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Fundadores do Instagram deixaram Facebook por divergências com Zuckerberg

Segundo fontes próximas a Kevin Systrom e Mike Krieger, desentendimentos com o presidente executivo da rede social sobre futuro do app de fotos passaram a se tornar comuns 

27/09/2018 | 05h00

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 Por Mike Isaac - The New York Times

Os fundadores do Instagram, Kevin Systrom (à esq) e Mike Krieger (à dir.), no escritório da empresa em Menlo Park, Califórnia. A dupla renunciou nesta segunda e deverá deixar o Facebook nas próximas semanas.

Christie Hemm Klok/The New York Times

Os fundadores do Instagram, Kevin Systrom (à esq) e Mike Krieger (à dir.), no escritório da empresa em Menlo Park, Califórnia. A dupla renunciou nesta segunda e deverá deixar o Facebook nas próximas semanas.

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Em uma reunião do Facebook, no começo deste ano, perguntaram a Mark Zuckerberg se o Instagram poderia ter atingido 1 bilhão de usuários se não tivesse sido comprado pelo a rede social. “Provavelmente não”, ele disse. “Pelo menos não tão rápido”.

Mas em uma reunião posterior, realizada mais ou menos um quilômetro e meio adiante, na sede do Instagram em Menlo Park, Califórnia – a algumas ruas, curiosamente, de uma via expressa chamada Independence Drive – os cofundadores do popular aplicativo de compartilhamento de fotos, Kevin Systrom e Mike Krieger, deram uma resposta ligeiramente diferente para essa questão. “Possivelmente. Eventualmente.”

Nunca saberemos quem estava certo. Mas saberemos, em breve, como o Instagram será sem seus co-fundadores. Na segunda-feira à noite, 24, Systrom, principal executivo do Instagram, e Krieger, seu diretor de tecnologia, anunciaram abruptamente que sairiam da empresa, sem dar uma data específica. 

Nada específico levou à sua decisão de sair do Facebook, que adquiriu o Instagram por US$ 1 bilhão em 2012. Mas pequenas coisas foram acontecendo com o tempo: desentendimentos sobre ajustes em seus produtos, mudanças na equipe e a forma como, em 2017, Zuckerberg assumiu maior controle sobre seus negócios, que eram operados de forma independente dentro do Facebook.

Nos últimos meses, eles decidiram que era hora de partir, de acordo uma dezena de funcionários atuais e antigos do Instagram e do Facebook, que falaram sob condição de anonimato. 

Tempestade. A saída dos dois chega em um momento particularmente ruim para o Facebook. Desde 2016, a empresa enfrenta uma série de crises, desde a disseminação de desinformações russas em sua plataforma até a revelação de que uma empresa de pesquisa havia desviado informações de 87 milhões de usuários até ameaças de intervenção por parte de autoridades em Washington e Bruxelas.

O Instagram parecia evitar esse tumulto. Ele ainda crescia rapidamente, enquanto a contagem de usuários do Facebook havia parado nos Estados Unidos e na Europa. Era muito popular entre os mais jovens, enquanto o Facebook decididamente não era. E para os de fora, os fundadores do Instagram pareciam estar trabalhando bem com Zuckerberg, ao contrário dos fundadores das outras grandes aquisições do Facebook, WhatsApp e Oculus.

Mas dentro da empresa, havia tensão. Zuckerberg via o Instagram como uma das “famílias de aplicativos”, várias propriedades sob o guarda-chuva do Facebook que ele achava que deveriam trabalhar mais juntas, de acordo com duas pessoas que conhecem bem seu modo de pensar. 

Os fundadores do Instagram pensaram que o crescente interesse do Facebook em moldar a direção do produto no Instagram e o crescimento eram arrogantes, de acordo com várias pessoas familiarizadas com seu pensamento. Eles estavam acostumados à autonomia e estavam se irritando em perdê-la. 

18 mudanças que mostram a evolução do Instagram

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Lançamento

Foto: Thomas White/Reuters

A primeira versão do aplicativo do Instagram foi lançada em 2010. Kevin Systrom, um dos fundadores, acreditava na força da comunicação por meio de imagens e via o celular como o lugar ideal para esses conteúdos visuais. No primeiro dia em que esteve no ar, cerca de 25 mil pessoas fizeram contas na rede social.

Versão para a web

Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters

No começo, o Instagram funcionava exclusivamente em celulares. A partir de 2012, o serviço passou a ser oferecido também para computadores na internet, mas somente para a visualização de perfis e para curtir e comentar em fotos. 

Direct

Foto: Instagram

O Instagram lançou em 2013 o recurso Direct, uma espécie de chat entre duas pessoas ou então em um grupo de até 15 pessoas, que viabilizou a troca de imagens e vídeos de forma privada entre os usuários. 

