovações em serviços financeiros

Robin Hood dá um novo passo em sua jornada de conquistas

PUBLICIDADE

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

Vladimir Tenev e Baiju Bhatt trabalharam juntos, no início dos anos 2000, construindo sistemas de trading de alta frequência para bancos e corretoras norte-americanos. Ficavam inconformados em ver que os clientes que operavam em alta frequência (enviam centenas de ordens de compra e venda a cada segundo) não pagavam quase nada por cada operação, ao passo que os clientes de varejo, que operam poucas ordens por mês, pagavam taxas que às vezes podiam comer todo o ganho da operação.

PUBLICIDADE

Por outro lado, viam a evolução da tecnologia em várias outras áreas. Os servidores de emails, por exemplo, passaram de serviços relativamente caros para gratuitos em pouco mais de uma década. E então se perguntavam por que os investidores do varejo não poderiam ter acesso a uma plataforma gratuita para comprar e vender ações.

Foi com esta ideia fixa na cabeça que eles deixaram seus empregos e colocaram no ar em abril de 2013 a Robin Hood, a primeira corretora de valores gratuita do mundo.

Publicidade

Três anos depois de lançada, em 2016, a Robin Hood bateu a marca de 1 milhão de clientes. Menos de dois anos depois, no início de 2018, já eram mais 3 milhões. E, na semana passada, a plataforma anunciou que atingiu o impressionante número de 6 milhões de clientes, sendo já a corretora que atingiu a maior taxa de crescimento da base de clientes que se tem conhecimento na história, em termos globais.

A outra notícia, divulgada na semana passada, é que a empresa está lançando a sua própria Clearing (uma câmara de Custódia e Liquidação). Nos EUA, há diversas Clearing Houses, diferentemente do Brasil, que tem apenas uma, a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), pertencente à B3. Lá nos EUA, as cinco principais Clearings atendem a cerca de 1.300 corretoras. E as grandes plataformas, como Fidelity e Vanguard, têm as suas próprias clearing houses.

Ter a sua própria clearing vai permitir à Robin Hood baixar ainda mais os custos para seus clientes, já que antes ela usava uma clearing externa, que cobrava as suas taxas, e estas tinham que ser repassadas aos seus clientes. Este movimento vai aumentar ainda mais a competitividade da Robin Hood no mercado, num momento em que os incumbente começam a reagir. O JP Morgan Chase acaba de lançar a plataforma You Invest e está dando 225 dólares para cada cliente que depositar 15 mil dólares na plataforma. O cliente também terá 100 operações gratuitas por ano e as demais custarão U$2,90, uma taxa bem baixa.

Segundo rumores do mercado, o próximo passo da Robin Hood será tornar-se um banco, para poder oferecer uma gama maior de produtos para seus clientes. Pela curva de crescimento da sua base, em muito breve eles baterão 10 milhões de clientes, o que já os colocará no mesmo patamar das principais plataformas do mercado, como a TD Ameritrade. Na última rodada de investimento, a Robin Hood captou cerca de 540 milhões de dólares a um valuation de $5,6 bilhões. Também se comenta no mercado que eles estariam se preparando para um IPO. Uma história de muito sucesso em tão pouco tempo (5 anos) e que promete capítulos ainda mais promissores pela frente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.