PlayKids chega a 6 milhões de usuários

Com estratégia parecida com a do Netflix, aplicativo brasileiro aposta em conteúdo próprio para continuar a crescer

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:

Sérgio Castro/Estadão

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O aplicativo brasileiro PlayKids, que reúne vídeos, jogos e outros conteúdo para crianças, acaba de superar a marca de 6 milhões de usuários ativos por mês. O número de pessoas que acessou o serviço – que oferece uma parte do conteúdo de graça e outra mediante assinatura mensal – em março representa o dobro do registrado no início de 2015. “No total, o aplicativo já foi baixado mais de 17 milhões de vezes em todo o mundo”, disse o presidente executivo do PlayKids, Flávio Stecca, em entrevista exclusiva ao Estado. O aplicativo, atualmente, está disponível oficialmente em 30 países, mas já é acessado por crianças de 160 países.

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A conquista coincide com o aniversário de três anos do PlayKids, que foi criado no Brasil pela equipe da empresa de desenvolvimento de aplicativos Movile. “O PlayKids é uma iniciativa que veio de dentro”, diz Stecca. “É um produto que resultou do processo de inovação da Movile.” Atualmente, ele faz parte do portfólio de serviços da companhia, que também controla outras empresas de internet de sucesso no País, como o serviço de pedido de refeições iFood e o site de busca e dicas de lugares Apontador. Parte da equipe de 60 pessoas responsável pelo PlayKids trabalha no escritório da Movile em São Paulo, mas há pessoas nos escritórios de Campinas, no interior do estado de São Paulo, e no Vale do Silício, nos Estados Unidos.

O PlayKids é, atualmente, um dos aplicativos brasileiros para smartphones de maior sucesso em todo o mundo. Ele ganhou fama como “Netflix para crianças”, por permitir que os pequenos assistam vídeos de seus personagens favoritos, como Galinha Pintadinha, em qualquer dispositivo, mediante o pagamento de uma assinatura mensal. O aplicativo evoluiu nos últimos anos e passou a incluir outros conteúdos, como jogos e histórias infantis. “Você acha aplicativos só de games ou só de vídeos infantis no mercado”, diz Stecca. “No PlayKids, a criança pula de um jogo para um livro, depois assiste um vídeo e volta para o jogo.”

Em vez de exibir apenas uma lista de vídeos, o serviço traz um visual lúdico que consiste apenas de um trem com uma série de vagões. Em cada um deles, é possível acessar os vídeos de um personagem diferente – no caso de personagens licenciados pela marca –, mas também há vagões separados para tipos de atividade, como os jogos ou vídeos educativos que o serviço possui. Quem baixa o programa tem acesso a uma parte do conteúdo gratuitamente – a maior parte, porém, só é desbloqueada após a assinatura do serviço. Quando um vídeo é selecionado pelo usuário, o aplicativo baixa o conteúdo apenas uma vez para ele possa ser reproduzido sem conexão de internet.

Feito em casa. Depois do amadurecimento do serviço, o maior desafio do PlayKids tem sido manter o crescimento do número de usuários. Apesar de estar disponível em 30 países, o maior número de crianças que o utilizam está em seu país de origem: o Brasil concentra mais de 50% deles, de acordo com dados divulgados pela empresa. No ano passado, a Movile ampliou a presença do aplicativo na Ásia, com lançamentos oficiais na China e, em seguida, no Japão. “Esperamos que a China seja um dos nossos principais mercados nos próximos anos”, diz Stecca. “Mas ainda precisamos aprender muito sobre o país.”

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No ano passado, a empresa ganhou um empurrãozinho para se tornar mais conhecida no exterior. Grandes empresas de tecnologia, como a Apple e o Google, recomendaram o PlayKids durante as suas conferências anuais realizadas para os desenvolvedores. Foi a primeira vez que um aplicativo desenvolvido na América Latina ganhou destaque na apresentação dessas companhias, o que aumentou a curiosidade das pessoas sobre o aplicativo brasileiro e impulsionou o crescimento de usuários fora do País. “Ficamos orgulhosos porque nosso trabalho foi reconhecido”, diz o presidente executivo do PlayKids.

Além de investir na expansão internacional, Stecca adotou nos últimos meses estratégia semelhante à do Netflix: produzir conteúdo próprio. Se no caso do serviço de streaming de vídeo, o foco é investir em séries de TV e filmes, no caso do aplicativo para crianças, a palavra de ordem é criar novos personagens infantis para estrelar clipes musicais e vídeos no estilo faça-você-mesmo. A empresa ainda contratou profissionais que passaram por empresas como Netflix e Disney para produzir os conteúdos. “Não tínhamos nenhuma experiência nessa área”, conta o executivo. Desde agosto de 2015, a empresa já lançou cerca de 40 vídeos próprios no aplicativo e também no canal do PlayKids no YouTube.

Universo. Com o crescimento do PlayKids, o aplicativo ficou pequeno demais para os novos recursos e conteúdos. Por isso, a equipe da Movile começou a lançar aplicativos independentes para compor o universo do PlayKids no final do ano passado. Até agora, a empresa lançou quatro programas diferentes, que incluem conteúdos para crianças mais velhas e também recursos similares aos das redes sociais. Eles também seguem o modelo de assinatura.

Entre os mais interessantes, está o PlayKids Party. Trata-se de um ambiente em que o usuário escolhe um personagem – que pode personalizar com roupas e outras características físicas – para interagir com outros em uma festa virtual. A empresa também lançou o PlayKids Talk, um programa similar ao WhatsApp, mas com recursos de segurança para crianças. “No futuro, não é difícil imaginar que todas as crianças que usam o PlayKids poderiam interagir num ambiente social”, diz Stecca.

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