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Canal de ‘unboxing’ gera dúvidas sobre publicidade

Ao mostrar o que há dentro das embalagens coloridas dos brinquedos, vídeos podem fazer publicidade velada

Por Redação Link
Atualização:

Reprodução

por Matheus Mans e Bruno Capelas

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No Brasil, um dos canais mais vistos no YouTube é o Tototoy Kids. Com mais de 1,1 bilhão de visualizações, o canal – que conta histórias infantis e propõe brincadeiras – não conta com nenhum apresentador.

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Tudo é feito por brinquedos, que são movimentados por uma espécie de ‘mão invisível’. Apesar do sucesso, o espaço – que mostra o que há dentro das embalagens coloridas dos brinquedos, prática conhecida como unboxing, do inglês ‘tirar da caixa’ – e seus similares suscitam dúvidas. Ao fazer vídeos com objetos do universo infantil, os canais de unboxing são questionados por fazerem uma espécie de publicidade velada: se não há um anúncio propriamente dito, há pelo menos uma sugestão de que os produtos podem ser adquiridos por crianças. Afinal, se elas tiverem aqueles brinquedos, poderão participar das brincadeiras e histórias mostradas nos canais.

Quando se trata do meio televisivo, a discussão é antiga: as propagandas voltadas para crianças foram proibidas no País em 2014 após uma decisão judicial a favor do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que alegou que a prática é abusiva. No final, acabou sendo proibida qualquer tipo de publicidade dirigida para crianças com menos de 12 anos.

No YouTube, a regulação é um pouco mais complexa. “Nós temos um problema elementar em situações como essa”, informa a assessoria do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) ao Estado. “Precisamos ter certeza de que se trata de uma ação publicitária. Não alcançamos qualquer iniciativa de natureza editorial. Isso vale tanto para um canal no YouTube quanto para uma revista testando, por exemplo, um carro ou um jornal analisando um disco.”

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Para a pesquisadora Bia Rosenberg, no entanto, é preciso ter muita atenção com a prática. “Crianças são mais influenciáveis. A publicidade pode gerar necessidades que não são reais”, analisa.

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