Vídeos

Foto: Instagram

“Alguns momentos precisam mais do que uma imagem estática para ganharem vida”. Foi assim que o Instagram anunciou que os vídeos estavam chegando à rede social em 2013. Inicialmente, só era possível postar vídeos de 15 segundos.

Avanços na plataforma web

Foto: Instagram

Em 2013, o Instagram desenvolveu um feed para as postagens dos usuários na web e em 2015 lançou ferramentas de pesquisa para a plataforma no computador. Dois anos depois, a rede social finalmente passou a permitir a postagem de fotos diretamente pela web.

Stories

Foto: Instagram

Foi em 2016 que nasceu um dos maiores sucessos do Instagram: os Stories. A proposta da ferramenta era exibir imagens e vídeos que somem depois de 24 horas – algo que já existia no rival Snapchat. A ideia pegou: o Instagram tem hoje cerca de 500 milhões de usuários ativos todos os dias nos Stories. 

Compras

Foto: Instagram

Dando seu primeiro passo para se tornar uma plataforma de compras, o Instagram lançou em 2016 uma ferramenta para mostrar os preços de produtos diretamente na rede social, em sinalizações nas fotos —  uma opção chamada “comprar agora” passou a redirecionar os usuários para compras nos sites das lojas.

Vídeo ao vivo

Foto: Instagram

Também em 2016, o Instagram anunciou a ferramenta de vídeos ao vivo.

Máscaras no Stories

Foto: Instagram

Com máscaras e efeitos divertidos nos Stories, o Instagram acirrou ainda mais a sua competição com o Snapchat. A rede social também anunciou em 2017 o recurso de rebobinar vídeos — disponível junto com as ferramentas Boomerang e Mãos Livres.

Álbum

Foto: Instagram

Ainda em 2017, a rede social liberou para os usuários a função de álbum de fotos, que passou a permitir a publicação de até 10 fotos e vídeos por postagem.

Chamadas de vídeo em grupo

Foto: Instagram

A primeira grande novidade de 2018 no Instagram foram as chamadas de vídeo em grupo, com até quatro pessoas ao mesmo tempo. As chamadas são feitas por meio da aba de mensagens privadas.

IGTV

Foto: Reuters

Em junho de 2018, o Instagram anunciou a criação de uma nova plataforma voltada para vídeos de longa duração: o IGTV, uma espécie de TV do Instagram, com vídeos na vertical.

Bem-estar digital

Foto: Instagram

O Instagram lançou em agosto de 2018 uma função para ajudar os usuários no controle do tempo gasto na rede social. Com a ferramenta, é possível acompanhar quantas horas você gastou navegando nos aplicativos nos últimos sete dias. Além disso, existe a opção de controlar as notificações e estabeler um limite de “tempo ideal” de uso da plataforma. 

Modernização de filtros nos Stories

Foto: Instagram

Os filtros dos Stories também ficaram mais modernos a partir de 2018. A rede social lançou o filtro de perguntas e outras ferramentas de realidade aumentada.

Melhores amigos

Foto: Instagram

Pensando em restringir algumas postagens apenas para pessoas próximas, a rede social passou a permitir em 2018 que usuários compartilhassem Stories só com uma lista restrita de melhores amigos. Depois disso, muita gente conseguiu evitar que os familiares vissem algumas fotos constrangedoras.

Fim do número de curtidas

Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Com o objetivo de deixar a plataforma mais saudável e evitar competição entre os usuários, o Instagram começou um teste em 2019 para esconder curtidas de publicações. Os usuários passaram a ter acesso somente às estatísticas de suas próprias contas.

Reels

Foto: Instagram

O sucesso do TikTok forçou o Instagram a reagir. A empresa lançou em 2020, inicialmente no Brasil, uma nova ferramenta de vídeos curtos, chamada de Reels, que permite que usuários façam filmetes de até 15 segundos, animados e musicados, prontos para serem publicados nos Stories.

Botão de loja

Foto: Instagram

Em 2020, o Instagram anunciou novidades na área de consumo, como o botão de compras na tela principal do app e também uma aba de compras personalizadas, que reúne, por meio de algoritmos, as preferências de cada usuário na hora de consumir produtos.

Acasos. O Instagram começou por acasos de vários tipos. Foi criado a partir de um aplicativo chamado Burbn, que Systrom havia criado em 2010. Era para ajudar os amigos a se encontrarem online. À medida que os smartphones se tornaram mais populares, Systrom e seu novo parceiro, Krieger, mudaram seu foco para a câmera do smartphone. O Burbn foi relançado como Instagram, e o novo aplicativo foi um sucesso – tanto que a pequena empresa teve trabalho para acompanhar a demanda e manter seus servidores de pé.

Em 2012, Zuckerberg anunciou que havia comprado o Instagram por US$ 1 bilhão em dinheiro e ações. Foi uma jogada chocante: era muito dinheiro para um aplicativo de software com pouco mais de um punhado de funcionários e cerca de 30 milhões de usuários. 

