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Inovação e tecnologia no mundo das startups

Entrevista: 'Aceleradoras não são o único caminho para impulsionar startups'

Nitin Dahad, editor da revista “The next silicon valley”, fala sobre tendências, negócios e inovação

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:

Na semana passada, o Governo do Reino Unido promoveu no Brasil o evento "Tecnologia da Informação para um Mundo Digitalmente Conectado", no qual reuniu especialistas em tecnologia da informação para falar sobre suas experiências com a internet das coisas e discutir como a tecnologia pode melhorar a qualidade de vida das pessoas nas cidades de hoje e do futuro.

 

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Entre os convidados estava Nitin Dahad, consultor em tecnologia do governo britânico. diretor da consultoria TechSpark, que também dá suporte a startups, e editor da revista "The next silicon valley", que fala sobre inovação.

Após o evento ele conversou com o Start sobre o ecossistema de startups do Reino Unido, tendências para os próximos anos, oportunidades de negócio e inovação.

O que podemos aprender com a forma como o Reino Unido tem desenvolvido o mercado de startups?O Reino Unido temvivido nos últimos anos uma onda de empreendedorismo, e isso é resultado do crescimento da inovação e do ecossistema de startups, que já existia em centros como Cambridge e Bristol, e agora existe em lugares de Londres como Tech City. A receita do sucesso é baseada em uma já forte tradição de pesquisa em inovação e tecnologia nas universidades. Este talento é agora melhor apoiado pela indústria e pelo o mercado de venture capital e investidores-anjos, que encorajaram a criar uma melhor cultura de startups no Reino Unido.

Para qualquer ecossistema de startups ser bem-sucedido, as pessoas precisam estar abertas a compartilhar, confiar e colaborar. Você precisa de uma mistura de ideias, empresas, universidades e financiadores para torná-lo atrativo e inspirar empreendedores a perseverar.

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O Reino Unido tem investido bastante em startups da área de saúde, enquanto no vale do Silício há um boom da economia compartilhada. Você veio ao Brasil falar sobre comunicação entre máquinas (M2M) e a internet das coisas. Essas são as maiores tendências tecnológicas para startups nos próximos anos? Como elas podem transformar o mundo? A onipresença da comunicação móvel é sem dúvida a maior tendência, que permite todo um mundo novo de oportunidade de negócios para startups, e, sem dúvidas, para o nascimento de negócios "disruptivos", como Uber e outras empresas.

A internet das coisas é a tecnologia-chave para direcionar a inovação nos próximos anos. As oportunidades de negócio serão infinitas e dependem da infraestrutura de comunicações subjacente e da disponibilidade de serviços baseados na nuvem. Esse potencial de "vida inteligente" certamente transformará a maneira com que vivemos, trabalhamos e brincamos.

Quais são os maiores desafios e oportunidades para empreendedores com ainternet das coisas? Como eu disse anteriormente, são oportunidades infinitas. O ambiente de hoje é bastante simples para o desenvolvimento de produtos ou serviços na área, contato que exista uma infraestrutura de comunicação e acesso a serviços de armazenamento de dados. Os desafios fundamentais serão conseguir o preço e modelo de negócio ideais (descobrir quanto o consumidor estará disposto a pagar) e também criar alguns padrões de comunicação para os aparelhos, uma vez que haverá bilhões de aparelhos enviando dados uns aos outros.

O Brasil teve um "boom" de aceleradoras de startups nos últimos anos. Isto é importante para a maturidade e desenvolvimento do mercado? As aceleradoras não são o único caminho para impulsionar um mercado de startups. É necessário haver uma mudança cultura e de atitude por parte das startups. Um ecossistema saudável de inovação e startups depende de uma cultura de compartilhamento, confiança e colaboração e é ativada pela proximidade das pessoas com idéias, empresas, companhias, universidade e financiadores. Isso é o que ajuda a inspirar empreendedores. Um ecossistema de startups saudável é não apenas um espaço físico, mas também um estado de espírito. A cultura deve permitir aos humanos misturar os ingredientes básicos de inovação - ideias, talento e capital - de maneiras continuamente produtivas.

O que impede as startups em mercados emergentes como o Brasil de ter uma maior presença global? Iniciativas governamentais como os programas Start-Up Brasil e Startup Chile ajudam no desenvolvimento do mercado? Minha experiência no Brasil mostra que a maioria das startups não tem perspectiva ou visão internacional desde o começo - algo que é muito diferente no Reino Unido, onde as startups de tecnologia têm a intenção de atingir o mercado internacional desde o primeiro dia. Há, claro, diferenteças entre o Reino Unido e o Brasil. O Brasil já tem enormes oportunidades de mercado por si só. Mas com a globalização e a virtualização dos negócios, o Brasil não pode ignorar mercados internacionais e deve abordar a necessidade de ser mais voltado para o exterior para que possa realmente fazer parte do ecossistema global de tecnologia e inovação.

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