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Inovação e tecnologia no mundo das startups

'Responsabilidade e empreendedorismo são sinônimos', diz Bel Pesce

Empreendedora acaba de lançar seu novo livro, 'A Menina do Vale 2'

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

"Não existe fórmula mágica para o sucesso", avisa a paulistana Bel Pesce, de 26 anos, uma das empreendedoras mais famosas do País. É essa mensagem que ela espera passar para os leitores do seu novo livro A Menina do Vale 2,lançado no último sábado na Bienal do Livro, em São Paulo,pela Editora LeYa (uma versão gratuita do livro com parte dos capítulos está disponível para download na internet).

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Para quem não lembra da história impressionante de Bel Pesce, ela ganhou fama com um currículo invejável: formou-se em Engenharia Elétrica, Engenharia da Computação, Economia, Administração e Matemática pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) com apenas 23 anos e trabalhou em grandes empresas como Google e Microsoft. No Vale do Silício empreendeu e lançou cinco empresas. Ficou famosa com sua última empreitada, aLemon, aplicativo para celular que funciona como carteira digital.

Com base nessa experiência ela escreveu o primeiro volume do livro A Menina do Vale, que foi um sucesso: vendeu mais de 50 mil cópias e teve dois milhões de downloads. Esse retorno motivou Bel a fazer as malas no início do ano passado e voltar para o Brasil para abrir a escola FazINOVA (veja a matéria que eu publiquei sobre o projeto no Link no ano passado), que oferece cursos presenciais e online de empreendedorismo e desenvolvimento de habilidades pessoais. O negócio cresceu sem ter recebido investimento, ganhou uma sede nos arredores da Avenida Paulista e já soma quase 45 mil alunos.

Foi essa experiência brasileira, a primeira de Bel como empreendedora em tempo integral, que inspirou o novo livro A Menina do Vale 2. "Queria mostrar mostrar de forma muito simples o quanto responsabilidade e empreendedorismo são sinônimos", diz.

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(Bel Pesce tem um canal de vídeos com dicas de empreendedorismo no YouTube)

Bel segue nos próximos dias para um tour pelo Brasil para divulgar o novo livro - um projeto que está sendo financiado por crowdfunding (saiba mais aqui). Em paralelo, trabalha para desenvolver uma plataforma educativa que funcionará como um "guia completo para as pessoasrealizarem seus sonhos", segundo ela. Antes disso, Bel, que ainda tem no currículo o livro Procuram-se Super Heróis, bateu um papo com o Start:

Qual a diferença desse livro para o primeiro A Menina do Vale?O segundo livro foi escrito em um momento no qual pela primeira vez estava 100% empreendendo. Quando eu estava no exterior, eu criei outros negócios, mas tinha empregos que me sustentavam. Só aqui no Brasil me dediquei 100% a empreender e é uma responsabilidade muito grande. Queria mostrar de forma muito simples o quanto responsabilidade e empreendedorismo são sinônimos. Empreender está glamourizado demais e quero desmistificar. Não existe fórmula mágica para o sucesso. Muita gente acha que empreendedorismo é para quem não quer ter chefe e quer trabalhar menos. Isso não existe. Você vai ter que trabalhar muito se abrir uma empresa para quem sabe ter uma rotina mais tranquila lá na frente.

Seu livro é muito focado em atitude, quando muito das queixas no mercado hoje em dia sobre empreendedores são sobre a falta de conhecimento sobre gestão. Por que escolheu essa abordagem?Há cada vez mais conteúdo incrível disponível para o empreendedor dar o primeiro passo no seu negócio, mas isso é só 1% do necessário. Outros 99% são sobre a sua atitude perante o negócio, seus funcionários e clientes. Esse livro foca muito na importância dessa responsabilidade. A pergunta que eu mais escuto em disparado em todas as palestras que eu dou é: "Tenho uma ideia de negócio. Como dou o primeiro passo?"No começo é tudo um oba-oba, porque você está criando um produto ou serviço e acha que é tudo fácil. Mas o empreendedor precisa saber que vai tropeçar e terá que levantar, que precisa conseguir a melhor equipe, ter dinheiro para pagá-la e assumir as responsabilidades difíceis.

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Qual o impacto espera gerar com esse livro? As duas coisas que mais poderiam fomentar empreendedorismo no Brasil são mudanças no lado burocrático e no modo de pensar das pessoas. O livro quer ajudar nisso. Se histórias de sucesso e fracasso verdadeiras forem divulgadas, mostrando o real desafio de empreender, vão ajudar a desmistificar bastante a ideia de que uma startup pode ser vendida do dia para a noite. Outro ponto importante está relacionado a aceitar o erro. Se você realmente quer inovar, vai se ver diante de situações para as quais não sabe a resposta e, pela probabilidade, se tiver que tomar 20 decisões, certamente algumas serão erradas. Acho importante criar uma cultura de empreendedorismo com pé no chão. As pessoas querem se tornar o novo Mark Zuckerberg do dia para a noite e ele é um caso totalmente fora da curva.

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O que mudou na sua percepção sobre o mercado brasileiro de startups depois que voltou a morar no Brasil? Eu tenho uma visão boa. Somos um povo que corre atrás, criativo. Há muitos empreendedores criando coisas legais, mas o que tenho sofrido é para encontrar talentos. É muito difícil achar pessoas que trabalham com a cabeça de dono, que tomam para si a responsabilidade. A maioria tenta tirar a maior vantagem possível de uma situação fazendo o menor esforço.Precisamos de gente que quer trabalhar pesado. Tem empresa que coloca como meta principal levantar capital antes de fazer qualquer outra coisa. As pessoas querem uma fórmula mágica para dar certo, mas isso não existe.

Falando sobre a importância de errar, sua história é bastante conhecida pelos sucessos, mas quais foram os erros que te ajudaram a crescer?Vários. Uma questão são as empresas que eu já comecei. A Lemon foi minha quinta empresa, mas ninguém nem ouviu falar das outras, porque nenhuma deu certo. Mas elas são tão importantes para mim quanto a Lemon, porque foi com essas empresas que aprendi muitas coisas. Um delas, por exemplo, era uma plataforma de perguntas e respostas chamada "What if..." Busquei tantos feedbacks de pessoas sobre o negócio que depois não conseguia trabalhar e isso acabou me travando.

Quais as dicas que você deixa para os leitores do Start?Em um dos capitulos do livro eu falo sobre metas pessoais e objetivo de um negócio. Muitas vezes as pessoas trabalham em lugares nos quais o objetivo do negócio não tem nada a ver com a sua meta de vida. Muito de eu ter acelerado o desenvolvimento da minha carreira tem a ver com o fato de sempre ter tido um alinhamento muito grande das minhas metas pessoais com a dos negócios nos quais trabalhei.Outra dica é ter um plano de longo prazo. A galera é muito afobada e se atropela. O mundo está mudando rápido, mas as pessoas precisam ter planejamento de longo prazo e construir alicerces para sua carreira ou negócio perpetuar. Por fim, outro capítulo do livro fala sobre a importância de dizer não. Não adianta dizer sim para tudo e depois não conseguir entregar o resultado.

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