Em 1998, telefonia fixa era cara e tinha fila de espera

Uma linha chegava a custar US$ 5 mil e a fila de espera dos clientes era de dois a cinco anos na época da privatização

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Por Anne Warth
Atualização:
Antigo. Orelhões, em desuso, eram fonte de receita para teles Foto: Paulo Lerciari/AE

Mais do que um serviço, há 20 anos, ter um telefone fixo era sinal de status. Uma linha chegava a custar US$ 5 mil – na época, o regime era de câmbio fixo, que chegou a praticar a paridade de R$ 1 para US$ 1 – e a fila de espera dos clientes era de dois a cinco anos. O presidente da Telefônica no Brasil, Eduardo Navarro, lembra que o aluguel de linhas fixas era considerado um investimento e gerava renda para muitas pessoas.

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“As receitas das teles vinham de linhas fixas, ligações interurbanas e internacionais, fichas de orelhões e páginas amarelas. Tudo isso hoje é peça de museu”, afirmou Navarro.

O executivo lembra também o alto valor da linha de telefonia fixa no passado. “Hoje o número de celulares ativos supera a população brasileira. É muito difícil encontrar alguém que não tenha um celular”, diz Navarro.

O vice-presidente de Assuntos Regulatórios e Institucionais da TIM, Mario Girasole, diz que o preço dos serviços oferecidos pelas empresas é competitivo. O preço do minuto da ligação de celular, segundo o Sinditelebrasil, caiu de R$ 1,05 em 1998 para R$ 0,09 em 2017, com impostos. O preço do minuto do celular pré-pago é de US$ 0,04, o quinto mais barato do mundo, segundo a entidade.

Já os preços da banda larga fixa e da banda larga móvel pré-paga são, respectivamente, o terceiro e quarto mais baratos do mundo. O problema, segundo o setor, são os impostos. Dados do Sinditelebrasil apontam que a carga tributária do setor atingiu a marca de 46%, frente a uma receita líquida de R$ 138 bilhões. “O governo é praticamente nosso sócio, já que fica com quase metade das receitas sem nenhum risco”, diz o presidente executivo da entidade, Eduardo Levy.

Embora os sinais 3G e 4G tenham atingindo praticamente a maioria da população brasileira, ainda é preciso levar a cobertura a localidades mais afastadas, áreas rurais e rodovias, destaca o presidente da Anatel, Juarez Quadros. A banda larga fixa chegou a apenas 44% dos domicílios brasileiros, lembra ele. Essas falhas explicam porque a população faz uma avaliação tão ruim dos serviços prestados pelas empresas, acredita o presidente da Anatel.

“A internet dos celulares supre, mas é claro que a banda larga fixa, principalmente a de fibra óptica, tem mais qualidade e velocidade”, afirmou Quadros. A solução, diz o presidente da Anatel, está, novamente, nas mãos do governo. “Basta que a União reduza o interesse arrecadatório nos leilões de frequências que a Anatel promove e eleva as contrapartidas e obrigações das empresas de investimentos em distritos, localidades e estradas. As capitais e sedes de municípios já estão todas atendidas.”

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