• Estadão
  • Opinião
  • Política
  • Economia
  • Internacional
  • Esportes
  • Brasil
  • São Paulo
  • Cultura
  • PME
  • Jornal do Carro
  • E+
  • Paladar
  • Link

Link Estadão

 
  •  inovação
  •  cultura digital
  •  gadgets
  •  empresas
  •  games
Assine Estadão
formulário de busca

Série da HBO, 'Silicon Valley' mostra lado obscuro do Vale do Silício

Ao longo de cinco anos, produção se tornou cada vez mais sombria, em compasso com a indústria de tecnologia

03/11/2019 | 05h00

  •      

 Por Farhad Manjoo - The New York Times

Herói ou vilão? Richard Hendricks, o ‘chefão’ da Pied Piper

HBO

Herói ou vilão? Richard Hendricks, o ‘chefão’ da Pied Piper

Leia mais

  • 'É bem mais engraçado retratar a realidade', diz Mike Judge, criador da série

Quando a série de TV Silicon Valley estreou na HBO em 2014, o Vale do Silício ainda não havia arruinado o mundo. Aqueles foram dias frenéticos para os titãs da alta tecnologia. Bilionários digitais eram super-heróis de capas de revistas e não supervilões levados para depor no Congresso por influírem em eleições, semearem genocídio, desacreditarem a verdade e monopolizarem o comércio mundial. 

Na época, o Uber era uma só uma promessa de solução para o tráfego urbano. Bill Gates era o maior filantropo do mundo e você não seria motivo de riso por sugerir – como fazem rotineiramente os próprios bilionários e os candidatos presidenciais – que não deveria ser permitido a ninguém ficar rico como ele. As apostas eram menores. Durante cinco temporadas, Silicon Valley foi cruelmente precisa em atacar os defeitos antissociais dos gurus da tecnologia – mas também tratou as grandes empresas de tecnologia com luva de pelica. 

A gangue dos esquisitões das startups iniciantes era geralmente mostrada como um grupo de caras legais, pelo menos se comparados a seus equivalentes da vida real. Não eram cúmplices de nazistas, não estavam destruindo democracias e nem tomavam dinheiro de monarcas assassinos do petróleo. Comparada a outros retratos pop de centros de poder da nação, como Wall Street, Hollywood ou Washington DC, Silicon Valley descobriu no Vale do Silício o poder de deslumbrar, inspirar e espantar.

Mas depois de cinco anos, a sátira tecnológica da HBO tem que se ajustar. Com uma sociedade afogada em tecnologia e hipnotizada pelos celulares, Silicon Valley se tornou mais ácida, captando uma tendência mais sombria da indústria tecnológica. O próprio idealismo da startup protagonista da série, a Pied Piper, mostra isso: cada temporada mostrou novos motivos para a empresa abandonar seus ideais. Agora, ela traz grandes questões: pode o bem coexistir com a cobiça? Pode-se agir de modo não ético, mas com fins éticos? O dinheiro necessariamente arruína tudo – e em que medida isso importa, quando se fala em bilhões?

Trata-se de uma virada hilariantemente sombria. A nova temporada começa com Richard Hendricks (Thomas Middleditch), chefão da Pied Piper testemunhando no Congresso sobre os nobres esforços de sua empresa para solapar o Facebook, Google e Amazon – “impérios” corporativos que “monitoram todos os momentos de nossa vida”e “usam nossos dados para lucrar”.

Mas seguir o caminho da ética não é fácil no Vale do Silício. Sem conhecimento de Richard, a Pied Piper também espiona seus usuários. Ele próprio, em suas manobras para salvar a empresa, tem de decidir se aceita US$ 1 bilhão de um investidor chileno ligado ao regime de Pinochet.

O segundo capítulo da nova temporada, que será exibido neste domingo, termina com uma metáfora contundente. Enquanto Richard avalia de pega o dinheiro do investidor problemático, um bando de pássaros se choca com a vidraça do chileno e um jardineiro recolhe os pequenos corpos. A metáfora é simples: no mundo da tecnologia, você constrói um edifício para ser admirado e, se o resultado forem algumas mortes inesperadas, dá sempre para contratar alguém que limpe a sujeira. “Fazer o quê?”, pergunta o investidor chileno, dando de ombros.

Gênero

Apesar dos pesares, Silicon Valley ainda é uma comédia. Por buscar mais humor que pavor no mundo do Vale do Silício, é difícil suspeitar que vá ser a última série do gênero, ao menos por um tempo. Enquanto isso, porém, será mais frequente ver abordagens televisivas da indústria de tecnologia de modo sério, direto e assustador – e sim, isso é muito Black Mirror. 

É uma intenção ambígua: mesmo nesta temporada, Silicon Valley ridiculariza a insistência dos gurus da tecnologia de que seu objetivo primário é “melhorar o mundo”. Mas, ao mesmo tempo, o criador da série, Mike Judge, argumenta que há uma nítida diferença entre Wall Street e o Vale do Silício: a primeira só liga para dinheiro, mas nas empresas de tecnologia as empresas desejam algo maior. 

É difícil crer que ele esteja certo: apesar da virada “sombria” da série, é preocupante de que esteja no horizonte um final otimista, no qual a Pied Piper esmaga seus competidores sem vender sua alma. Isso porque a melhor característica da série é sua bem pesquisada verossimilhança: Dick Costolo, ex-presidente executivo do Twitter, é um dos muitos nomes do Vale consultados ativamente pelos roteiristas para garantir a fidelidade.

Um final redentor pode pôr tudo isso a perder. O que temos visto nos últimos anos no Vale do Silício é que é quase impossível ser bom e bem-sucedido. O sucesso na tecnologia quase sempre envolve exploração – de usuários, investidores, funcionários. E quando o sucesso chega, ele irrompe numa escala tão disruptiva que invariavelmente alguém sai ferido. Será curioso ver como Silicon Valley vai resolver essas tendências traiçoeiras – idealmente, Richard e sua turma deveriam cair com honra, preferindo deixar a Pied Piper morrer a ter sucesso vendendo-a. Mas isso também seria irrealista. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

    Tags:

  • HBO [canal de televisão]
  • Vale do Silício [Estados Unidos]
  • série e seriado
  • Mike Judge

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.

Assine o Estadão Já sou Assinante

Mais lidas

  • 1.Novo Hyundai i20 é revelado e mostra o design que o HB20 gostaria de ter
  • 2.Toyota SW4 2021 tem visual renovado e motor mais potente
  • 3.Honda Civic pode deixar de ser produzido no Brasil em 2022
  • Meu Estadão
  • Fale conosco
  • assine o estadão
  • anuncie no estadão
  • classificados
  •  
  •  
  •  
  •  
  • grupo estado |
  • copyright © 2007-2022|
  • todos os direitos reservados. Termos de uso

compartilhe

  • Facebook
  • Twitter
  • Linkedin
  • WhatsApp
  • E-mail

Link permanente