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Com 100 mil pedidos por mês, vela virtual é aposta digital do Santuário de Aparecida

Fiéis podem pedir por uma causa pelo site do Santuário; planos da Basílica de se aproximar de devotos na internet também incluem robô de conversa e adequação à Lei Geral de Proteção de Dados

Por Giovanna Wolf
Atualização:
Padre Luiz Camilo Junior, responsável pela comunicação digital da Basílica de Aparecida Foto: Rodolfo Magalhães/ TV Aparecida

Em todo dia 12 de outubro, milhares de romeiros viajam até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), para fazer promessas e agradecer pedidos realizados. Para quem não conseguir se deslocar até o Vale do Paraíba, no entanto, a Basílica Nacional oferece uma alternativa: a vela virtual. Todos os dias, cerca de 3,5 mil velas são acesas digitalmente. O pedido online por uma intervenção divina, em conexão de banda larga com Deus, porém, é apenas a ponta de lança do Santuário para estar mais perto do cotidiano dos fiéis. 

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“A Igreja precisa estar presente no mundo virtual porque as pessoas estão lá também”, diz o padre Luiz Camilo Junior, responsável pela comunicação digital da Basílica. “São muitos os que vêm ao Santuário fisicamente, mas é muito maior o número de pessoas que vivem e rezam Aparecida, mas não podem estar aqui”, diz. 

Para acender uma vela, basta entrar no site da Basílica e procurar pela ferramenta – ou clicar neste link. Na área específica, é preciso preencher uma lista de informações pessoais e, em seguida, digitar as intenções do pedido. Quando o processo for concluído, aparece uma chama na vela ilustrada no site – o fiel ainda pode escolher se sua causa será divulgada num mural pela internet ou se prefere mantê-la privada. 

Interação

A vela virtual nasceu junto com o site do Santuário, há nove anos. “Queríamos criar um espaço em que o devoto possa beber de toda a mensagem de Aparecida também no meio online”, afirma o padre. Apesar de não ser uma ferramenta nova, ela está aos poucos se sofisticando – uma meta para o futuro é usar a tecnologia para fazer com que o usuário não só digite os dados, mas tenha inclusive de riscar um fósforo no site e acender o pavio, para a experiência ser mais real. 

Para o padre Camilo, o fato de a vela ser virtual não significa que ela é apenas um simulacro de uma oração. “A vela virtual possibilita para o devoto uma experiência muito real de fé. Tanto a vela de cera acesa sobre um pires quanto a vela online são símbolos que representam que Cristo é luz dentro de mim”, afirma o padre. 

As velas virtuais, entretanto, ainda estão longe de substituir as velas comuns. Aos finais de semana, o Santuário no Vale do Paraíba chega a receber 300 mil fiéis –segundo a Basílica, são recolhidas em média 10 toneladas de cera aos finais de semana. Em uma estimativa grosseira, é o equivalente a cerca de 400 mil velas palito, cada uma pesando em torno de 25 gramas. 

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Para acender a vela virtual, é precisopreencher uma lista de informações pessoais e digitar as intenções do pedido Foto: Giovanna Wolf/Estadão

Missões

Para desenvolver a tecnologia, o Santuário contou com a ajuda de uma empresa de programação parceira, que também foi a responsável pela criação do portal da Basílica, o A12. A vela virtual fica dentro de uma seção do site chamada Reza no Santuário, que também tem outros recursos como o terço virtual, que auxilia na contagem das dezenas, e a Bíblia online, que disponibiliza os textos do Antigo e do Novo Testamento. 

Para o longo prazo, outro plano do Santuário é criar um robô de conversa para os fiéis que utilizam a vela e o terço virtuais. “Nossa intenção é criar uma experiência como se a própria Maria acolhesse aquela pessoa que iniciou a oração, dando uma resposta de bênção à prece”, explica o padre. 

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Além disso, a Basílica está preocupada com questões mais terrenas, como a privacidade dos dados dos usuários. Afinal, para que uma vela virtual possa ser acesa, é preciso depositar informações pessoais, como nome e e-mail, e dados sensíveis, como as intenções dos fiéis. 

Questionado sobre o tema, Camilo afirma que os dados coletados pela Basílica são protegidos e nunca houve vazamento das informações. “Também estamos trabalhando em conjunto com uma consultoria jurídica para nos adequarmos à Lei Geral de Proteção de Dados”, diz o padre, em referência à lei brasileira que entra em vigor em agosto de 2020. 

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