Claro vai lançar sinal de 5G em São Paulo e no Rio na próxima semana

Empresa vai usar faixas de 2G, 3G e 4G para ter primeira rede da nova tecnologia na América Latina; rede será 12 vezes mais veloz que atual, mas não terá 5G ‘pleno’

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:
Rede terá velocidade superior à do 4G, mas não terá todas as vantagens da nova tecnologia Foto: Sergio Peres/Reuters

A tão aguardada tecnologia de internet móvel de quinta geração (5G) já tem data e local para estrear no Brasil. Ela será ativada na próxima terça-feira, 14, em São Paulo e no Rio de Janeiro, com a cobertura restrita a alguns bairros. Esta será a primeira rede 5G da América Latina.

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Por enquanto, a novidade será uma exclusividade da Claro. A operadora decidiu tomar um "atalho" para ofertar a nova geração de internet antes das suas concorrentes. A operadora vai empregar uma tecnologia desenvolvida pela Ericsson que permitirá à tele ligar o 5G nas frequências (espécies de "rodovias" por onde trafegam os sinais) já usadas para 4G, 3G e 2G. A mesma estratégia foi adotada recentemente por operadoras que quiseram antecipar a cobertura em países como EUA, Alemanha e Suíça, por exemplo.

A rede, no entanto, não vai desfrutar de outras vantagens do 5G, como a baixa latência (espécie de tempo de reação entre um pacote de dados ser enviado para a rede e retornar ao dispositivo). É um dos fatores mais importantes para a tecnologia, que pode garantir, por exemplo, a segurança de carros sem motorista nas ruas. 

Leilões

A expansão do 5G em larga escala no Brasil ainda depende do leilão das faixas de frequências que será promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O certame estava previsto para 2020, mas ficou para 2021, ainda sem data definida. Ali serão leiloadas as faixas específicas por onde o sinal do 5G vai alcançar todo o País, sendo que a principal delas será a de 3.500 Mhz. O leilão está atrasado porque a Anatel ainda estuda como evitar que o 5G "trombe" com o sinal de parabólicas, que também usam a mesma frequência.

"Algumas coisas ainda dificultam a expansão do 5G no Brasil. Daí a importância de evoluir a partir das redes já disponíveis", explica Paulo César Teixeira, presidente da unidade de consumo e empresas da Claro. Nessa operação, a Claro vai usar, inclusive, frequências que pertenciam à Nextel, operadora que foi adquirida no início deste ano. "Isso não significa que não vamos participar do leilão. Estamos investindo no 5G dentro de uma fase inicial, que se complementará com o leilão no próximo ano", pondera.

Bairros

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No Rio de Janeiro, a cobertura do 5G começará por Ipanema. Até o fim de setembro, chegará também a Leblon e Lagoa, se expandindo por toda a orla, do Leme até a Barra da Tijuca, passando por Jardim Oceânico, Joá, São Conrado e Copacabana.

Em São Paulo, a cobertura parte da região da Avenida Paulista e Jardins. Na sequência, vai para Campo Belo, Vila Madalena, Pinheiros, Itaim, Moema, Brooklyn, Vila Olímpia, Cerqueira César, Paraíso, Ibirapuera, além de eixos da Berrini e Santo Amaro. Haverá ainda um ponto em Paraisópolis compartilhando o sinal para uso gratuito por moradores da comunidade em projetos de educação e saúde.

A Claro promete que o 5G terá conexões 12 vezes mais velozes que o 4G convencional. Segundo Teixeira, nos testes já foram registrados picos de até 400 megabytes por segundo, valor bem maior que a velocidade média da banda larga no País, na casa dos 50 megabytes por segundo. 

Compatibilidade

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Na estreia do 5G, os brasileiros ainda terão que lidar com a pequena disponibilidade de dispositivos para rodar o 5G no País. Para contornar o problema, a Claro fechou parceria com a Motorola, que lançou na semana passada o Motorola Edge, compatível com a rede. Ele tem tecnologia da Qualcomm e é vendido por aqui a R$ 5,5 mil. 

Apesar da crise provocada pela pandemia do coronavírus, as empresas envolvidas na chegada do 5G disseram estar otimistas. "Muitas empresas cortaram investimentos. Nós estamos fazendo o contrário, aumentando", enfatiza o presidente da Motorola no Brasil, José Cardoso.

Segundo o executivo, as vendas de celulares voltaram a crescer em junho e já estão maiores do que no mesmo mês do ano passado, mesma percepção compartilhada pelo representante da Claro. "As pessoas cortaram gastos ao ficar mais tempo em casa, e o celular virou o seu maior amigo. Há maior preocupação com a qualidade do celular para fins de comunicação, trabalho e lazer. Então vemos uma onda de renovação de equipamentos", observa Cardoso.

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Essa renovação tende a ganhar tração a partir dos próximos meses, com a chegada da nova geração de internet. Pelas projeções da Ericsson, os usuários do 5G serão cerca de 200 milhões ao redor do mundo no fim de 2020, alcançando a marca de 2,8 bilhões no fim de 2025. "Não tenho nenhuma dúvida de que o 5G será a tecnologia mais importante das próximas décadas", afirma o presidente da Ericsson na América Latina, Eduardo Ricotta. A companhia, que tem uma fábrica em São José dos Campos (SP), está investindo aqui R$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento de equipamentos para redes de 5G.

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