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P2P e cultura digital livre

Seu download pode custar um emprego. Pode mesmo?

Relatório diz que compartilhamento de arquivos e pirataria já provocaram a demissão de 185 mil pessoas

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Antes de baixar algum filme, pense nisso: sua atitude pode fazer que 1,2 milhões de pessoas percam seus empregos nos próximos anos.

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O aviso alarmista vem de um estudo divulgado na semana passada pela Tera Consultants. Encomendado pela Câmara Internacional de Comércio, o relatório diz que os downloads feitos pelos europeus provocaram um prejuízo de US$ 13 milhões à indústria - e esse número, convertido para empregos, pode ter feito com que 185 mil pessoas já tenham sido mandadas embora.

Segundo o estudo, as indústrias da criatividade são responsáveis por 6,9% da economia européia e por aproximadamente 14 milhões de trabalhadores.

Por causa da pirataria - o estudo inclui não só downloads ilegais e venda de pirataria física, mas também a troca de arquivos P2P -, o setor registrou em 2008 perdas de 10 bilhões de euros.

 Foto: Estadão

O relatório classifica a queda da indústria da música como 'dramática'. Entre 2004 e 2008, a venda de discos físicos caiu 36%. A venda de música digital, por sua vez, progrediu, mas ainda gera lucros 'limitados'.

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E o cenário tende a piorar. O estudo faz uma relação direta entre o aumento do acesso à intenet rápida na Europa e as perdas na indústria cultural. Além disso, a tendência é que aumente também a digitalização dos produtos culturais. A pirataria física deverá ser responsável apenas por uma 'pequena parte' de toda a pirataria - o resto fica a cargo dos cidadãos que usam a rede para baixar e trocar arquivos.

 Foto: Estadão

O relatório faz a projeção: em 2015, os prejuízos estarão na casa dos 240 bilhões de euros e custarão 1,2 milhão postos de trabalho. "No nosso ponto de vista, compartilhamento de arquivos é apenas um outro nome para roubo", disse à Associated Press Agnete Haaland, chefe da Federação Internacional de Atores.

O relatório só não deixa claro o que é que deve ser feito para impedir essa queda 'dramática'. Mais: ao contabilizar os valores, o estudo se esquece que nem todas as pessoas que baixam estão dispostas a pagar por conteúdo - nem todos os discos baixados seriam comprados. Além disso, o dinheiro que não foi gasto com isso pode ser aplicado em outros setores da economia.

De qualquer maneira, o relatório chama a atenção para uma coisa: ou a indústria muda ou ela será engolida por sua própria desatualização.

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