Em baixa, setor de TV paga prevê fim de queda ‘em breve’

TV por assinatura perdeu 4,3% dos assinantes entre abril de 2015 e abril de 2016; para ABTA, culpa é da crise econômica, mas não do Netflix

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Por Bruno Capelas
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A TV paga não tem passado por dias bons no Brasil: segundo dados da Anatel, o setor perdeu 4,3 % de seus assinantes entre abril de 2015 e abril de 2016 – caindo de 19,1 milhões para 18,9 milhões, retornando a um patamar de 2013. Para a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), entidade que representa as empresas do segmento, no entanto, o pior já passou. 

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“A maior queda de assinantes nos últimos meses foi em novembro passado, e nós acreditamos que o fim do poço está próximo”, disse Oscar Simões, presidente executivo da ABTA, em evento na manhã desta terça-feira, 21, em São Paulo. “A base de usuários deve se estabilizar nos próximos meses, especialmente a partir de julho”, declarou o executivo. 

Para Simões, as principais explicações da queda no número de assinantes no setor são a crise econômica e o aumento de impostos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “TV por assinatura é um produto que é muito sensível a preço, e com o aumento de impostos, fica difícil não repassar a elevação dos preços para o consumidor”, explicou o representante da ABTA. 

Outro argumento levantado por Simões para culpar a crise é o fato de que a queda é impulsionada especialmente pela tecnologia DTH (abreviação para direct-to-home, ou ‘direto para casa’), que costuma ter serviços mais simples, oferecidos por antenas parabólicas via satélite. Sozinho, o setor teve queda de 9,3%, perdendo mais de 1,1 milhão de assinantes entre abril deste ano e o mesmo mês do ano passado. Já a tecnologia a cabo, mais avançada, teve crescimento de 2,6% no mesmo período. 

Netflix. Nos Estados Unidos, um fenômeno que tem afetado as TVs por assinatura é o dos cord-cutters, nome dado a usuários mais jovens que deixam de utilizar canais pagos para assistir à programação de serviços de streaming como o Netflix. No Brasil, no entanto, o mesmo efeito não acontece, segundo Simões. 

“Se houvesse a substituição da TV paga por assinatura pelo streaming, teríamos uma queda no número de assinantes de TV a cabo”, explica. “Aqui, os serviços de streaming tem sido complementares à TV por assinatura”, avalia o presidente da ABTA. Em sua apresentação no evento, o executivo destacou a importância das TVs por assinatura se renovarem. “Mais do que novos modelos de negócio e novas plataformas, o grande desafio da indústria são novos consumidores. Há uma mudança de hábito que precisa ser melhor compreendida”. 

Para Simões, eventos ao vivo, como os Jogos Olímpicos do Rio, que começam em agosto, são uma oportunidade para reafirmar a importância da TV por assinatura. “Quem quiser acompanhar os Jogos em seus diferentes aspectos não vai conseguir num streaming da vida”, avalia o presidente da ABTA. 

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O evento desta manhã, realizado em São Paulo, serviu como uma prévia da feira ABTA, que reunirá representantes do setor entre 29 de junho e 1º de julho no Transamérica Expo Center, espaço de exposições localizado na zona sul da capital paulista. 

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