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P2P e cultura digital livre

Um caminho alternativo entre o indie e o mainstream

Dentro de um simpático sobrado na Vila Mariana, em São Paulo, há um estúdio. De lá, além de produções de artistas como Rita Lee, também está saindo uma empresa que promete ser uma "nova forma de licenciamento musical". A maneira como a empresa se vende motivou minha visita. Lá, seus três sócios - Arthur Abrami, Maurício Herszkowics e Apollo 9 - mostraram para mim o que afinal era aquilo. É a Punks S/A, empresa que funciona como uma editora musical para lançar novos artistas em plataformas comerciais, como propagandas e programas de TV. O grupo norte-americano MGMT é uma das bandas que ganharam dinheiro com a plataforma.

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

A empresa é o braço brasileiro da nova-iorquina Jingle Punks, surgida em 2008 e que, depois de um investimento em 2010, já tem mais de 3 mil artistas, com um acervo de mais de 30 mil músicas. Mais de 100 novas faixas são adicionadas todos os dias. Esse catálogo é usado por agências de publicidade e emissoras para fornecer trilhas sonoras mais baratas (afinal, o preço é menor do que usar uma música de um grande compositor) e de mais qualidade do que as chamadas "trilhas brancas", produções gratuitas que soam como músicas de espera de call center.

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A Punks analisa um a um os sons e as bandas que entram para o catálogo. Tudo é tagueado. O acervo de músicas fica em uma plataforma fechada, bem parecida com o Pandora em seu sistema de recomendações. As tags podem ser desde o estilo musical até referências cinematográficas. Quando demonstraram, os sócios procuraram por "Tarantino". O sistema apresentou sons com tom de Velho Oeste. Procurei por "Beatles". Apareceram várias bandas com referências sessentistas. Nenhum nome conhecido - só artistas novos, com músicas próprias e gravadas com qualidade.

O sistema serve para facilitar a busca por trilhas específicas. Se uma música é usada, a banda fica com 50% e a Punks com os outros 50%. A divisão só funciona para os trabalhos gerados dentro da plataforma. A banda continua dona de sua música e pode fazer o resto da maneira que quiser.

O sistema da Punks não é incompatível com ferramentas de licenciamento alternativo, como Creative Commons. Se um artista registra um álbum com uma licença para uso não-comercial, por exemplo, sua música pode continuar sendo compartilhada online. Eles também dizem que esse sistema é mais rápido do que o modelo tradicional de cobrança de direitos autorais no Brasil. E não há briga: a empresa opera em conformidade com as entidades arrecadadoras de direitos autorais.

"Nós temos essa coisa de correr atrás, como um selo", diz Apollo 9. Agora buscam bandas brasileiras. Os paulistanos Single Parents estão entre os que entraram para o acervo. O modelo parece promissor porque é alternativo e conciliatório. Um artista pode disponibilizar seus discos para download livre, mas ganha agora mais uma opção para ajudá-lo a viver de música.

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Ecad francês é parceiro do Creative Commons No Brasil, as instituições de direitos autorais costumam se opor a medidas de flexibilização como o Creative Commons. Dizem que são "pressões internacionais" que "ameaçam a cultura brasileira". Mas o Ecad francês, a Sacem, assinou um acordo com o CC para a difusão de obras. O acordo, que permite a circulação de obras sem fins comerciais, foi celebrado pelas duas organizações.

Mais uma baixa para o Grooveshark Depois de sair do ar na Alemanha e de ser ameaçado por um processo bilionário movido pela Universal, o Grooveshark está sendo pressionado na Dinamarca. Um grupo de empresas conhecido como RettighedsAlliancen pediu à Justiça que ordene os provedores de internet a suspender o acesso ao site. Segundo eles, o Grooveshark não tem contratos nem licenças para operar.

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