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Bilionários no espaço, vazamentos e apagão do WhatsApp: veja os acontecimentos da tecnologia em 2021

Ano foi marcado por escândalos de privacidade e fortalecimento de planos relacionados ao metaverso

Por Rafael Nunes
Atualização:
Jeff Bezos, fundador da Amazon, esteve presente no primeiro voo espacial com humanos da Blue Origin Foto: Joe Skipper/Reuters

Se pudéssemos, todos teríamos saído da Terra em 2021 – não foi um ano fácil para ninguém. Há quem tenha concretizado esse feito: enquanto cresciam os debates sobre regulação e denúncias de desigualdade de renda global, Jeff Bezos, fundador da Amazon e segundo homem mais rico do mundo, entrou em um foguete e foi para o espaço. 

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Mark Zuckerberg adoraria ter pegado uma carona: os Facebook Papers, conjunto de documentos vazados da empresa, revelaram que a rede social está disposta a sacrificar a segurança dos usuários para lucrar. A pressão aumentou e o apagão do WhatsApp, em outubro, escancarou todo o poder da empresa. Para dar uma despistada, o Facebook mudou seu nome corporativo (agora chama-se Meta) e mirou no conceito de metaverso. Seria a chance de um recomeço para o dono do WhatsApp e do Instagram?

Quem vai ter dificuldades de deixar os problemas do ano para trás são os brasileiros, que foram afetados por ondas de megavazamentos e apagões de dados. Se as suas informações não foram expostas e você não foi vítima de uma tentativa de golpe nos últimos meses, você não esteve em 2021. 

Mas o mercado de tecnologia não teve só notícias negativas. Nadando contra a crise econômica nacional, as startups brasileiras tiveram um ano histórico. E o setor viu o nascimento de um gigante: após a maior rodada de investimento de uma startup da América Latina, o Nubank abriu capital e estreou como o mais valioso banco de toda a região, superando nomes tradicionais como o Itaú

A seguir, veja o “resumão” do Link com o que aconteceu de mais importante no mundo da tecnologia em 2021. 

Megavazamentos 

O ano de 2021 tirou a paz dos brasileiros logo em janeiro. O dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da startup PSafe, revelou um vazamento de dados de proporções gigantescas, que expôs informações de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos no Brasil. O megavazamento atingiu algumas das maiores autoridades do País, que foram expostos na internet – entre elas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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O episódio jogou luz sobre uma temporada agitada no mercadão ilegal de informações pessoais. Nos meses seguintes, outros casos vieram à tona, como o vazamento de dados que expôs 100 milhões de celulares em fevereiro, como os de Bolsonaro, do jornalista William Bonner e da apresentadora Fátima Bernardes.

Mudanças na política de privacidade do WhatsApp

O ano foi conturbado para o WhatsApp. Em janeiro, a empresa divulgou uma nova política de privacidade que gerou barulho entre os usuários. Muitos se preocuparam com a obrigatoriedade de compartilhamento de dados entre o app de mensagens e o Facebook, proprietário do serviço. O aplicativo passou a mostrar uma solicitação para aceitar as novas regras: o aviso dizia que os usuários que não aceitassem as novas políticas até 8 de fevereiro de 2021 não poderiam mais usar suas contas – elas ficariam congeladas. 

Pressionado por autoridades de privacidade, o WhatsApp estendeu o prazo para a mudança e, em maio, anunciou que não limitaria mais o app para quem não aceitasse os novos termos. 

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A febre do Clubhouse

O Clubhouse ganhou muita popularidade nos seus primeiros meses de existência, com a ideia de ser uma rede social de áudios ao vivo – em janeiro, a plataforma quase multiplicou por três sua base de usuários. Mesmo numa era em que muitos dispensam mensagens de áudio no WhatsApp e em que a oferta de podcasts é abundante, o app virou febre. 

Contudo, a ideia de exclusividade acabou limitando a rede de crescer – para entrar na rede social nos primeiros meses deste ano, era preciso receber um convite de um usuário já cadastrado e ser usuário de iPhone, duas exigências abolidas ao longo de 2021. Outras redes sociais, como o Twitter, se adaptaram rapidamente à tendência de áudios e lançaram recursos similares de bate-papo ao vivo. 

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Divórcio de Bill Gates

Depois de 27 anos casados, Bill Gates e Melinda anunciaram o divórcio em maio. De acordo com Melinda, o casamento já estava “invariavelmente quebrado” há alguns anos, mas um dos fatores divulgados como fundamentais na separação foi a relação de Gates com Jeffrey Epstein, bilionário acusado de crimes sexuais e morto na prisão antes de seu julgamento, em 2019. 

A fortuna do casal estava estimada em US$ 146 bilhões – os valores da divisão do patrimônio não foram informados nos documentos oficiais. O fim do casamento de Bill e Melinda Gates foi oficialmente firmado em agosto. 

Bilionários no espaço

E os acontecimentos do mundo da tecnologia de 2021 não ficaram restritos à Terra. Richard Branson, fundador da Virgin Galactic, fez uma viagem ao espaço em julho, a bordo da nave Unity. No mesmo mês, Jeff Bezos, fundador da Amazon, repetiu o feito e esteve presente no primeiro voo espacial com humanos da Blue Origin, sua empresa de exploração espacial. 

