Acidente com carro autônomo do Uber mata mulher no Arizona

É a primeira vez que um carro sem motorista se envolve em um acidente fatal; empresa suspendeu testes com tecnologia por tempo indeterminado

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Por Mariana Lima
Atualização:
Imagem da TV americana ABC mostra carro autônomo e vítima logo após o acidente ocorrido no domingo, 18 Foto: AP

*Atualizado às 20h36 para incluir repercussão sobre o caso

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Um carro sem motorista do Uber atropelou na noite do domingo, 18, uma moradora da cidade de Tempe, no Arizona, nos Estados Unidos. Segundo a polícia local, Elaine Herzberg, de 49 anos, atravessava a rua fora da faixa de pedestres quando foi atingida pelo veículo, morrendo no hospital. É a primeira vez que um veículo totalmente autônomo se envolve num acidente fatal. O acidente ocorre no momento em que a tecnologia começa a ganhar força no mundo.

Em nota, o Uber disse que na hora do acidente o carro estava na função autônoma, mas que um motorista estava de prontidão dentro do veículo – a empresa não informou, porém, se ele tomou alguma atitude para evitar o acidente. Segundo a polícia, o carro andava a 65 km/h no momento da colisão. “Nossos sentimentos estão com a família da vítima. Estamos cooperando com as autoridades”, declarou o Uber no Twitter, antes de anunciar a suspensão dos testes com carros autônomos que faz em cidades dos EUA, como São Francisco e Pittsburgh, por tempo indeterminado. 

O órgão nacional de segurança de trânsito dos EUA investigará o caso. O atropelamento provocou reação imediata no congresso americano, que discute uma lei que pode acelerar a introdução de carros autônomos nas estradas do país.

Futuro. Analistas ouvidos pelo Estado creem que o acidente pode atrasar a popularização da tecnologia. “De modo geral, as pessoas têm medo de carros inteligentes”, disse Fernando Osório, professor de computação da Universidade de São Paulo (USP). “Acidentes assim causam fortes impactos. É como ter medo de andar de avião após um acidente, mesmo sendo seguro.”

Já Bryant Smith, da Universidade de Stanford, disse que o impacto não será tão grande porque reguladores sabem que acidentes podem acontecer. “Em média, há uma fatalidade [com carros autônomos] a cada 100 milhões de milhas rodadas nos EUA”, disse. “Por enquanto, o incidente não é determinante para o fim da tecnologia.”

Histórico. Não é a primeira vez que um carro autônomo do Uber se envolve num acidente: em março do ano passado, também em Tempe, no Arizona, um veículo da empresa se chocou com outro carro e capotou, sem causar ferimentos graves. (ver foto abaixo). Na época, a empresa também suspendeu seus testes com a tecnologia. 

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Veículos sem motorista de outras empresas também já tiveram incidentes. Em maio de 2016, o motorista de um Tesla Model S morreu enquanto usava o sistema semiautônomo de direção da empresa. No mesmo ano, o carro autônomo do Google se chocou com um ônibus, sem causar ferimentos. 

Além disso, a tecnologia de carros autônomos do Uber tem passado por outras controvérsias. No começo deste ano, a empresa entrou em um acordo judicial com a Alphabet, empresa de carros autônomos do Google, dando parte de suas ações para a rival. A companhia alegava que o Uber roubou dados confidenciais de veículos autônomos. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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