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Brasil perde 13,7 milhões de linhas de celular em 2016, diz Anatel

Dados da Anatel mostram queda de 5,3% no número de linhas móveis na comparação com 2015; ao todo, País tem 244 milhões de números ativos

Por Bruno Capelas
Atualização:
Brasil encerrou o ano de 2016 com 244 milhões de linhas móveis. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O número de linhas de celular ativas no Brasil registrou queda pelo segundo ano consecutivo: ontem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que as operadoras de telecomunicações perderam 13,7 milhões de linhas móveis ao longo de 2016. Isso representa uma redução de 5,3% na base da telefonia móvel do País, na comparação com dezembro de 2015. Ao todo, 244 milhões de linhas móveis estão em operação no Brasil.

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A queda se acentuou entre novembro e dezembro de 2016, quando 4,3 milhões de linhas foram canceladas. Isso porque o número de linhas ativas no último mês do ano é usado como referência para a cobrança das taxas do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) – que custa R$ 13,41 por linha às operadoras. Por isso, as teles fazem uma espécie de “limpeza” de linhas inativas na base de clientes para evitar a cobrança.

Para analistas, há duas razões para a queda no número de linhas na comparação ano a ano: a principal delas é a redução do “efeito clube” – comportamento de usuários que usavam vários chips de diferentes operadoras para aproveitar promoções especiais, normalmente em planos pré-pagos.

Em 2016, porém, houve a redução da tarifa de interconexão – cobrada quando um usuário de uma operadora faz uma ligação para outra. “Com isso, pessoas que tinham dois chips acabaram abrindo mão de um, pois não fazia mais diferença no custo das ligações”, avalia Pietro Delai, gerente de pesquisas e consultoria da IDC Brasil.

Segundo ele, a crise econômica também é um fator importante, especialmente considerando as linhas móveis contratadas por empresas – a Anatel não faz distinção entre esses dados. “Em 2016, tivemos muitas pessoas que usavam telefones corporativos sendo demitidas das empresas”, diz Delai.

Outro efeito importante é a popularização de aplicativos de mensagens e de voz, como WhatsApp e Facebook Messenger, que acabaram substituindo as ligações de voz e mensagens de texto, antigas fontes de receita principal das operadoras. Em 2015, os mesmos fatores resultaram em uma queda de 8% no número de linhas de telefonia celular, em relação a dezembro de 2014.

Concorrência. No último ano, três operadoras registraram queda de linhas móveis: Oi (12,32%), Claro (8,8%) e TIM (4,25%). A Vivo, por sua vez, teve crescimento de 0,7%, encerrando o ano na liderança, com 73,8 milhões de linhas móveis. Em segundo lugar está a TIM, com 63,4 milhões de linhas, e a Claro, com 60,2 milhões de chips ativos. A Oi, que passa por recuperação judicial, fechou 2016 com 42,1 milhões de chips ativos de telefonia móvel. 

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Questionada pelo Estado, a Oi diz que sua estratégia é de “ter uma base saudável de clientes, com foco na melhoria da receita média do usuário”. Na mesma nota, a empresa afirma ainda que realizou limpeza da base de usuários, eliminando contas inativas. Para a TIM, os números divulgados pela Anatel “refletem o novo comportamento dos consumidores brasileiros, com o crescimento de uso de dados.”

Pré-pago em queda. Outro destaque é o crescimento do mercado de telefonia pós-pago, que encerrou o ano com 79,4 milhões de contas, crescimento de 8%. Já as linhas de celular pré-pagas caíram 10,75%, com redução de quase 20 milhões de linhas, encerrando o ano de 2016 com 164,7 milhões de chips ativos. 

“Na época do ‘efeito clube’, as despesas do usuário poderiam variar entre operadoras, de forma que o pré-pago era algo cômodo”, diz Delai, da IDC Brasil. “Agora que todas as atividades do usuário estão concentradas, faz sentido migrar para um plano pós-pago, que costuma ter condições mais econômicas em planos de dados.”

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No que diz respeito às tecnologias utilizadas pelas linhas móveis, o destaque foi o amplo crescimento do 4G ao longo de 2016: o salto foi de 136%, encerrando o ano com 60 milhões de linhas – em dezembro de 2015, eram 25 milhões. A popularização da tecnologia é incentivada pelo fato de que as operadoras têm oferecido planos de dados em conexão 4G pelo mesmo preço dos planos 3G. 

Outro mercado que cresceu bastante é o de chips utilizados em comunicação “máquina a máquina”, usados em dispositivos da chamada “internet das coisas”. Ao fim de 2016, o crescimento foi de 38,3% na comparação com dezembro do ano anterior. Ao todo, a tecnologia contabiliza hoje 5,4 milhões de linhas. “É um setor que deve tomar um rumo interessante”, diz Delai, da IDC Brasil. 

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