PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Inovação e tecnologia no mundo das startups

Nova aceleradora de SP, Gema vai lançar programa inédito no Brasil

Criada por Luisa Ribeiro, ex-Papaya Ventures, a Gema vai acelerar startups de B2B ao longo de 18 meses

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

Em meados de junho, quando a aceleradora Papaya Ventures, parceira do programa Start-Up Brasil, precisou ser substituída pela Pipa após anunciar o fim das suas atividades por divergências entre os sócios, Luisa Ribeiro, fundadora da aceleradora, afirmou que já estava trabalhando em outro projeto.

PUBLICIDADE

:::Siga o Start no Twitter: @StartEstadao:::

Na próxima quinta-feira, 14, ela lança oficialmente sua nova empreitada, a aceleradora Gema Ventures, que traz uma proposta inédita: acelerar exclusivamente startups de B2B por um período de 18 meses. Em média, as aceleradoras brasileiras realizam programas de seis meses de duração. Esse tempo é ainda menor nas aceleradoras americanas, que chegam a ter programas que duram dez semanas.

"Nossa realidade é bem diferente da americana. O que a gente via acontecer na Papaya é que em seis meses as startups tinham um progresso absurdo, mas continuavam precisando de suporte depois que a aceleração acabava", diz Luisa, que bateu uma papo com o Start para dar mais detalhes sobre o novo projeto (veja abaixo).

O problema, segundo ela, é que ao mesmo tempo que muitas startups têm uma boa estrutura para desenvolvimento de seus produtos ou serviços, elas são carentes de conhecimento na área de gestão. Com base nisso, Luisa criou um programa no qual durante os seis primeiros meses as empresas escolhidas passarão pelas etapas comuns dos programas de aceleração, como workshops e cumprimento de metas semanais de desenvolvimento do negócio.

Publicidade

Nos 12 meses seguintes, a Gema se dispõe a cobrir todos os custos relativos ao registro da empresa, a oferecer assessoria contábil e jurídica, e auxílio com toda a burocracia necessária para a criação e o desenvolvimento do negócio.

"Dessa forma nós damos um conforto para o empreendedor focar suas energias no produto dele, ao mesmo tempo que mitigamos riscos para nós e para os futuros investidores garantindo que todo processo de implantação da startup será feito direitinho", diz.

A proposta da Gema vai de encontro ao que parece ser uma nova tendência entre as aceleradoras: oferecer suporte por mais tempo para as startups. Recentemente falei aqui no Start da Estarte.me, aceleradora que acrescentou etapas de pré e pós-aceleração ao seu programa.

O investimento que a Gema fará em cada empresa também será maior, de cerca de R$ 100 mil, ante uma média de R$ 20 mil nos programas de aceleração com menor duração. A Gema calcula ainda outros R$ 200 mil na forma de serviços. Em troca, cobrará uma participação média de 15% nas startups aceleradas.

A Gema deve realizar pelo menos duas turmas de aceleração por ano, cada uma com oito startups, em um espaço próprio na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo.

Publicidade

Luisa não revela quem são os investidores que se associaram a ela na nova aceleradora nem o valor do investimento no projeto, mas afirma que a Gema está preparada para manter o funcionamento do programa nos primeiros três anos.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

As inscrições para a primeira turma de aceleração, que terá início em outubro, já estão abertas no site da Gema.

Confira os principais trechos da entrevista com Luisa Ribeiro:

Como surgiu a ideia de criar esse novo modelo de aceleração?Veio de muitas lições aprendidas com a Papaya (Ventures, aceleradora) e as empresas com as quais trabalhamos.É um modelo super novo dentro e fora do Brasil e que ainda está em construção. O que nós víamos acontecer muito com as startups na Papaya era que em seis meses elas tinham um progresso absurdo, começavam a gerar resultados, mas continuavam precisando de suporte após a aceleração, porque os empreendedores precisavam vestir o chapéu de empresário e ter uma estrutura profissional para atender clientes e etc. Nos EUA, há investidores-anjo preparados para ajudar nisso, mas no Brasil ainda há um gap.Nossa intenção é dar um conforto para o empreendedor ter mais tempo de focar energia no produto dele, ao mesmo tempo que mitigamos riscos para nós e para os futuros investidores garantindo que todo processo de implantação da startup será feito direitinho

Existe uma tendência de ampliação do tempo de aceleração? A Estarte.me fez algo parecido....Inicialmente as aceleradoras brasileiras se inspiraram nas aceleradoras do exterior, mas hoje estão todas passando por uma fase de adaptação, algumas optando por startups mais maduras, outras tentando resolver problemas que o modelo americano não resolve. E os investidores, por outro lado, precisam encontrar projetos prontos nas fases em que eles investem, então temos que construir essa cadeia de um jeito que funcione para nós.

Publicidade

O projeto da Gema colaborou de alguma forma para o fim da Papaya Ventures?  Ele veio com o fim. Ele poderia ter sido uma evolução da própria Papaya, mas por decisão dos sócios descontinuamos (a sociedade e aceleradora), aí fiz esse projeto com outros sócios. Esse projeto não foi o problema central, a sociedade foi se desconstruindo naturalmente.

Por que o foco será exclusivo em negócios da área de B2B?A aceleradora tem o modelo de negócio dela também e precisa sair desses investimentos em algum momento e recuperá-los no longo prazo. Nós entendemos que no Brasil negócios de B2B são mais concretos e viáveis para saída do investimento do que negócios B2C, que exigem primeiro uma base gigantesca de usuários e apresentam uma saída mais complicada. Não temos IPOs (sigla para abertura de capital, em inglês) aqui como lá fora, então são negócios que dependem de aquisição, que têm um timing mais demorado. No B2B, você pode ter receita desde o primeiro dia e consegue se pagar mais rápido.

Como será o processo de aceleração?O processo de inscrição no site é super simples e a partir dele faremos a primeira triagem. Chamaremos as escolhidas para uma primeira entrevista e, depois, selecionaremos algumas para se apresentar a uma banca de jurados. A gente vai fazer turmas, com um processo seletivo formal, mas isso não significa que não estaremos olhando projetos ao longo do ano. A gente espera também sentar e conversar para conhecer melhor esses empreendedores ao longo do ano para que os dois lados possam decidir se querem trabalhar juntos. Temos uma capacidade para até dez startups por turma, mas vamos trabalhar com oito. Não temos nenhuma restrição a empresas de fora do Brasil.

Pretende se inscrever para voltar a participar do programa Start-Up Brasil?Isso será inevitável. Temos um bom relacionamento com a organização do programa, continuamos dando apoios para as startups que eram da Papaya dentro do Start-Up Brasil e vamos inscrever a Gema no próximo edital.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.