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Laptops são ótimos, mas não durante aulas ou reuniões de trabalho

A melhor evidência disponível até agora sugere que os alunos devem evitar uso de laptops durante palestras ou conferências e simplesmente usar suas canetas

07/12/2017 | 05h00

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 Por Susan Dynarski - The New York Times

Um dos problemas é que nem todos estudantes usam os laptops da mesma forma

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Um dos problemas é que nem todos estudantes usam os laptops da mesma forma

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Passe por qualquer anfiteatro de uma faculdade e é provável que você encontre um mar de alunos digitando em seus brilhantes laptops, enquanto o professor fala. Mas você não verá isso quando eu estiver dando aula.

Embora eu abra algumas exceções, geralmente proíbo eletrônicos, incluindo laptops, em minhas aulas e seminários de pesquisa.

Isso pode parecer radical. Afinal, com os laptops, os alunos podem, de certa forma, absorver mais das palestras do que poderiam só com papel e caneta. Eles podem fazer o download das leituras do curso, procurar conceitos desconhecidos num instante e criar um registro preciso e bem organizado do material da palestra. Tudo isso é bom.

Mas um conjunto crescente de evidências mostra que, em geral, os estudantes universitários aprendem menos quando usam computadores ou tablets durante as palestras. Eles também tendem a ter as piores notas. A pesquisa é contundente: os laptops distraem do aprendizado – tanto os usuários quanto aqueles que os rodeiam. Não é um grande salto de raciocínio esperar que a eletrônica também prejudique a aprendizagem em salas de aula do ensino médio ou que afete a produtividade em reuniões em todos os tipos de locais de trabalho.

É difícil medir o efeito dos laptops sobre o aprendizado. Um dos problemas é que nem todos estudantes usam os laptops da mesma forma. Pode ser que os estudantes dedicados, que tendem a ter notas altas, os usem com maior frequência nas aulas. Pode ser que os estudantes mais distraídos usem seus laptops sempre que estiverem entediados. De qualquer forma, uma simples comparação de desempenho pode confundir o efeito dos laptops com as características dos alunos que decidem usá-los. Os pesquisadores chamam isso de “viés de seleção”.

Pesquisadores podem solucionar tal problema ao indicar aleatoriamente alguns alunos para usar laptops. A partir dessa abordagem, os alunos que usam laptops são comparáveis ​​de todas as formas a aqueles que não o fazem.

Testes. Em uma série de testes na Universidade de Princeton e na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, os estudantes receberam aleatoriamente laptops ou canetas e papel para fazer anotações em uma palestra. Aqueles que usaram laptops apresentaram compreensão substancialmente pior da palestra, medida por um teste padronizado, do que aqueles que não o fizeram.

Segundo hipóteses dos pesquisadores, uma vez que os estudantes conseguem digitar mais rápido do que escrever, as palavras do professor fluíram diretamente para os dedos dos alunos sem parar em seus cérebros para o processamento substancial. Os estudantes que escreveram à mão precisaram processar e condensar o material falado simplesmente para que suas canetas acompanhassem a palestra. De fato, as anotações dos usuários de laptop mais pareciam transcrições do que resumos de palestra. As versões manuscritas foram mais sucintas, mas incluíram os problemas mais importantes discutidos na palestra.

10 fatos que você não sabia sobre o uso de internet no Brasil

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Mais de 30 milhões em ação

Segundo a Pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 54% dos lares brasileiros têm acesso à internet. Ao todo, são 36,7 milhões de lares conectados. Entre os desconectados, a maior concentração está nas classes C, D e E.

Barulho de modem

1% dos brasileiros conectados ainda usa conexões discadas (sim, aquela com o barulho do modem fazendo a ligação) para acessar a internet. Um pouco mais avançados, 25% dos brasileiros acessam a rede por modem 3G ou 4G e 64% acessam via banda larga fixa. 

Preço

A TIC Domicílios também mediu as principais razões para os brasileiros estarem desconectados: segundo 57% dos entrevistados, é muito caro ter internet. Logo depois, vêm falta de interesse dos moradores (49%) e falta de necessidade dos moradores (45%). 

Até R$ 60

Esse é o preço pago por mais da metade dos brasileiros conectados, todos os meses, para acessar a internet em casa. 

Terceira idade

Só 22% dos idosos brasileiros – isto é, pessoas com mais de 60 anos – já acessaram a internet uma vez na vida. Já os mais jovens lideram no que diz respeito ao uso: 95% dos brasileiros entre 16 e 24 anos já utilizaram a rede. 

Colaboração

A internet é conhecida por ser um ambiente colaborativo – e no Brasil, isso é algo bastante literal: 18% dos lares brasileiros acessam a rede por compartilhamento com o domicílio vizinho. 

Celular na frente

93% dos brasileiros conectados acessam a rede pelo celular -- um recorde histórico. 59% dos brasileiros conectados, no entanto, acessam a rede por mais de um tipo de dispositivo. 

Sem fio

De acordo com a pesquisa, 80% dos domicílios conectados tinham Wi-Fi em 2015 – na pesquisa do ano passado, o índice era de 79%. 

