Twitter muda linha do tempo e fica 'mais parecido' com Facebook

Nova função usará algoritmo da função 'Enquanto você esteve longe' e será opcional para usuários

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Reuters

 

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O Twitter lançou ontem uma nova versão para a linha do tempo de seus usuários: com o uso de um novo algoritmo, a rede social de interesses passará a mostrar as publicações mais relevantes da rede social para cada usuário – tal como acontece hoje, por exemplo, no Facebook. A nova função, que altera a natureza de narrar acontecimentos em tempo real do Twitter, mostra uma tentativa radical da empresa de atrair novos usuários e manter os atuais engajados, algo que tem preocupado os investidores.

Durante o dia, o mercado se empolgou com as mudanças na linha do tempo do Twitter e as ações da empresa tiveram alta de 4%. Contudo, após a divulgação dos resultados financeiros da empresa para o último trimestre de 2015, no início da noite, o ânimo mudou. O Twitter revelou que não teve crescimento no número de usuários ativos mensais entre outubro e dezembro do ano passado, ficando estável em 320 milhões de usuários. O resultado decepcionou os investidores: após a divulgação do balanço, as ações do Twitter chegaram a ser negociadas por US$ 12,86 após o fim do pregão, uma queda de 10% em relação ao preço dos papéis no fechamento do mercado.

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Segundo o balanço, o Twitter faturou US$ 2,2 bilhões em 2015 – 58% acima de 2014. No quarto trimestre, as receitas alcançaram US$ 710 milhões, 48% superiores ao mesmo período de 2014 – a maior parte desse faturamento veio da publicidade, que gerou receita de US$ 641 milhões. O bom desempenho na captação de receitas, porém, não impediu que a empresa registrasse mais um ano de prejuízos: foram US$ 521 milhões, o que representa uma redução de 9% na comparação com 2014.

Algoritmo. O Twitter está atualizando a linha do tempo dos usuários em etapas, o que significa que nem todo o mundo já pode ver conteúdos mais relevantes mesclados com os publicações no momento em sua página inicial. Segundo a rede social, todos os usuários devem ter acesso à nova tecnologia nas próximas semanas.

Antecipando reclamações dos usuários mais antigos, o Twitter determinou que a adoção do novo algoritmo será opcional. No Brasil, é preciso acessar as configurações da rede social e ativar a opção “Mostrar os melhores tweets primeiro”.

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Segundo a empresa, as publicações consideradas mais relevantes serão classificadas a partir de um sistema já utilizado pela empresa, na função “Enquanto você esteve fora”. Atualmente, quando uma pessoa passa algumas horas ou dias sem acessar a rede social de interesses, a função destaca os tuítes relevantes para aquele usuário no período.

Para os usuários cativos do Twitter, a nova função é controversa: para eles, o algoritmo fará a rede perder o caráter de tempo real, deixando-a mais parecida com o Facebook, cujo sistema dá destaque a publicações menos recentes e anúncios, em detrimento de páginas que o usuário quer acompanhar.

No último final de semana, rumores que diziam que alteração seria implementada fizeram surgir a hashtag #RIPTwitter (Descanse em paz, Twitter). A manifestação dos usuários foi tão negativa que o presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, veio a público acalmar os ânimos. “O Twitter é vivo, é sobre tempo real, é sobre quem você segue e está aqui para ficar”, disse Dorsey em seu perfil no último sábado.

Após retornar à empresa, em outubro, Dorsey tem feito uma série de alterações no Twitter para tentar agradar os investidores e fazer a rede social retomar o ritmo de crescimento que tinha antes de sua abertura de capital, em 2013.

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Entre as mudanças, o executivo demitiu 8% dos funcionários da empresa, lançou o recurso Momentos (que permite acompanhar os assuntos mais quentes sem precisar seguir outras contas) e contratou o ex-Google Omid Kordestani para ser o presidente do conselho administrativo do Twitter. Ao assumir o cargo, Kordestani provocou polêmica ao dizer que não conseguia utilizar a rede social por achá-la muito “difícil”.

No entanto, as diversas mudanças ainda não surtiram efeito: nos últimos 12 meses, a empresa perdeu cerca de dois terços de seu valor de mercado. Ontem, o Twitter encerrou o pregão na bolsa de valores de Nova York valendo US$ 10 bilhões – uma avaliação de mercado menor que outras redes sociais como o Snapchat (US$ 16 bilhões, no mercado privado) e Pinterest (US$ 11 bilhões).

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