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Google vai investir US$ 300 milhões para ajudar veículos de imprensa

Empresa anunciou investimentos e criação de uma série de ferramentas para empresas jornalísticas; gigante americana quer ajudar jornais a captar assinantes

Por Daniel Bramatti
Atualização:
Buscas sobre direitos humanos, democracia, religião e protestos pacíficos estão entre as que ficariam na "lista negra" do Google na China. Foto: Washington Post

Na tentativa de amenizar a crise do setor de mídia, o Google anunciou ontem que vai investir US$ 300 milhões, em três anos, em uma série de medidas para facilitar a conquista de assinantes por veículos jornalísticos e amplificar o alcance do noticiário produzido de forma profissional.

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Item principal da chamada Google News Initiative, o Subscribe With Google (Assine com o Google) vai permitir que leitores assinem o conteúdo online de suas publicações preferidas com apenas dois cliques, sem a necessidade de preencher formulários ou inserir dados de cartão de crédito. Com a ferramenta, os assinantes vão se logar automaticamente aos sites, sem a necessidade de criar novas senhas ou digitar seus dados a cada acesso.

O conteúdo das publicações assinadas também aparecerá em destaque nos resultados de buscas no Google – uma forma de valorizar mais o conteúdo pelo qual o leitor paga.

A cobrança da assinatura será feita no cartão de crédito associado à conta Google do leitor – aquele utilizado na compra de aplicativos na Play Store.

A receita das assinaturas irá majoritariamente para os veículos. O Google afirma que não busca lucros com a iniciativa e que descontará apenas os custos operacionais, mas não informou em que porcentagens se dará a divisão dos recursos.

No Brasil, o Subscribe With Google será aplicado em breve em publicações. Alguns veículos já estão testando a plataforma.

Interesse. Ainda que abra mão de lucros nesse tipo de parcerias com órgãos de imprensa, o Google tem objetivos não meramente filantrópicos ao fazê-las. A empresa tem mais liberdade de atuação – e mais lucros – em países democráticos, onde a imprensa tem papel mais atuante na fiscalização dos governos.

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A iniciativa de socorrer os produtores de conteúdo também se deve ao reconhecimento de que o próprio Google desestabilizou o modelo de negócios do jornalismo, ao abocanhar parte significativa do bolo das receitas provenientes de publicidade.

Em 2017, a companhia repassou US$ 12,6 bilhões a veículos de mídia que se utilizam de suas plataformas de publicidade online. O valor impressiona, mas, quando individualizado, quase nunca compensa as perdas que os órgãos de imprensa vêm sofrendo com o encolhimento da publicidade tradicional e da circulação impressa.

Outro aspecto central da Google News Initiative é a utilização de tecnologia na busca de novas fontes de receita para os veículos. Ferramentas baseadas em inteligência artificial, por exemplo, serão usadas para que os veículos selecionem o momento mais propício para propor assinaturas aos leitores, de forma a incrementar as taxas de sucesso.

Contexto. Parte da iniciativa anunciada pelo Google nesta terça-feira já havia sido antecipada pelo diretor do Google News, Richard Gingras, em entrevista ao Estado em outubro de 2017 – como as ferramentas que poderiam ajudar os jornais a ganharem novos assinantes. 

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"Há jornais em que é preciso dar mais de 20 cliques para fechar uma assinatura", disse o executivo na época. "Nosso objetivo é gerar um ecossistema saudável. Afinal de contas, uma busca só é relevante para um usuário se ele consegue encontrar bom conteúdo, e por isso precisamos dos veículos de imprensa."

Os esforços do Google surgem um mês após o rival Facebook anunciar uma aceleradora para empresas de mídia. No programa, com aporte de US$ 3 milhões, o Facebook vai orientar entre 10 e 15 veículos para ensiná-los a desenvolver projetos para aumentar seu número de assinantes.

Além disso, tanto o Google como seu rival Facebook estão sendo colocados sob a mira de críticas de terem ajudado a disseminação de notícias falsas nos últimos anos, influenciando em movimentos políticos como a eleição presidencial dos EUA de 2016 e o referendo que determinou a saída da Grã Bretanha da União Europeia, o Brexit.

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*O repórter viajou a convite do Google

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