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P2P e cultura digital livre

O atalho para a cauda longa dos discos

Jovens de SP criam o site Loja de Discos, um buscador de vinis em lojas e sebos

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:
 

Enquanto a música digital cresce -- legal ou ilegalmente -- e o CD ruma para o rol das mídias obsoletas, o vinil se mostra como a mídia definitiva de música -- pelo menos no mundo físico.

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Já não é de hoje que as gravadoras têm investido em lançar e relançar bolachas em formatos luxuosos, próprias para quem ainda faz questão de ter o produto em mãos. E, enquanto o novo mercado de bolachas começa a girar, quem vive de bolachas antigas também começa a ter trabalho para tirar a poeira.

E o trabalho agora ficou mais fácil. Três jovens paulistas acabam de colocar o ar o Loja de Discos, site que funciona como um buscador que agrega acervo de lojas e sebos para encontrar vinis. Compradores de bolachas, os três se depararam com a dificuldade em encontrar os discos que procuravam -- achar discos antigos demanda sorte e muita sola de sapato.

Resolveram, então, seguir os moldes da Estante Virtual, agregador de sebos já bem conhecido, e levar a ideia para o mundo dos vinis. Foi quase um ano de planejamento para o lançamento do site, que hoje tem 30 sebos cadastrados -- há um mashup no Google Maps para localizar as lojas físicas, caso o comprador queira ver a mercadoria ao vivo.

O P2P conversou com o trio Rodrigo Bueno, Fernanda Alteff e Vinicius Aguiari para saber mais sobre o projeto:

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Como surgiu a ideia?Vinícius Aguiari: Surgiu da necessidade de conseguir material com mais facilidade. Sempre frequentei feiras e sebos e comecei a perceber que faltava no mercado uma ferramenta para otimizar este trabalho de garimpo.

Fernanda Alteff: A crescimento do mercado de comércio online, os sites de compra coletiva e de outlet virtual foram uma inspiração. Estamos trabalhando na ideia há quase um ano.

Qual é o público do site?Vinicius: Amantes de música de uma forma geral. Desde os mais velhos, saudosos do bolachão, até a galera que está chegando agora neste universo. Nós acreditamos que o mercado de discos tem muito para crescer.

Fernanda: Temos falado com lojistas de discos, com sebos, DJs, colecionadores, vendedores de vitrola. Tem um público grande que andava desamparado pelo mercado"

Vocês costumavam comprar discos? Qual é a dificuldade?Rodrigo Bueno: Aprendi a gostar de vinil em casa, com meu pai. Cresci nos anos 80 e os discos sempre estiveram entre meus presentes de Natal, de aniversário. Aos poucos, fui 'roubando' a coleção do meu pai e hoje vejo que o mercado está se reaquecendo. Queremos aproveitar este momento.

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O que vocês acham do vinil como mídia? Ele voltou para ficar definitivamente?Vinicius: Determinar a morte de uma mídia ou outra é muito difícil, mas do ponto de vista do mercado, o CD é quem vai ficar pior das pernas. O vinil oferece uma experiência ao se ouvir música totalmente diferenciada, desde o momento em que se pega a capa até a hora de virar o disco. Você pode ter 20 mil MP3s em seu HD, mas colocar um disco no tocador é mais prazeroso, relaxante, introspectivo. É diferente de ouvir música enquanto se troca mensagens no Gtalk.

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Vocês acham que o lançamento de vinis novos pode revitalizar a indústria fonográfica ou, pelo menos, garantir o sustento da música vendida em mídia física?Rodrigo: A tendência é esta. Muitos artistas independentes estão lançando seus trabalhos também no formato vinil. Acredito que o usuário deverá escolher formatos digitais para 'provar' novas músicas e optar pela mídia física para colecionar seus álbuns favoritos.

Vinicius: Um sinal de recuperação do mercado é a reabertura da PolySom, única fábrica de discos de vinil da América Latina, situada no Rio de Janeiro. Comemoramos muito esse renascimento.

Uma coisa interessante neste sistema é que ele é a representação da cauda longa: é possível encontrar qualquer discos, dos mais vendidos às raridades, com a mesma facilidade. Vocês acreditam que esse sistema funciona para outros produtos? Rodrigo: Com certeza, a internet está repleta de grupos de colecionadores que se reúnem para trocar produtos e experiências, desde colecionadores de relógio até apreciadores de antiguidades. Os discos são mais um pedaço desse cauda. Fernanda: Os sites de comércio online especializados em nichos específicos estão pipocando por aí. Além do mercado de livros e vinis, já vemos algumas experiências na área de vestuário (brechós) e automóveis. Como está a recepção das lojas?Fernanda: Muito boa. A princípio estamos focando o mercado de São Paulo, mas já existem contatos sendo abertos em outros estados. O interessante é que qualquer pessoa pode se cadastrar e já postar seu acervo. Não é preciso contato pessoal. A relação toda se dá de forma virtual.

As lojas já entendem o comércio online?Rodrigo: A maioria tem uma presença na rede muito tímida. Aos poucos estamos atraindo esse público que quer entrar de fato neste mercado.

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Vinicius: O site disponibiliza um domínio para o vendedor que pode ser usado como sua Loja Online. Isso tem sido um atrativo.

Qual é a responsabilidade do site no caso, por exemplo, de compras mal-sucedidas, ou de problemas? Fernanda: A responsabilidade da entrega do produto é sempre do vendedor. Não intermediamos nenhuma compra.

Rodrigo: Vale lembrar que, para indicar os melhores vendedores, disponibilizamos um sistema de avaliação. Com o tempo, este mercado virtual se autorregula e os bons vendedores mais estrelados deverão atrair mais compradores.

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