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P2P e cultura digital livre

YouTube, copyright e uso amigável

Blogueiro mergulha nos critérios para suspender conteúdo protegido no YouTube

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Volta e meia o YouTube suspende conteúdos que infringem direitos autorais. Podem ser trechos de filmes, clipes com trilha sonora, ou mesmo novos vídeos que usam colagens de outros trabalhos -- e que poderiam ser incluídos no conceito de "fair use" da lei americana, mas são classificados como infratores e removidos.

 Foto: Estadão

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Quais são os critérios? O programador e escritor Jeff Atwood, do blog Coding Horror, questionou isso. E a análise que ele fez é tão interessante que merece ser postada aqui.

Para começar, Atwood sempre questionou a relação do YouTube com o copyright. "Dos vídeos que você assistiu no YouTube, quantos deles tinham conteúdo original?", questiona. Poucos. E, mesmo assim, o YouTube adota uma postura linha-dura com conteúdo protegido.

"É, talvez, o último caso de dissonância cognitiva: pelas próprias regras do YouTube, o YouTube não poderia existir. E ele existe". Segundo Atwood, o YouTube não faz nenhum esforço para verificar se o conteúdo é original ou está incluso no fair use. O conteúdo  fica lá até que o detentor dos direitos autorais reclame. E, quando reclama, consegue a remoção.

Na época em que fez esses questionamentos -- 2007 -- ele disse que o YouTube nunca seria capaz de resolver esse problema através da tecnologia. Mas é.

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Há poucos dias, Atwood subiu no YouTube um pequeno trecho do filme Better Off Dead. A ideia era usar o vídeo em uma postagem no blog. "Isso é em essência o 'fair use': um pedaço pequeno do vídeo, apresentado em um contexto maior, um post de blog".

Atwood também subiu outro trecho de outro filme recente, não muito popular, para usar numa postagem futura. E, após uma hora de upload, ele recebeu um aviso de remoção de conteúdo do "YouTube Team", orientando-o a conhecer as regras de direitos autorais do site. "Esse e-mail tanto me fascinou como me assustou", escreveu o blogueiro. Como eles encontram um trecho aleatório de um filme não-blockbuster, após uma hora de upload? "Deveria haver algum tipo de processo automático que cruza o conteúdo postado por um usuário com pedaços de todo o conteúdo protegido há criado, exatamente da maneira que eu pensei que fosse impossível".

Atwood começou a pesquisar. Encontrou o YouTube's Audio Content ID System, relatado por outro usuário que teve conteúdo removido. A remoção foi comum -- o YouTube alegou infração de direitos autorais na trilha sonora --, mas um outro vídeo feito pelo mesmo usuário, uma paródia de comercial de carros, também foi tirada do ar. O usuário tentou trocar a trilha sonora, mas toda vez que tentava fazer o upload era identificado e tirado do ar.

Outra descoberta: a fala "Como o YouTube pensa sobre direitos autorais" de Margaret Gould Stewart, chefe de experiência do usuário do YouTube, no TED. Segundo a explicação, o YouTube compara cada upload a arquivos de referência na sua base de dados.

 Foto: Estadão

O arquivo de referência é comparado ao conteúdo enviado pelos usuários. Essa comparação acontece automaticamente. "Isso significa que nós podemos identificar uma correspondência mesmo se a cópia usa apenas uma porção do arquivo original, o roda em slow motion ou tem áudio e vídeo degradados". Vale lembrar que esse sistema analisa o equivalente a 100 anos de vídeo que são postados todos os dias no YouTube, e os compara a outros milhões de arquivos que estão na base de dados.

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Atwood ficou estupefato. "Quanto mais eu assisto à essa fala no TED, mais eu vejo que a resistência é inútil. O sistema é tão bom que o único jeito de anulá-lo é degradando tanto o áudio e o vídeo que você definitivamente os arruinaria", diz ele, dizendo que ainda tem dificuldades em acreditar nesse distema. "Mas eu tenho uploads bloqueados automaticamente para comprová-los".

Depois de identificada a cópia, é a política do detentor de direitos que determinará o ser feito: bloquear, acompanhar o vídeo ou monetizar. Se o detentor dos direitos optar por bloquear, ainda há uma opção: preencher um formulário de pedido de uso de direitos autorais, alegando ser 'fair use'. Mas, no caso de Atwood, o pedido foi negado.

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