Efeito clube

Ainda como reflexo do tempo em que cada brasileiro tinha um chip de cada operadora para falar com seus amigos, a pesquisa revelou que 25% dos brasileiros possuem 2 ou mais linhas de celular – no ano passado, eram 30%. 17% dos brasileiros não têm um chip de celular, enquanto 56% tem apenas um.

Mais pobres ficam só no celular

45% dos brasileiros conectados das classes D e E acessaram a internet apenas pelo celular. Para Alexandre Barbosa, do Cetic.br, isso é ruim.  “O celular limita o que o usuário pode fazer, especialmente no desenvolvimento de habilidades para trabalho, como usar processadores de texto e planilhas ou no uso de aplicações de governo eletrônico."

Mesmo assim, pode parecer injusto proibir os eletrônicos na sala de aula. A maioria dos estudantes universitários são adultos perante a lei, que podem servir nas forças armadas, votar e ter casa própria. Por que eles não deveriam decidir se usam ou não um laptop?

O argumento que mais pesa contra a permissão dessa escolha é que o uso de um laptop por um aluno prejudica a aprendizagem dos que estão em torno deles. Em uma série de experimentos de laboratório, pesquisadores da Universidade York e McMaster University no Canadá testaram o efeito de laptops em estudantes que não os usavam. A alguns alunos foi solicitada a execução de pequenas tarefas em seus laptops, não relacionadas à palestra ou aula, tal como procurar a duração de filmes. Como esperado, esses alunos retiveram menos do material ministrado. Mas o que é realmente interessante é que a aprendizagem dos alunos sentados perto dos usuários de laptop também foi afetada negativamente.

O termo econômico para essa espécie de ‘contágio’ é “externalidade negativa”, que ocorre quando o consumo de uma pessoa prejudica o bem-estar dos outros. A externalidade negativa clássica é a poluição: uma fábrica queimando carvão ou um carro usando gasolina podem prejudicar o ar e o ambiente para aqueles que estão ao redor. Um laptop pode, às vezes, ser uma forma de poluição visual: os que estão por perto veem a tela, e sua atenção é voltada para suas atrações, que muitas vezes incluem não apenas a tomada de notas, mas Facebook, Twitter, e-mail e notícias.

Esses experimentos vão apenas até aí. Eles podem não ter capturado efeitos positivos de laptops em salas de aula reais ao longo de um semestre, quando os alunos usam suas notas digitadas para revisão e as notas estão em jogo. Mas um outro estudo fez exatamente isso.

Na Academia Militar dos Estados Unidos, uma equipe de professores estudou o uso de laptops em um curso de introdução à economia. As aulas foram dadas em pequenas seções, nas quais os pesquisadores atribuíram aleatoriamente uma das seguintes três condições: eletrônicos permitidos, eletrônicos proibidos e tablets permitidos, mas apenas se colocados em deitados nas mesas, para que os professores pudessem monitorar seu uso. No final do semestre, os alunos nas salas de aula com laptops ou tablets tinham um desempenho substancialmente pior do que aqueles nas seções onde os eletrônicos estavam proibidos.

Você pode indagar-se se a experiência dos cadetes militares que aprendem economia é relevante para estudantes em outras situações – digamos, universitários que estudam Shakespeare. Mas seria de se esperar que os efeitos negativos dos computadores portáteis fossem menos significativos em West Point, onde todos os cursos são ministrados em pequenas seções, do que nas instituições com muitas palestras. Além disso, os cadetes têm incentivos muito fortes para se comportar bem e evitar distrações, uma vez que a classificação da classe tem um grande impacto no status do trabalho após a formatura.

A melhor forma de resolver essa questão é provavelmente estudar o uso de laptops em mais faculdades. Mas até lá, acho a evidência suficientemente convincente, tanto que tomei minha decisão: eu proíbo eletrônicos em minhas próprias aulas.

Exceção. Mas abro uma grande exceção. Estudantes com dificuldades de aprendizagem podem usar eletrônicos para participar na aula. Isso revela que qualquer aluno usando equipamento eletrônico tem uma deficiência de aprendizagem. É uma perda de privacidade para esses alunos, que também ocorre quando eles recebem um tempo extra para completar um teste. Esses aspectos negativos devem ser comparados com as perdas de aprendizado de outros alunos quando os laptops são usados ​​na aula.

Os alunos podem desaprovar que uma proibição de laptops os impeça de armazenar anotações em seus computadores. Mas os smartphones podem tirar fotos de páginas manuscritas e convertê-las em um formato eletrônico. Ainda melhor, fora da aula, os alunos podem ler suas próprias anotações manuscritas e digitá-las, se quiserem, um processo que melhora a aprendizagem.

A melhor evidência disponível até agora sugere que os alunos devem evitar uso de laptops durante palestras ou conferências e simplesmente usar suas canetas. Não é uma especulação pensar que o mesmo vale para as salas de aula do ensino médio e secundário, bem como para as reuniões no local de trabalho.

/ Tradução de Claudia Bozzo

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