Esporte ainda é 'bola dividida' na internet

Custo de direitos de transmissão, complexidade de cobertura e ‘tempo real’ afetam segmento

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Kaká atua no futebol dos Estados Unidos desde 2015 Foto: Kim Klement/USA TODAY Sports

Um dos principais motivos hoje para que muitos telespectadores decidam não cortar a TV por assinatura é a transmissão de competições esportivas. Enquanto áreas de conteúdo de vídeo, como entretenimento e comportamento, se encaixam perfeitamente na ideia de vídeo sob demanda, para ser visto a qualquer hora pela rede, partidas esportivas ainda estão longe de ser um hit na web.

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“O grande valor do esporte está no momento em que a partida acontece e na emoção que ela proporciona”, diz Luis Bonilauri, diretor da consultoria Accenture. “Por isso, ele precisa ser feito em tempo real.”

Depois do resultado, explica o analista, pouca gente vai se interessar pelo jogo. Além disso, fatores como alto custo de direitos de transmissão e a complexidade de se fazer uma boa cobertura, com câmeras e equipe especializada, dificultam a expansão do segmento na web.

Há testes em andamento. No início de março, Atlético Paranaense e Coritiba disputaram uma partida do Campeonato Paranaense e a transmitiram em seus canais oficiais no YouTube e no Facebook. Só na rede social, o jogo teve 2,5 milhões de espectadores únicos – 700 mil pessoas a mais do que o total de habitantes de Curitiba. No YouTube, foram cerca de 650 mil visualizações. “Foi algo interessante, até para mostrar que há espaço para conteúdo de longa duração na internet”, diz Luís Olivalves, diretor de parcerias de mídia do Facebook para a América Latina.

Na última sexta-feira, o Facebook anunciou um novo passo, fechando um contrato com a MLS, a liga de futebol norte-americana, para exibir 22 jogos ao vivo em sua plataforma de vídeo ao vivo, o Facebook Live, em parceria com a televisão americana Univision, voltada para o público latino. Antes, a empresa já havia feito o mesmo com jogos do campeonato mexicano. “É um teste, para ver o quanto conseguimos expandir a audiência e mostrar que há espaço para conteúdo de longa duração”, diz Olivalves.

A rede social de Mark Zuckerberg não está só. No ano passado, um dos principais destaques do Twitter foi a transmissão de dez partidas da NFL, a liga de futebol americano dos EUA. “Tivemos em média 3 milhões de pessoas assistindo a cada jogo ao vivo, no mundo todo”, contou Fiamma Zarife, diretora-geral do Twitter no Brasil, em entrevista em fevereiro. “Além da transmissão, você tem comentários de diversos pontos de vista do seu lado”, disse Fiamma.

Para Fábia Juliasz, da Kantar Ibope Media, o descolamento da transmissão do tempo real pode ser algo bom. “Sempre terá um público residual que quer acompanhar a partida depois”, diz.

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