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Acelerar na internet pode ser tendência, mas há como ir mais devagar

Para especialistas, é preciso entender a relação do indivíduo com as tecnologias

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Por Bruna Arimathea
Atualização:
Ferramentas de aceleração de áudio e vídeo são opcionais para usuários Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em tempos em que WhatsApp, Netflix, YouTube e Spotify permitem acelerar a velocidade de reprodução de conteúdos, entender como se relacionar com esses recursos pode aliviar um pouco a sensação de “correria” no cotidiano digital, tentando reduzir o excesso de informações recebidas diariamente.

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Algumas dicas podem ser úteis para entender como dar um respiro na vida digital. O primeiro passo é simples: essas ferramentas de aceleração não são obrigatórias nas plataformas digitais e podem ser acionadas somente a pedido do usuário. Ou seja, existe livre arbítrio.

Outro ponto é analisar a compreensão. Economizar tempo ouvindo um áudio em velocidade dobrada, mas perder metade do entendimento do conteúdo, pode indicar que a ferramenta não é a melhor naquele momento. A dica é usar somente quando você estiver, de fato, com pressa.

“O problema é transformar o uso ocasional em hábito”, explica a psicóloga Andrea Jotta, pesquisadora do Janus (Laboratório de Estudos de Psicologia e Tecnologias da Informação e Comunicação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Vale também entender como a ferramenta impacta a percepção do indivíduo na vida “offline”. “É problemático trazer esse comportamento para a vida ‘real’. Começar a achar as coisas e as pessoas mais lentas é um sinal que exige atenção”, completa a psicóloga.

Em seguida, especialistas recomendam que você olhe para si mesmo para entender se você é um “escravo” ou não das tecnologias. Aqui, a pergunta deve sempre ser: você consegue dizer não a esses recursos? Consegue assistir a um vídeo em velocidade normal?

“A pessoa precisa perceber a própria relação com a tecnologia. Se essa situação de aceleração e de dependência está relacionada ao trabalho e o indivíduo consegue se distanciar, está tudo bem”, explica Michelle Prazeres, professora de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e criadora do movimento Desacelera SP. O problema é não conseguir criar barreiras em momentos de lazer e estar sempre “apressado”.

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A solução para alguns é “ir devagar”, um dos mantras do chamado movimento Slow Web, que segue a máxima de que a internet precisa ser consumida aos poucos. Assim como outros estilos “slow” (na moda e na alimentação, por exemplo), a ideia é não sair vendo tudo o que buscas e redes sociais oferecem de informação. 

Uma das dicas do Slow Web é experimentar passar um tempo sem ver notificações e sem checar redes sociais — apenas concentrado naquilo em que você está fazendo, como ver uma série de televisão. É claro, consumir vídeos e áudios acelerados não entram no manual de como ter uma vida mais “lenta” na internet. 

Em resumo, depende de cada pessoa. “O que temos visto é que, como todo novo fenômeno, vamos ter várias visões. Vamos ter pessoas que vão achar um absurdo e outras que vão achar normal, como se fosse uma evolução do nosso comportamento digital”, conclui Andrea. 

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