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Premiada em Veneza, experiência em realidade virtual ‘A Linha’ estreia na Mostra de SP

Ambientado na São Paulo dos anos 1940, experiência terá exibições especiais no evento de cinema da capital paulista; história pode chegar aos dispositivos de realidade virtual em 2020

05/10/2019 | 12h00

  •      

 Por Bruno Capelas, enviado especial a San Jose (EUA)* - O Estado de S. Paulo

Pedro, o protagonista de A Linha: "feliz é quem anda pelo trilho certo"

Arvore

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Até 2019, o Brasil nunca tinha vencido um prêmio sequer no Festival de Cinema de Veneza. Este ano, levou dois – e um deles veio em uma tecnologia nova: a realidade virtual. Produzido pelo estúdio paulistano Arvore, o curta A Linha recebeu a honraria de melhor experiência imersiva em realidade virtual, em um júri presidido pela artista Laurie Anderson. Agora, é a vez dos brasileiros conhecerem o que encantou os italianos: neste sábado, 5, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo anuncia sessões especiais da experiência – a programação pode ser conferida no site oficial da Mostra. 

“É importante para nós trazer essa história para o Brasil”, diz ao Estado Ricardo Laganaro, diretor responsável por A Linha – a entrevista foi realizada durante a Oculus Connect, uma das principais feiras de realidade virtual do mundo, onde a reportagem também teve acesso prévio à experiência. Ambientada na São Paulo dos anos 1940, com direito a arranha-céus como o Altino Arantes e o Martinelli, e acompanhada por uma cativante trilha sonora de chorinho, A Linha traz a história de um entregador de jornal, Pedro, e sua paixão pela florista Rosa. 

“É uma história de amor e também uma fábula, mas as interpretações estão abertas a cada pessoa que assiste”, explica Laganaro. A deste repórter é a de que andar fora da linha pode trazer riscos, mas também suas recompensas. Segundo o diretor, a intenção de usar São Paulo como cenário era a de “contar uma história na cidade de forma universal, sem ser caricato, como é comum ser feito com Nova York e Londres.” 

Acessibilidade

Para ser experimentada, A Linha precisa de um espaço de 9 metros quadrados (3 de largura, por 3 de comprimento) e de óculos de realidade virtual. É por essa pequena área que o usuário vai interagir com o cenário e movimentar as peças, fazendo a história de Pedro e Rosa acontecer – como a interação é necessária, o tempo de experiência de cada pessoa varia, mas gira em torno de 15 minutos. A sensação de imersão, porém, faz parecer que é mais tempo. “Uma experiência de realidade virtual começa muito antes de você colocar o óculos e continua depois que você tira”, explica o diretor. 

Durante esse período, será preciso sentar no chão, levantar e, por um momento específico, se agachar – mas, a despeito do ligeiro esforço físico, vale o aviso: até mesmo quem nunca pegou num controle de videogame poderá aproveitar a experiência tranquilamente. “Queríamos usar a interação como metáfora narrativa, algo que a pessoa sentisse fisicamente”, explica o diretor. “Hoje, a maioria das experiências interativas ficam em um dos dois extremos: ou é um jogo ou a interação não serve para nada, é só uma história com uns truques.” 

Ricardo Laganaro, o diretor de 'A Linha', durante a premiação em Veneza

Reuters

Ricardo Laganaro, o diretor de 'A Linha', durante a premiação em Veneza

Segundo Laganaro, a experiência de criar algo em realidade virtual é bem diferente do cinema. Primeiro, porque é preciso abrir espaço para a interação do usuário – e não só o que se quer mostrar pelas lentes e telas da sétima arte. Além disso, o roteiro precisa ser constantemente alterado, uma vez que o que se imagina no papel pode não funcionar quando o usuário tem, literalmente, o controle nas mãos. “Antes de começarmos a programar, nós testamos o roteiro analogicamente, fazendo os comandos com protótipos de caixas de papelão”, explica o diretor. 

Próximos passos

Ao ser exibido em Veneza, A Linha tinha narração em inglês, com a voz de Rodrigo Santoro. Aqui no Brasil, o ator de Bicho de Sete Cabeças não estará à frente da dublagem, mas os brasileiros ouvirão tudo em português. Quem não puder assistir à experiência em São Paulo poderá também aguardar sua vez: segundo Laganaro, os planos são de começar a exibir A Linha dentro da Voyager, rede de espaços de experiência em realidade virtual espalhados pelo País, nos próximos meses. 

“Queremos ter a primeira experiência de VR a entrar em cartaz no Brasil”, aposta o diretor. Outra meta é fazer parcerias com espaços culturais que atraem grande público, como centros culturais públicos e a rede Sesc. Para o ano que vem, a meta é também lançar uma versão do curta para dispositivos de realidade virtual residenciais e fazer carreira internacional. “Tivemos uma reunião com chineses aqui e ficamos impressionados com o quanto eles se identificaram com A Linha”, afirma Ricardo Justus, presidente executivo da Arvore. 

É uma meta ambiciosa, mas faz sentido: se conseguir ter o alcance que Laganaro pretende, A Linha é o tipo de experiência que pode fazer o Brasil prestar atenção de fato para como é possível contar boas histórias em realidade virtual – um mercado ainda dominado por quem faz games, mas pouco acessado por profissionais do audiovisual “tradicional”. 

O estúdio não quer parar por aí: ao Estado, Laganaro disse que já trabalha em uma nova experiência em realidade virtual – dessa vez, baseada no jogo de opostos. “Será algo para dois jogadores: eles acham que se odeiam, mas vão ter que construir algo juntos”, afirma. Enquanto essa nova ideia não chega à prática e A Linha corre o Brasil, como diria Jorge Ben, é a hora de dizer que “as rosas eram todas amarelas.”

*O repórter viajou a San Jose (EUA) a convite do Facebook

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  • Festival de Veneza [cinema]
  • realidade virtual
  • Ricardo Laganaro
  • Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
  • cinema

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