Dados de 76 milhões de contas supostamente da Vivo estão à venda na internet

Pacote de informações foi colocado à venda no mesmo fórum que abriga o megavazamento de janeiro

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Por Bruno Romani
Atualização:
Vivo teria sido afetada por vazamento Foto: Nacho Doce/Reuters

Os dados de 76 milhões de contas que supostamente pertencem à Vivo estão à venda na internet. O anúncio foi feito nesta terça, 9, no mesmo fórum onde estão à venda os dados do megavazamento de janeiro, que afetou 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos - é o mesmo local onde estão também as senhas de um vazamento global que afetou 3,2 bilhões de senhas de 2,18 bilhões de e-mails. Ao contrário de outros anúncios do tipo, o preço não foi tornado público - novamente, não é possível determinar o autor do post. 

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O anúncio parece avançar um vazamento divulgado inicialmente em fevereiro pelo site NeoFeed. Na época, o site reportou que havia detectado que 102.828.814 dados de celulares tinham sido vazados e estavam à venda na dark web, parte da internet que não é indexada por buscadores, como Google - seriam 57,2 milhões de contas da Vivo. Agora, o criminoso diz ter 76 milhões de contas da Vivo, o que representa quase a totalidade da base de assinantes da operadora. Em janeiro, a Anatel divulgou que a base da operadora é de 78,5 milhões de contas. 

Como é praxe no submundo de venda ilegal de dados, o hacker divulgou uma amostra das informações que possui. Lá, é possível identificar os seguintes dados atrelados a cada número: nome completo, endereço, CPF/CNPJ, tipo de plano, status da linha, data de instalação, cadastro PF ou PJ, valor de fatura, telefone anterior e maior e menor atraso no pagamento de dívida - todos esses são campos reportados pelo NeoFeed em fevereiro. Além disso, nas bases há alguns campos mais difíceis de serem decifrados, mas que indicam ser a data do primeira e último registro de atividade da linha. Neste caso, é possível encontrar linhas com atividades até novembro de 2020. 

A reportagem analisou alguns números disponibilizados na amostra e todos eram da Vivo em diferentes regiões do Brasil. 

Não é possível determinar se o que acontece agora é uma revenda do que já havia sido vazado em fevereiro, ou se, de fato, a base de dados foi ampliada. Existe, porém, um fato preocupante: as informações agora estão mais acessíveis, pois o fórum que abriga as informações é indexado pelo Google - em uma simples busca é possível encontrar o fórum e o anúncio. Antes, a venda ocorria em um espaço da rede que exige um pouco mais de conhecimento técnico para ser acessado. 

Procurada, a Vivo diz em nota: "A Vivo reafirma que não existem indícios de que houve vazamento de dados dos seus clientes. A Vivo possui os mais rígidos controles nos acessos aos dados dos seus consumidores e no combate a práticas que possam ameaçar a proteção e a privacidade."

Sobre a possibilidade de mais um vazamento, especialistas em segurança digital afirmam estarem preocupados. "Há em andamento um processo de erosão da privacidade dos brasileiros em um ritmo e dimensão nunca antes observado, que é resultado da consolidação e expansão do cibercrime no mundo. Isso precisa de resposta imediata das empresas e governos", diz Felipe Daragon, fundador da empresa de cibersegurança Syhunt. 

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