As viagens dos bilionários alteraram a lógica de visita ao espaço sideral: até então, o ambiente era exclusivo de pesquisadores e pilotos de avião, quase sempre financiados por dinheiro público. Branson e Bezos abriram as portas para o turismo espacial privado, no qual qualquer pessoa precisa apenas desembolsar (muito) dinheiro para viajar além da Terra. 

Apagão do WhatsApp

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Não há como esquecer o dia 4 de outubro. No horário de almoço de uma segunda-feira qualquer, todos os serviços do Facebook, incluindo WhatsApp e Instagram, pararam de funcionar. Durante o que se atribui a uma manutenção de rotina, um erro interno na companhia de Mark Zuckerberg causou uma queda nos servidores que deixou várias pessoas e empresas no escuro, sem comunicação por quase um dia inteiro.

Um dia para se esquecer em muitos sentidos, já que muitas pessoas dependem das plataformas, até mesmo para trabalho. O problema também causou um prejuízo de quase US$ 6 bilhões para o patrimônio pessoal de Mark Zuckerberg, um dos homens mais ricos do mundo. 

Telegram surge no cardápio brasileiro

Rival do WhatsApp, o app de mensagens Telegram invadiu os celulares dos brasileiros em 2021. Com número ilimitado de participantes e ferramentas de divulgação, a plataforma se especializou em não ser só uma alternativa para conversar, mas também um repositório de vídeos e imagens.

Sendo assim, em 2021, o Telegram virou palco para discussões sobre eventos como o BBB 21 e a CPI da covid.

Facebook Papers

No ano que o Facebook atingiu a marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado, a empresa foi alvo de uma das maiores crises de sua história. Um consórcio chamado “The Facebook Papers”, formado por diversos veículos jornalísticos ao redor do mundo, começou a publicar detalhes de documentos confidenciais da companhia de Mark Zuckerberg. Os materiais foram inicialmente divulgados por Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que coletou pesquisas internas da rede social após pedir demissão em maio. 

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O Estadão participou do consórcio, ao lado de veículos como The New York Times, The Guardian e Le Monde, e revelou informações envolvendo o Brasil: os documentos mostraram como o País se tornou, nos últimos anos, um terreno fértil para discurso de ódio, desinformação e ataques à democracia na plataforma.

Metaverso

Em meio ao escândalo dos Facebook Papers, a estratégia de Mark Zuckerberg foi olhar para um outro caminho. A companhia mudou o nome de sua holding (a “empresa-mãe”) para Meta, sinalizando o novo foco de seus negócios no conceito de metaverso. 

O metaverso pretende simular universos em ambientes digitais a partir do uso de realidade virtual e aumentada. A ideia da empresa é ir além das redes sociais, englobando projetos de um novo mundo virtual. 

Fundadores fora

Grandes figuras do mundo da tecnologia abandonaram suas crias neste ano. Depois de seis anos, Jack Dorsey deixou no final de novembro o comando do Twitter, empresa que ele ajudou a fundar em 2006. Em agosto, Jeff Bezos deixou o comando da Amazon após 27 anos.

As saídas têm como pano de fundo uma pressão crescente contra as gigantes de tecnologia. Mais do que apresentações glamourosas de produtos e balanços financeiros estupendos, os CEOs passaram a lidar com críticas envolvendo temas como privacidade, segurança e monopólio. Depor perante congressistas americanos, por exemplo, virou rotina para os chefões – EUA e Europa têm cobrado cada vez mais esclarecimentos sobre concorrência desleal, moderação de conteúdo e funcionamento de algoritmos, entre outras questões. 

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O ano dos unicórnios

O ano de 2021 foi recheado de aportes em startups brasileiras, popularizando as megarrodadas de investimentos (na casa das centenas de milhões de dólares). Consequentemente, o Brasil viu surgir 9 "unicórnios" (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) neste ano, sinal do amadurecimento do setor de inovação do País – ao todo, existem hoje 22 dessas empresas de tecnologia no País.

O mais recente unicórnio brasileiro veio no fim de dezembro: a Facily, uma plataforma que une comércio eletrônico e social commerce para atuar como um hipermercado digital de compras coletivas.

A vez das startups latinas

Em 2021, os bons ventos da inovação chegaram à América Latina como um todo. Pegando carona no ecossistema brasileiro, a região registrou recorde em investimentos em startups neste ano, o que gerou uma nova geração de “unicórnios” (empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). 

Segundo relatório trimestral da consultoria americana CB Insights, o território somou US$ 14,8 bilhões em aportes até setembro – em 2020, o valor foi de US$ 5,4 bilhões, até então o mais alto da série histórica.

Nubank virou adulto

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Depois de levantar um aporte de US$ 1,15 bilhão em junho, o Nubank abriu capital em 2021, simbolizando a força do ecossistema de inovação do Brasil. 

A fintech estreou na Bolsa de Nova York e na brasileira B3. Em moeda local, o Nubank foi avaliado em R$ 233 bilhões, à frente de Itaú (R$ 213 bilhões), tornando-se o banco mais valioso da América Latina. 

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