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Por dentro das inovações em serviços financeiros

Um banco para os refugiados

Por Guilherme Horn
Atualização:
 

O mundo tem hoje mais de 60 milhões de refugiados, o maior número desde a Segunda Guerra Mundial. 80% deles encontram-se em países do terceiro mundo, que dispõem de poucos recursos para uma ajuda financeira. Isto faz com que a reintegração destas pessoas à sociedade possa levar anos e, até que isto ocorra, talentos são desperdiçados e vidas são colocadas em pausa.

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Buscando uma solução para minimizar este problema, o húngaro Balázs Némethi, um Global Shaper pelo World Economic Forum, fundou a Taqanu, cujo objetivo é possibilitar que qualquer um que tenha um smartphone possa estabelecer uma identidade digital confiável e, com isso, ter acesso a serviços bancários básicos. A ideia nasceu em 2015, quando a Hungria construiu cercas para evitar que refugiados cruzassem suas fronteiras e entrassem no país. Balázs morava na Noruega e tinha vergonha quando as pessoas lhe perguntavam por que seu país estava agindo daquela forma. Decidiu que faria algo para ajudar aquelas pessoas.

Balázs gosta de definir a fintech que criou como um banco para pessoas sem endereço fixo. Ao contrário dos bancos tradicionais, que seguem políticas de KYC ("Conheça seu cliente") que desqualificam a grande maioria dos imigrantes, o húngaro pretende que a Taqanu se torne um banco tão acessível quanto uma conta de email. No início ela vai oferecer um cartão de débito e crédito, mas posteriormente pretende oferecer outros serviços financeiros. Para a emissão, basta efetuar o cadastro no aplicativo, que traz uma solução de identificação e verificação digital (ID&V), que  usa as mais avançadas tecnologias de Analytics, Big Data, Inteligência Artificial, além de funcionalidades próprias dos smartphones, como biometria e geo-localização. A startup usa uma rede blockchain que, com o passar do tempo, poderá abrir dados para que os governos possam planejar ações para melhorar a vida dos refugiados.

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Um dos primeiros focos da Taqanu são os refugiados que recebem dinheiro de organizações filantrópicas. Na grande maioria, eles recebem as doações em cheques e precisam trocá-los por dinheiro em corretoras/finaceiras, que cobram altas taxas para fazer a conversão. Com o cartão da Taqanu eles poderão receber o crédito no cartão e ir usando na medida em que for necessário, sem ter que pagar pelas altas tarifas a que são submetidos atualmente.

A fintech estará operacional em muito breve e já tem sido destaque na mídia mundial, além de ter recebido auxílio pro-bono de algumas grandes empresas, como a Microsoft. A Taqanu, que significa "estar seguro" numa língua antiga falada no Império Acádio, cerca de 2.000 a.c, onde hoje é a Síria, é uma das startups cuja evolução vale acompanhar de perto, pois tem o potencial de ser uma fintech com impacto global, mudando a vida de milhões de pessoas.

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