O movimento, realizado pouco antes da oferta pública inicial do Facebook, fez os investidores se preocuparem com o fato de Zuckerberg ser muito liberal com o dinheiro de sua empresa. Hoje, alguns analistas estimam que o Instagram valeria US$ 100 bilhões se fosse uma empresa independente.

Systrom e Krieger foram autorizados a tomar muitas das suas próprias decisões sobre produtos. A relação entre a matriz e a unidade de rápido crescimento foi considerada modelo de como as aquisições de startups deveriam funcionar. Ao cortejar outras aquisições possíveis, os executivos do Facebook costumavam mencionar como as coisas funcionavam bem com o Instagram.

O Instagram cresceu mais e mais rápido do que qualquer um esperava. Ele criou produtos de vídeo e mensagens e lançou um recurso de mensagens efêmeras, o Stories, que prejudicou o crescimento de seu rival Snapchat. Convenhamos: era uma cópia da principal função do concorrente, criado por Evan Krieger. 

Em junho, o aplicativo de compartilhamento de fotos atingiu a marca de 1 bilhão de usuários. O negócio de publicidade do Instagram deve atingir mais de US$ 6 bilhões em receita em 2018, de acordo com projeções da eMarketer, uma empresa de pesquisa do setor.

Hierarquia. Mas as opiniões de Zuckerberg sobre como tratar sua “família de aplicativos” – que incluem Facebook, Instagram e WhatsApp – começaram a mudar. No início desse ano, Zuckerberg reorganizou as lideranças de sua equipe, colocando Adam Mosseri como vice-presidente de produtos no Instagram. 

Embora Mosseri seja querido por Systrom e Krieger, muitos funcionários encararam a promoção de Mosseri como um sinal de que Zuckerberg instalara um assessor de confiança na organização de compartilhamento de fotos por causa de sua estreita relação com Zuckerberg e outros altos executivos do Facebook.

Zuckerberg também colocou uma camada de gerenciamento entre ele e os co-fundadores do Instagram, pedindo a Systrom e Krieger que se reportassem a Chris Cox, diretor de produtos do Facebook.

Enquanto o Instagram continuava a crescer, Zuckerberg acreditava que havia maneiras de ajudar o Instagram a crescer e melhorar o “engajamento dos usuários” no Facebook. Isso incluía pequenos ajustes, como compartilhar vídeos do “Stories” do Instagram para o Facebook sem sinais claros que indicassem que os vídeos tinham sido feitos no Instagram.

No início deste ano, o Facebook também removeu um link de atalho para o Instagram de seu menu “bookmarks” dentro do aplicativo do Facebook, uma pequena mas significativa fonte de tráfego que fluía do Facebook para o Instagram.

À medida que o relacionamento começou a desandar, Systrom e Krieger discordaram abertamente de seus colegas do Facebook nas reuniões dos últimos meses. O relacionamento ainda era cortês. Mas os funcionários ficaram surpresos quando Krieger, uma figura afável e muito apreciada dentro da empresa, manifestou sua clara discordância contra a liderança do Facebook em reuniões e em quadros de mensagens da empresa, de acordo com quatro funcionários atuais e antigos.

Ficou claro que Zuckerberg estava afirmando o controle em todo o império do Facebook. Em abril, Jan Koum, então principal executivo do WhatsApp, demitiu-se abruptamente da startup de mensagens, à medida que se preocupava cada vez mais com a quantidade de dados de usuários coletados pelo Facebook ao longo dos anos.

Depois de anos deixando o WhatsApp intocado e independente, Zuckerberg insistiu em que o serviço gratuito começasse a ganhar dinheiro. Koum recusou.

Dentro do Instagram, muitos acreditavam que Mosseri, que provavelmente será seu próximo presidente executivo, estava convencido por antecipação de que a relação entre os dois lados poderia desmoronar. Quanto a Systrom e Krieger, eles permaneceram efusivos em suas declarações públicas e gratos a Zuckerberg e outros executivos do Facebook por apoiá-los.

E sua partida, apesar de repentina, requer alguma análise. Os dois fundadores do Instagram permaneceram por seis anos depois de sua empresa ser adquirida – muito mais do que os empresários costumam fazer depois de vender sua empresa e muito depois de terem recebido seu pagamento integral em ações. Eles disseram que planejavam tirar uma folga antes de embarcar em outro empreendimento juntos.

Na reunião em que se indagou aos co-fundadores do Instagram se poderiam ter atingido 1 bilhão de usuários sem o apoio do Facebook, eles reconheceram que os vastos recursos do Facebook ajudaram. Muito. Mas eles acrescentaram que o Instagram também tem muito a ver com o seu próprio sucesso. / Tradução de Claudia Bozzo

    Tags:

  • Instagram
  • Facebook
  • Mark Zuckerberg

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