Em 2020, está difícil achar uma competição em que os perdedores reconhecem suas derrotas. Mas uma delas traz menos preocupações que a eleição americana: o Genius Dog Contest. Realizado em novembro, o concurso foi realizado via streaming pelo Facebook e YouTube. E a finalidade é testar cães considerados os mais inteligentes do mundo, encontrados boca a boca e pela mídia social, para conhecer a capacidade deles de aprender nomes de novos objetos.
Algumas raças de cães como o Border Collie ficaram famosas por estudos científicos que mostram sua capacidade de lembrar palavras. Um representante dessa raça, Chaser, que morreu recentemente, aprendeu mais de mil nomes. A força motriz por trás desse desafio, que também é um experimento científico, é Claudia Fugazza. pesquisadora do comportamento canino e membro do Family Dog Project na Universidade Eotvos Lorand, em Budapeste. E a empresa patrocinadora é, claro, a Purina.
Claudia Fugazza admite que o título da competição e a promoção de evento como uma maneira de encontrar “os cães mais inteligentes do mundo” é uma brincadeira. Aprender os nomes de muitos objetos é um talento intrigante e misterioso. Os cientistas não sabem se está relacionado à capacidade de um cão de rua em Mumbai, na Índia, de encontrar comida, manter-se seguro e reproduzir, ou como um adorável cão maltês consegue exigir um tratamento de rei do seu proprietário.
Claudia se interessou em estudar essa capacidade depois de fazer testes com o Whisky, um border collie da Noruega, que aprendeu mais de 100 nomes de brinquedos sem nenhum treinamento especial. Whisky participará do concurso, como também cães da Espanha, Brasil, Hungria, Flórida e Holanda. São todos da raça border collie, mas Claudia diz que outras raças têm habilidades similares.
Mas muitos cães não conseguem esses feitos mesmo com um treinamento extensivo, disse ela, e o seu interesse científico é estudar mais cães para compreender a natureza desta habilidade. Mesmo em humanos o gênio é pouco compreendido e suas origens são controversas, mas no caso dos cães ele não é absolutamente reconhecido, disse ela.
“Não sabemos as origens desse desempenho excepcional. Achamos que os cães são um modelo extremamente bom para este estudo”.
E por que o streaming ao vivo? Para buscar novas espécies. Quanto mais cães forem estudados, melhor a pesquisa científica. “Esperamos alcançar uma ampla audiência porque existem muitos outros cachorros inteligentes”, disse Claudia, que espera que os proprietários dos animais também queiram que sejam estudados.
Assim, se o seu cão sabe a diferença, por nome, entre uma coleira e outra você deve sem dúvida assistir a competição. Para aqueles, como nós, que temos dificuldade até para lembrar onde está a guia ou a coleira quando precisamos, talvez seja um vislumbre de um outro mundo. Mas esteja preparado, isto é ciência e não o Super Bowl.
E por mais inteligentes que possam ser, os participantes não serão chamados para declarar ou proferir um discurso de vitória, ou serem informados de que o que acham que é um jogo na verdade é um experimento e também uma competição. Afinal eles são cães. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
