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Dados sequestrados de mais de 2 mil empresas e governos foram vazados desde 2019

Levantamento obtido pelo 'Estadão' mostra que 150 TB de informações ficaram expostos na internet; Brasil é o oitavo país em número de vítimas

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Por Bruno Romani
Atualização:
Gangues vazaram mais de 150 TB roubados de empresas e governos nos últimos anos Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Nos últimos anos, os ataques do tipo "ransomware", que sequestram dados das máquinas de empresas e governos, se tornaram uma das principais ferramentas de extorsão de criminosos digitais. Agora, é possível ter uma ideia do tamanho do estrago causado pelos principais grupos do tipo. 

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Segundo um relatório da empresa de segurança Syhunt, obtido com exclusividade pelo Estadão, foram roubados entre 2019 e 2022 150 TB de dados de empresas, governos e organizações. No total, a empresa identificou 2.843 vítimas em todo o mundo - isso inclui empresas, governos e outras instituições.

O Brasil aparece em oitavo lugar no ranking de países atacados, com 36 vítimas - os EUA são o principal alvo, com mais de 700 vítimas. Segundo Felipe Daragon, fundador da Syhunt, o volume de dados pode ser ainda maior. "Essas informações foram postadas na dark web (parte da internet que não é anexada e exige conexão especial), como se fosse uma vitrine daquilo que foi conquistado. É possível que mais informações estejam nas mãos dos criminosos", diz ele. 

A "vitrine" é o mesmo tipo de estratégia usada por golpistas no megavazamento de dados, que expôs informações de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos no Brasil. Parte das informações foi postada publicamente para gerar o interesse de possíveis compradores. 

Apesar de apontar para o fato de que informações roubadas via ransomware estejam circulando tanto na parte "visível" da web quanto na "não visível" (deep web e dark web), o relatório chama a atenção para uma mudança importante nas estratégias de divulgação dos criminosos. "Embora a dark web seja a camada preferida de grupos de ransomware para vazar informações, novos nomes, como o Lapsus$ Group, estão usando o Telegram para anunciar ataques e vazamentos", diz o relatório. 

O documento faz referência ao grupo que supostamente atacou e desestabilizou os sistemas do Ministério da Saúde em dezembro - o Lapsus$ Group afirmou estar por trás do ataque, mas a origem não foi confirmada por autoridades. 

Ataques do tipo ransomware são aqueles em que os criminosos sequestram dados da vítima, bloqueiam os sistemas e pedem resgate em dinheiro – o nome ransom, em inglês, significa o pagamento para libertar um refém. No ransomware, os criminosos geralmente usam programas maliciosos que, por meio de criptografia, bloqueiam o acesso das vítimas a seus arquivos. A infecção se dá principalmente por vulnerabilidades em programas desatualizados, uso de senhas fracas e arquivos maliciosos enviados por e-mail (que são acessados por funcionários ou membros da instituição alvo do ataque).

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No total, a Syhunt identificou mais de grupos responsáveis por ataques ransomware, sendo o principal dele o REvil, desmantelado no começo do ano na Rússia - ao todo, o grupo havia postado 44,1 TB de dados em fóruns na internet. Ao menos cinco grupos tiveram vítimas no Brasil. No ano passado, nomes como Renner, JBS, Fleury e Protege foram alvos de ataques do tipo.

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