Em 15 anos, haverá uma internet 'americana' e outra 'chinesa', diz Eric Schmidt

Ex-presidente do conselho do Google aposta em cisão na web; cenário político fechado na China levará a esse ambiente

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Por Hamza Shaban
Atualização:
Schmidt foi presidente-executivo do Google durante 10 anos Foto: Divulgação

Em quinze anos, a rede mundial de computadores pode não ser tão global assim: segundo a previsão de Eric Schmidt, ex-presidente do conselho do Google e da Alphabet, em 2028 haverá uma bifurcação da internet. Parte dela será liderada pelos Estados Unidos; a outra metade, com mais censura e menos liberdade, será comandada pela China. 

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Foi o que disse o executivo durante um evento na última semana em São Francisco, liderado pelo fundo de investimentos Village Global, conforme reportou a CNBC neste final de semana. Questionados sobre o assunto, o fundo e o Google não responderam a pedidos de comentários. 

Schmidt disse que ele pensa que as pessoas provavelmente verão, em breve, "uma grande liderança em produtos e serviços vindo da China", considerando a escala dos negócios criados por lá e uma grande riqueza conquistada por esses avanços. No entanto, as melhorias econômicas podem ter impactos políticos no resto do globo. "Há um grande perigo que, junto com esses produto e serviços, venha uma liderança próxima ao regime chinês, com censura e controle", afirmou Schmidt. 

O executivo, vale lembrar, saiu do cargo de presidente do conselho da Alphabet no começo desse ano, mas segue como membro do conselho e consultor técnico da companhia. Foi ele que ajudou Larry Page e Sergey Brin, dois ex-estudantes de Stanford, a transformar o Google, de um negócio de garagem, em uma gigante global. 

Contexto. As afirmações de Schmidt, porém, chegam em um momento complicado para o Google: nos últimos meses, a empresa começou a olhar com atenção para um retorno ao mercado chinês, com uma versão "censurada" de seu buscador, segundo reportou o site The Intercept, com base em fontes próximas à empresa. A notícia provocou críticas de empregados e de reguladores, com medo de que uma versão "censurada" do buscador afete seu funcionamento no mundo. 

Depois da repercussão, o presidente executivo do Google, Sundar Pichai, disse em um encontro com seus funcionários que a discussão ainda estava em estágio inicial e que a empresa não chegou a finalizar um modelo diferente de seu buscador. 

Além disso, um grupo bipartidário de seis senadores americanos escreveu a Pichai falando sobre o tema, dizendo que um retorno à China seria "problemático", considerando os abusos chineses em áreas como direitos humanos e liberdade de expressão. 

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