PUBLICIDADE

2TM, dono do Mercado Bitcoin, demite 90 funcionários

Avaliado em US$ 2,1 bilhão, grupo faz ajustes diante do novo cenário econômico internacional

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani
Atualização:

Na manhã desta quarta, 1, o grupo 2TM, dono do Mercado Bitcoin demitiu 90 dos cerca de 750 funcionários. Em nota, a empresa diz que o motivo é a mudança do panorama financeiro global, com alta de juros e da inflação. A volatilidade do bitcoin, que perdeu metade do valor nos últimos seis meses, também ajudou a construir um cenário desafiador para a empresa. 

PUBLICIDADE

Em nota enviado ao Estadão, o grupo 2TM diz: "O cenário exigiu ajustes que vão além da redução de despesas operacionais, tornando-se necessário também o desligamento de parte de nossos colaboradores. O processo que realizamos foi pautado pelatransparência e respeito, de modo a honrar o legado de cada colaborador que nos ajudou a chegar até aqui. Aos colegas nos deixam hoje, foi oferecido um pacote de benefícios para apoiá-los pessoal e profissionalmente, que vai desde ajuda para recolocação no mercado, até manutenção do seguro saúde por um período determinado". 

Os cortes na empresa ocorrem semanas após uma sequência de desligamentos nos “unicórnios” (startups avaliadas em US$ 1 bilhão) nacionais, incluindo VtexOlistQuintoAndarLoft e Facily. Outras startups brasileiras, como LivUp e Zak, também realizaram desligamentos neste ano. O corte desta quarta de quase 12% do quadro da 2TM é o maior a ocorrer entre startups nacionais até o momento - na média, as empresas têm reduzido entre 5% e 7% dos funcionários.

Gustavo Chamati, CEO e fundador do Mercado Bitcoin Foto: Divulgação

Em julho de 2021, Mercado Bitcoin recebeu um aporte de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) do fundo para a América Latina da gigante japonesa SoftBank, atingindo avaliação de US$ 2,1 bilhões. Desde então, a 2TM fez diversas aquisições e investimentos, como a bolsa de moedas digitais portuguesa Criptoloja e a plataforma de NFTs Block4. 

Atualmente, sob o guarda-chuva da 2TM, estão nomes como Meubank, MB Digital Assets, Bitrust, Blockchain Academy e MezaPro. 

Mau tempo

A virada no ambiente de startups foi sinalizado ainda em abril. Masayoshi Son, presidente do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil e investidor do Mercado Bitcoin, disse que o conglomerado japonês deve reduzir os investimentos em empresas de tecnologia neste ano devido aos maus resultados das empresas nas quais investe — as informações são do jornal Financial Times

Publicidade

Embora as startups brasileiras tenham sido impulsionadas na pandemia, o cenário internacional atual tem novos elementos. A alta global nos juros básicos e a guerra na Ucrânia assustam os mercados internacionais, que buscam ativos seguros e têm menos apetite por risco. Em outras palavras, os fundos de investimento, que enchem o tanque das nossas startups, deixam de ser tão atrativos. Assim, há menos capital para que elas possam manter o crescimento dos anos anteriores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.