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Por dentro das inovações em serviços financeiros

Será 2017 o ano das moedas virtuais?

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

Em setembro de 2014, 3,6 milhões de escoceses foram às urnas para votar sobre a independência do país em relação ao Reino Unido. A maioria (55%) decidiu que era melhor manter a nação do jeito que estava; mas o principal tema de discussão na campanha do referendo, a política monetária da Escócia, não morreu após a apuração do resultado da votação.

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E agora ele voltou com força total, com a mudança no controle do Projeto Scotcoin, que pretende ser a moeda virtual escocesa. Os irmãos Kenny e David Low, que assumiram o projeto trazendo na bagagem a experiência empresarial em outros ramos, pretendem que a Scotcoin seja uma alternativa do país à libra esterlina. Para estimular a adesão, estão dando 1.000 Scotcoins a quem se cadastrar no primeiro mês do ano.

A Scotcoin é uma variação do Bitcoin, moeda virtual criada em 2008, por um programador - ou um grupo de programadores - que usou o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. O Bitcoin é emitido pelos próprios usuários, que utilizam seus computadores para "minerar" Bitcoins. No início, a operação era bem rentável, pois era possível gerar bitcoins com máquinas bem simples. Com o tempo - e isto foi previsto no algoritmo de criação da moeda - os computadores necessários para se gerar um Bitcoin passaram a ser mais poderosos e caros. Com isto, somando-se o custo da máquina e a energia gasta para se gerar Bitcoins, a conta deixou de ser trivial e hoje exige muito conhecimento técnico para que seja favorável aos mineradores. Como a emissão de Bitcoins é livre, ela é descentralizada, e não há um órgão que a centralize. Todas as transações com Bitcoins, tanto emissão quanto transferências, são registradas num banco de dados público, chamado Blockchain. O Blockchain, por sinal, demonstrou-se tão poderoso, que hoje já tem aplicações em diversas outras áreas, como entretenimento, registro de imóveis, cadeia de fornecedores e comércio internacional, para citar apenas alguns.

A Scotcoin, é portanto, muito parecida com o Bitcoin. Porém, muda um conceito importante, que é o da universalidade. A Scotcoin é a adaptação do conceito para o modelo de uma moeda nacional. Se, por um lado, perde a característica de ausência de necessidade de conversão, por outro pode facilitar politicamente a sua implementação. Prova disso é que já ganhou o apoio de movimentos que apoiam uma reforma no sistema monetário do país, que vêem nela uma oportunidade para reduzir a influência da especulação financeira, criando um ambiente propício para um outro patamar de juros e de taxas de conversão para outras moedas.

Há muitos especialistas que comparam as moedas virtuais com o endereço IP, o protocolo que viabilizou a Internet; ou com o email, um dos protocolos que alavancou o uso massivo da Internet. Com uma moeda, é bem diferente, porque quando falamos do nosso bolso, os requisitos para o sucesso incluem a credibilidade. E as criptomoedas foram concebidas sem um órgão centralizador que garanta esta credibilidade. A questão então passa a ser: será que o mercado e a tecnologia serão suficientes para dar credibilidade às moedas virtuais? Só o futuro dirá!

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