Internet móvel do Brasil é 57ª mais rápida

Segundo estudo da OpenSignal, que levantou dados de 95 países, disponibilidade de 4G e qualidade do sinal deixam a desejar no Brasil

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Pessoas usando smartphone na Avenida Paulista Foto: Estadão

O Brasil ocupa o 57.º lugar em um ranking global de 95 países quando o assunto é velocidade da internet móvel. É o que mostra o ‘Global State of Mobile Networks’, estudo pioneiro divulgado hoje pela consultoria Open Signal, responsável pelo aplicativo de mesmo nome. O relatório foi realizado a partir de 12,4 bilhões de medições feitas com o aplicativo por 822 mil usuários no mundo entre 1.º de maio e 23 de julho de 2016. Segundo o estudo, a velocidade média da internet móvel em redes 3G/4G no Brasil é de 7,43 megabits por segundo (Mbps). 

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Com a estatística, o País fica bem distante dos líderes mundiais: conhecida pela qualidade das conexões, a Coreia do Sul tem as conexões 3G/4G mais rápidas do planeta, com velocidade média de 41,34 Mbps. Três países asiáticos e sete europeus completam a lista dos dez melhores. A Suécia, em 10.º lugar, teve média de 19,89 Mbps. O Brasil aparece atrás de nações como Omã (em 43.º, com 10,13 Mbps) e Geórgia (em 41.º, com 10,68 Mbps). Os EUA ficaram em 38.º lugar, com 12,34 Mbps de velocidade, em média. “Um país que mostra boas velocidades de conexão 4G, mas pouca disponibilidade, tem uma velocidade menor que outro com velocidades moderadas, mas alta disponibilidade”, informa a consultoria. 

É justamente pela baixa disponibilidade de redes 4G que a velocidade da internet móvel brasileira fica para trás: segundo a Open Signal, o Brasil fica em 69.º lugar se considerada somente a capacidade de uma pessoa se conectar a uma rede 3G ou 4G. A cada quatro tentativas de conexão, em pelo menos uma os brasileiros só conseguiram acessar redes 2G – na qual a velocidade máxima de download fica em 300 Kbps.

No aspecto disponibilidade, a Coreia do Sul também leva a melhor: os habitantes do país encontraram uma rede 3G ou superior em 98,54% das vezes em que tentaram se conectar ao longo dos testes.

Questionada pela reportagem do Estado a respeito do levantamento da Open Signal, o Sinditelebrasil, entidade que representa as principais operadoras do País, informou que “as prestadoras de serviços móvel pessoal investem pesadamente na qualidade de suas redes”.

Inclusão. É a primeira vez que a Open Signal realiza um estudo que engloba as conexões 3G e 4G – nos últimos anos, a empresa publicava apenas resultados sobre o 4G. “Decidimos que era necessário incluir as conexões mais simples para demonstrar com mais exatidão o que acontece no cenário global”, diz a consultoria, no relatório. “Em países em desenvolvimento, os usuários não têm acesso ao 4G, o que faz o 3G e o 2G continuarem sendo mais utilizados.” A partir de agora, uma nova edição do estudo deve ser liberada a cada seis meses.

Não é a primeira vez, porém, que a OpenSignal pesquisa a qualidade da internet móvel no Brasil: no fim de julho, a empresa divulgou um relatório sobre o serviço oferecido pelas operadoras no País. Na época, considerando-se apenas as conexões 4G, a velocidade média no País ficou estável, em 12,39 Mbps (contra 12,22 Mbps, em estudo de fevereiro deste ano).

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Na ocasião, Kevin Fitchard, analista da consultoria, afirmou que o principal problema da internet móvel no País é a instabilidade do sinal 4G. “Em metade do tempo, é possível conseguir boa conexão de 4G, mas, na outra metade, as conexões não se mantêm em alto nível e acabam caindo para 3G ou até mesmo 2G, ficando muito lentas”, explicou Fitchard.

O problema, segundo ele, deve ser atenuado nos próximos anos, quando as operadoras brasileiras passarem a usar a faixa de frequência dos 700 MHz para o 4G – hoje, apenas os 2,6 GHz e os 1,8 GHz estão disponíveis para este fim.

Segundo o Sinditelebrasil, o número de municípios brasileiros com cobertura 4G cresceu 214% no último ano. O total passou para 500 municípios, que concentram 55% da população brasileira. Já a conexão 3G está disponível em 4.690 municípios. “Além dos desafios de investimentos, com alta carga tributária e baixas margens de retorno, há principalmente obstáculos impostos por legislações municipais, que dificultam e impedem a instalação de antenas”, justifica a entidade.

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