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Como idosos podem reconhecer notícias falsas e golpes online

É fácil demais acreditar em algo que parece real, mas não é – e pessoas mais velhas estão mais propensas a ter esse problema, dizem estudos; saiba como não cair em fraudes

Por Amy Yee
Atualização:
Os golpes online têm como alvo pessoas de todas as idades, mas os idosos podem ser mais vulneráveis a fraudes se estiverem passando por declínio cognitivo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Inúmeros estudos apontam que, apesar da experiência e da quantidade de estudo, os idosos são particularmente vulneráveis às notícias falsas publicadas na internet, mesmo em circunstâncias normais. Mas o novo coronavírus tornou o problema especialmente urgente. Pessoas mais velhas são mais suscetíveis ao vírus, tornando importante identificar informações confiáveis em relação à saúde neste momento.

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“A veiculação de informações equivocadas sempre aumenta quando há uma confusão maior. Particularmente em torno da covid-19, pode haver um impacto devastador se você receber as informações erradas ”, disse Jean Setzfand, vice-presidente sênior de programas da AARP, um grupo de defesa dos idosos nos Estados Unidos

No entanto, webinars online, aulas e vídeos para ensinar pessoas mais velhas a respeito de informações equivocadas estão surgindo, desde “MediaWise for Seniors” (Uso sensato de mídias por pessoas mais velhas, em tradução livre), um programa desenvolvido pela AARP e pelo Instituto Poynter de Estudos de Mídia, até “How to Spot Fake News” (Como identificar notícias falsas, em tradução livre), uma aula gratuita do Senior Planet, parte da organização sem fins lucrativos Older Adults Technology Services. Aqui, selecionamos algumas dicas vindas desses cursos. Vamos lá? 

Questionar (a si mesmo) é importante

Disponível apenas em inglês, a sessão do Senior Planet pode ajudar muita gente a ter noção dos tipos de informações equivocadas que circulam na rede, incluindo vídeos falsos manipulados (os chamados deep fakes), propaganda enganosa e notícias fabricadas. 

Mas o ponto mais importante da aula é o chamado viés de confirmação. É o que acontece quando se percebe que muitas pessoas tendem a reconhecer algo como verdadeiro só porque constitui parte de sua opinião. Além disso, o contrário também é importante: aprender que algo que traz uma opinião diferente da sua não constitui automaticamente uma notícia falsa. 

É um primeiro passo para começar a questionar o que surge por aí. Uma tendência na internet pode não necessariamente ser algo que é mais verdadeiro – mas apenas que mais pessoas estão lendo. É uma dica simples, que pode ajudar muito. 

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Não encaminhe antes de checar 

Outra dica super importante para lidar com as notícias falsas é aprender a contar até 10. Pelo menos na hora de encaminhar uma mensagem. Parte do sistema de notícias falsas conta com isso: que as pessoas enviem artigos para amigos sem checar se aquilo é verdadeiro. 

E isso pode ser um problema enorme em tempos de coronavírus: uma das alunas do Senior Planet, por exemplo, disse ter recebido um texto que afirmava falsamente que a covid-19 poderia ser detectada prendendo a respiração. E ela então encaminhou a mensagem. “Ela viu em primeira mão que não poderia redigir o que compartilhava depois de repassá-lo”, disse Bre Clark, diretor do programa que dava a aula.

Há outras sugestões para detectar informações equivocadas e evitar compartilhá-las. Entre elas, é possível citar: 

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  • avaliar se as notícias vêm de um meio de comunicação conhecido;
  • observar a data de publicação;
  • checar quem escreveu o conteúdo e se o autor é confiável; 
  • verificar se o endereço do site tem um sufixo .gov, .edu, .org ou .com; 
  • determinar se o site está tentando vender um produto. 

Ler o conteúdo também ajuda muito

Em um mundo cada vez mais apressado, é muito comum que as pessoas leiam apenas as manchetes de uma notícia. Uma lição simples apresentada no programa do Instituto Poynter é ir além disso. Pode parecer simples, mas a razão pela qual textos são escritos e não se resumem apenas às manchetes é justamente pelo fato de que eles contém mais do que uma frase, informando melhor o seu leitor. 

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É difícil contornar esse hábito, mas pode ser uma boa ideia para começar. Outras dicas importantes nesse aspecto incluem ler mais de uma fonte para uma mesma notícia, considerar se os textos incluem boas citações e bons raciocínios e até mesmo verificar a procedência de cada veículo. 

Ler apenas o título de uma notícia também pode fazer com que as pessoas tenham reações mais intensas a um fato. Isso porque muitos criadores de desinformação utilizam gatilhos emocionais como raiva ou medo para influenciar ou tirar vantagem das pessoas. É recomendável dar um tempo e não compartilhar ou comentar: “Antes de agir, faça uma pausa e verifique um pouco os fatos”.

O programa também ensina conceitos básicos, como algoritmos de mídia social e mecanismos de pesquisa.

Saiba como detectar fraudes 

Outro aspecto importante na vida online é saber quando você está sendo trapaceado. Afinal, como diria um velho quadrinho, “na internet todo mundo pode ser um cachorro”. Os golpes online têm como alvo pessoas de todas as idades, mas os idosos podem ser mais vulneráveis a fraudes se estiverem passando por declínio cognitivo. 

Durante a pandemia, os fraudadores tentaram enganar as pessoas para que revelassem informações financeiras e pessoais associadas ao incentivo de pagamentos, rastreamento de contatos e compra de curas falsa para a covid-19. Fraudes envolvendo animais de estimação e phishing – um tipo de ataque no qual um email com arquivo malicioso, mas de interesse do usuário, é usado como “isca” para que um hacker seja capaz de roubar suas informações. 

Dicas básicas, mas importantes, incluem verificar se há endereços de e-mail suspeitos que imitam os de empresas reais e evitar clicar em links no meio de textos de e-mails. Esses amplos esforços chamam a atenção para os perigos da desinformação. Aumentar a conscientização é parte da solução. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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