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Governo ucraniano convoca hackers para ataque cibernético contra a Rússia

Apelo veio por meio de Yegor Aushev, dono de uma empresa de cibersegurança, e quer recrutar especialistas para atacar a Rússia e defender a Ucrânia na Guerra

Por Agências
Atualização:
Fumaça sobe do território da unidade do Ministério da Defesa da Ucrânia, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma operação militar no leste da Ucrânia, em Kiev, Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022 Foto: Valentyn Ogirenko/Reuters

O governo ucrâniano pediu, nesta quinta-feira, 24, ajuda de voluntários para compor um “exército hacker”, para ajudar a proteger infraestruturas importantes e realizar missões de espionagem cibernética contra as tropas russas, de acordo com duas pessoas envolvidas no projeto. O apelo surge em meio ao ataque de Vladimir Putin, que já cerca os arredores de Kiev com exércitos e bombardeios.

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Enquanto as forças russas atacavam cidades em toda a Ucrânia, pedidos de voluntários começaram a aparecer em fóruns de hackers na manhã de quinta-feira, já que muitos moradores fugiram da capital Kiev.

"Comunidade cibernética ucraniana! É hora de se envolver na defesa cibernética de nosso país", dizia o post, pedindo a hackers e especialistas em segurança cibernética que enviassem a candidatura para o serviço por meio do serviço de texto Google Docs, listando suas especialidades, como desenvolvimento de malware e referências profissionais — uma espécie de currículo para avaliação.

Yegor Aushev, cofundador de uma empresa de segurança cibernética em Kiev, disse à agência de notícias Reuters que escreveu o post a pedido de um alto funcionário do Ministério da Defesa que o contatou ainda na quinta-feira. A empresa Cyber ​​Unit Technologies, de Aushev, é conhecida por trabalhar com o governo da Ucrânia na defesa de infraestrutura crítica.

Outra pessoa diretamente envolvida na “convocação” confirmou que o pedido veio do Ministério da Defesa na manhã de quinta-feira.

Representantes do Ministério da Defesa da Ucrânia não responderam a um pedido de comentário. Uma nota de defesa da embaixada da Ucrânia em Washington disse que "não pode confirmar ou negar informações dos canais do Telegram" referindo-se à plataforma de mensagens em que o chamado pode estar circulando e se recusou a fazer mais comentários.

Aushev disse que os voluntários seriam divididos em unidades cibernéticas defensivas e ofensivas. A unidade defensiva seria empregada para defender a infraestrutura, como usinas de energia e sistemas de água. Em um ataque cibernético de 2015, amplamente atribuído a hackers estatais da Rússia, 225 mil ucranianos ficaram sem eletricidade em suas casas.

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O dono da Cyber Unit Technologies disse, também, que a organização da frente ativa de ataque poderia ajudar militares da Ucrânia a realizar operações de espionagem digital contra as forças russas invasoras.

"Temos um exército dentro de nosso país", disse Aushev. "Precisamos saber o que eles estão fazendo".

Na quarta-feira, 23, um software destrutivo recém-descoberto foi encontrado circulando na Ucrânia, atingindo centenas de computadores, segundo pesquisadores da empresa de segurança cibernética ESET. A suspeita recaiu sobre a Rússia, que tem sido repetidamente acusada de invasões cibernéticas contra a Ucrânia e outros países. As vítimas incluíam agências governamentais e uma instituição financeira, informou a Reuters anteriormente. A Rússia negou as acusações.

O esforço para construir uma força militar cibernética, porém, está chegando tarde no conflito, reconheceu Aushev. Um oficial de segurança ucraniano disse, no início deste mês, que o país não tinha força cibernética militar dedicada, segundo o jornal americano Washington Post. "É nossa tarefa criá-la este ano", afirmou o oficial.

Procurado na noite de quinta-feira na Ucrânia, Aushev disse que já havia recebido centenas de candidatos e que começaria a verificar se nenhum deles era agente russo.

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