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Teles e fabricantes sugerem filtro em parabólica para reduzir interferências com 5G

Empresas e operadoras enviaram comunicado à Anatel para propor alterações no edital do leilão do 5G

Por Anne Warth
Atualização:
A Ericsson está competindo com aNokia e aHuawei na corrida para implementação da tecnologia 5G Foto: Reuters

BRASÍLIA - As grandes operadoras e os fabricantes de equipamentos de telecomunicações do Brasil se uniram para propor o uso de filtros nas antenas parabólicas para reduzir possíveis interferências com o sinal do 5G

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A tecnologia 5G é a quinta geração das redes de comunicação móveis. Ela promete velocidades até 10 vezes superiores ao 4G. Em ambiente controlado, as redes 5G podem ter velocidades de até 1 gigabit por segundo (Gbps). Assim, permite um consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. 

A convivência entre o sinal 5G e as antenas parabólicas é um dos temas mais importantes do leilão. Como as duas tecnologias vão ser “vizinhas” de faixa, é preciso encontrar uma forma de evitar que o sinal de um serviço seja prejudicado pelo do outro.

As teles e as fabricantes apontam que o uso de filtros é a forma mais barata de evitar esse problema. A substituição dos receptores de antenas parabólicas por novos filtros, para famílias de baixa renda, custaria R$ 456 milhões, segundo o setor.

O uso de filtros é defendido pelas operadoras Vivo, Claro, TIM, Oi, Algar e Sercomtel e pelas fabricantes Cisco, Ericsson, Huawei, Nokia e Qualcomm. Esse posicionamento, segundo apurou o Estadão/Broadcast, será tornado público e enviado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)e ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) ainda hoje, 11. As pequenas empresas do setor, embora não sejam signatárias do posicionamento público, também são favoráveis à proposta 

Os R$ 456 milhões estimados pelo setor para colocar os filtros são bem inferiores aos R$ 7,8 bilhões necessários para migrar os canais que hoje utilizam a banda C dos satélites para a banda Ku – já usada pela operadora Sky, por exemplo. Nesse cenário, seria preciso trocar os receptores e antenas dos usuários e os equipamentos transmissores dos canais.

Ainda segundo as teles, os filtros seriam necessários apenas em áreas urbanas – onde as interferências seriam prejudiciais ao uso de carros autônomos, por exemplo.

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Para chegar ao valor, as empresas consideraram o universo de 12,5 milhões de famílias atendidas na migração do sinal analógico para a TV Digital. Depois, o grupo foi refinado para levar em conta apenas os que moram em centros urbanos e, por fim, chegar aos que possuem parabólicas apontadas para locais onde futuramente haverá antenas do 5G. Segundo o documento, seria necessário distribuir 2,3 milhões de filtros, que custariam R$ 456 milhões.

O reposicionamento dos satélites poderia ser feito de maneira remota, redirecionando os canais para a faixa de 3,8 GHz. Para os consumidores que possuem parabólicas, bastaria resetar o equipamento e sintonizar os canais novamente.

Com esse reposicionamento, o leilão, que prevê a oferta de 300 MHz da faixa, poderia oferecer 100 MHz extras, totalizando 400 MHz. Essa é uma demanda que atende as grandes teles, que argumentam precisar de pelo menos 100 MHz para poder vender pacotes de internet com velocidade de 1 gigabit por segundo, e as pequenas, que defendem a reserva de lote regional para que também possam disputar a frequência.

A nova proposta aumenta a chance de que haja um novo pedido de vista na reunião do Conselho Diretor da Anatel, adiando a decisão sobre o edital para 2020 e empurrando o leilão para o início de 2021.

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Para as grandes operadoras, o ideal é que todos os detalhes da proposta estejam no edital antes que ele vá à consulta pública, o que permitiria uma precificação mais adequada dos lances e também mais segurança jurídica. 

A solução proposta por essas empresas também atende as pequenas operadoras, que defendem a reserva de um lote regional para a disputa do leilão do 5G. Na proposta do conselheiro Vicente Aquino, apresentada em outubro, elas teriam direito a fazer seus lances antes das maiores teles. Já no relatório do conselheiro Emmanoel Campelo, que será apresentada amanhã, as grandes empresas fariam suas propostas antes, e as sobras, se houver, seriam a única opção das menores.

O presidente da associação NEO, Alex Jucius, concorda com a proposta sugerida pelas grandes teles e fabricantes. “Isso permitiria que mais empresas pudessem participar do leilão. Seria uma disputa mais abrangente e inclusiva, e o ideal é que essa ideia fosse incorporada ao edital. Tanto o mercado quanto os fornecedores querem isso”, afirmou. 

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A entidade reúne 147 pequenos operadores de TV por assinatura, provedores e fabricantes, entre elas a Brisanet, Cabo Telecom e Sulnet. Juntas, elas atendem a 4 mil municípios, no interior e em bairros mais afastados de capitais, além de condomínios e setor corporativo.

Segundo Jucius, muitos fundos de investimento estão interessados em financiar as pequenas operadoras, inclusive para disputar o leilão. “O leilão é uma ótima janela de oportunidade para sair da banda larga fixa rumo à mobilidade do 5G. O setor está animado, assim como os investidores.”

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